capítulo 11

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"Alguns viram o sol
Alguns viram a fumaça
Alguns ouviram a arma
Alguns dobraram o arco"

- da música 'Atlas' dos Coldplay


- da música 'Atlas' dos Coldplay

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[Tessa]

- Quem és tu? - é assim que o homem que nos vem abrir o portão de Alexandria se dirige primeiramente a Negan. É alto, e tem olheiras profundas.

- Oh espero que estejas a brincar. Sou o Negan, esta é a Lucille. - Negan apresenta-se, sorrindo, e erguendo o seu bastão.

É então que surge um outro homem atrás. Aparenta ser mais velho e tem uma expressão que me faz crer que é ele o líder. Atrás dele ainda está uma mulher bonita, que deve ter mais ou menos a minha idade.

- Não me faças pedir. - Negan diz ao homem, agora num tom de voz autoritário.

- Disseste uma semana. Vieste mais cedo - o homem replica. Resposta errada. Que merda, é a resposta errada.

No entanto, obedece logo em seguida, abrindo o portão. Sinto-me mais leve. Vai correr tudo bem. Espero que corra tudo bem.

- Senti saudades tuas. - Negan abre um sorriso ao homem. Este permanece sério, algo perdido. Uma sensação de mal estar percorre-me o corpo. O homem tem a expressão de alguém que se deu por vencido. E isso assusta-me. As pessoas vencidas fazem por vezes coisas desesperadas sem pensar duas vezes.

- Achei que ela também gostaria de vir fazer uma visitinha.  - Negan refere-se a mim a eles, sempre a sorrir. Eu avanço uns passos à frente, permanecendo na mesma um espaço atrás de Negan. Não sorrio, nem perto disso. Apetece-me gritar com Negan para que pare com isto. Que os deixe em paz. Foi uma má ideia ter insistido para vir. O que é eu posso fazer para ajudar estas pessoas? Nada. Simplesmente nada.

- Tessa. Rick. Rick. Tessa. - ele continua, fazendo as apresentações apontando a Lucille respectivamente.

Eu permaneço séria e contenho-me muito para não baixar a cabeça, envergonha. Sinto a vergonha, não por conhecer pessoas novas obviamente, mas porque sei que estou do lado errado da história. Sou uma Salvadora qualquer para esta gente e é simplesmente vergonhante só de pensar nisso. O que diria o meu pai se aqui estivesse? Estaria tão desapontado. E Alex também. Para ser honesta, não sei qual dos dois estaria mais desiludido. Talvez Alex, ele sempre foi um justiceiro. A sua morte foi a prova final disso.


Flashback On

- O meu pai acha que é uma péssima ideia ires agora. - eu digo a Alex.

Alex é um agente do FBI, e trabalha especificamente em casos de homicídios. Há meses que anda a seguir pistas sobre o homem que cometeu o homicídio de cinco pessoas em várias zonas do país. Há cerca de um dia testemunhas telefonaram quando avistaram o homem no outro lado do país, Los Angeles. E, por isso, Alex prepara-se para lá ir à sua procura.

Mas o meu pai tem andando irrequieto nos últimos tempos com as notícias de uma epidemia em África que provocava uma extrema agressividade nos infectados. Nos últimos dias surgiram casos da doença na Europa, Ásia e América do Sul. Não casos suficientes para o meu pai estar muito alarmado. Mas o suficiente para acionar os alarmes e fazer com o que o meu pai se feche o dia todo no bunker a preparar tudo para uma eventual catástrofe.

- Eu sei, Tess. Mas estamos a falar de um homem extremamente perigoso que anda por aí à solta. Ele não vai parar de matar enquanto não for apanhado. Não conseguiria olhar-me ao espelho sabendo que deixei um serial killer à solta só por causa de uns casos isolados da peste noutros países. - ele argumenta, e sei que não o convencerei a ficar. É uma das razões pelas quais o amo. A sua coragem e persistência.

- Tinha de tentar. - eu encolho os ombros e ele sorri, beijando-me a testa em seguida, carinhosamente.

- Quando deres por ti estarei de volta.

- Apenas promete-me que se houver um caso da doença cá, voltarás.

- Claro que sim. Não correria o risco de me separar de ti.

- Promete então.

- Prometo, Tess. Prometo.

Flashback Off


- Bom, vamos lá começar. - anuncia Negan. E os restantes salvadores avançam para tomar tudo aquilo que lhes "pertence". Que nos pertencem.

Oh Alex. Se estivesses vivo odiar-me-ias por isto. Tornei-me naquilo que ambos desprezávamos. E pior, fui beijada, e gostei, pelo cabecilha disto tudo.

- Não me parece. - a voz da mulher, a que aparentava ter a minha idade, ecoa. Todos somos apanhados de surpresa pela sua intervenção, e clara voz cheia de rebeldia. É então que ela levanta a mão com uma arma apontada a Negan.

- Abaixa essa merda imediatamente ou não sabes a porra que te espera. - Negan ameaça. Nunca antes ouvi essa sua voz. Uma voz de aterrorizar a mais corajosa das pessoas. A minha mão dirige-se ao coldre, mas sei que é tarde demais.

O mundo à minha volta parece ficar silencioso. Vejo sangue na minha barriga. Sinto-me a cair. É agora. Vou morrer.

Society | Negan [The Walking Dead]Onde histórias criam vida. Descubra agora