capítulo 12

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"Não importa se fomos longe demais
Não importa se está tudo bem
Não importa se não é o nosso dia
Porque é o que somos"

- da música 'Who We Are' dos Imagine Dragons

- da música 'Who We Are' dos Imagine Dragons

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[Tessa]

- Dá-lhe a porra da morfina necessária. Imediatamente. - ouço a voz de Negan soar ao longe. É como se ele estive ao fundo do túnel e a sua voz estivesse a fazer eco.

- Mas... - ouço alguém argumentar.

- Espero não ter de me repetir.

Não consigo ouvir os murmúrios seguintes. Tento abrir os meus olhos, a muito custo. Dói-me o corpo todo. Nunca antes havia sentido esta dor. Nem quando... Nunca.

- Ei estás bem? Já não deves sentir nada daqui a pouco. - uma voz, que agora reconheço como pertencendo a uma mulher, fala perto de mim.

Perco os sentidos.

Acordo de novo e tento, mais uma vez, abrir os meus olhos, mas desisto quando uma pontada grande de dor surge no meu abdómen.

- Ela consegue ouvir-nos? - consigo ouvir Negan perguntar, talvez à mulher que falou. Deve ser a médica de Alexandria. Espero que ela não me deixe morrer. Ainda é muito cedo para eu me ir.

- Penso que sim. - a mulher responde, algo insegura.

Sinto então uma onda de alívio percorrer todo o meu corpo. A dor desapareceu quase por completo. Suspiro, aliviada.

Consigo finalmente abrir os olhos. A primeira pessoa que vejo é Negan, em pé, à frente da cama onde estou deitada.

Olho para o meu lado esquerdo e vejo uma mulher de óculos com uma expressão de grande preocupação.

- Tiraste-a? - eu pergunto com a voz rouca e fraca, referindo-me à bala que entrou no meu corpo.

Ela fica confusa, sem entender o que eu estou a perguntar.

- Porra - Negan pragueja - Sim, ela tirou a merda da bala.

- Oh sim, claro. Tiveste muita sorte, mais um milímetro e teria acertado no coração. - a mulher fala.

- Oh meu... Tu conseguiste tirar uma bala que estava a um milímetro do... Caralho...

Tento assimilar tudo aquilo. Como é que não me esvaí a sangue? Como é que eu me sinto tão... bem, dadas as circunstâncias?

- E o sangue...? Era tanto sangue... - eu murmuro e sei que não estou a fazer muito sentido para eles.

- Oh isso. Bom... - mulher começa a explicar, percebendo depois de um tempo, o que eu quero saber. Porém, Negan interrompe-a, respondendo ele mesmo à minha questão.

- Vimos a tua tatuagem atrás da orelha com o teu tipo de sangue. Dwight é dador universal e por isso deu-to dele. - ele esclarece.

- Onde é que ele está? Quero vê-lo.

- Ele já não está aqui. Quase todos os Salvadores foram-se embora anteontem. - ele explica e depois olha para a mulher que me salvou a vida.

- Saí. - ele ordena, sem elevar a voz, e consigo ver que as suas mãos lhe tremem. Ela está aterrorizada com a presença de Negan.

Ela não hesita em obedecer à sua ordem e deixa-nos os dois sozinhos na... Estamos numa enfermaria? Sim, esta deve ser a enfermaria de Alexandria.

- Quanto tempo estive inconsciente?

- 3 dias.

- Caralho... Como é que eu ainda estou viva...? - eu questiono num murmúrio, mais para mim mesma do que para Negan.

- Essa é uma excelente pergunta, boneca.

Ele adora encontrar novas formas de me aborrecer.

- Nem depois de eu quase morrer me chamas pelo meu nome. - eu fecho os olhos, já cansada. Tenho muita vontade de dormir, como se não tivesse passado os últimos três dias a fazê-lo.

- Há coisas que nunca mudam.

Eu solto uma gargalhada, acompanhada de uma careta de dor. Rir passou a doer. Muito.

Negan olha-me, e consigo perceber que ele está preocupado comigo. Consigo ver agora que ele se importa mais comigo do que alguma vez irá admitir.

- Essa foi a frase mais sábia que te ouvi dizer. - eu comento e fecho os olhos. Sinto-me tão cansada.

- Estás com dores?

- Só um pouco. Acho que preciso de dormir um pouco.

- Sim, dorme.

No entanto, eu abro os olhos.

- Porque é que ela me tentou matar? - eu pergunto-lhe.

Ele vacila antes de me responder.

- Acho que a bala não era para ti.

- Não. O que eu quero dizer é: porque é que ela nos odeia tanto? O que é lhe fizeste?

A sua expressão fecha-se e sei que ele pensa que eu o estou a julgar.

- Mereço saber a razão. - eu insisto, quando ele não me responde de imediato.

Ele desvia o olhar, e percebo que está aborrecido comigo. Talvez gritasse comigo se não fosse o facto de ter levado um tiro.

- Matámos pessoas do grupo dela. Não é nenhum segredo.

- Uma dessas pessoas teria de ser muito importante para ela. Marido? Filho? Irmã? Irmão? Esposa...?

- Acho que... Namorado ou marido. - ele responde.

- Matei dois deles. Mas antes eles mataram doze de nós. - ele continua. Talvez seja isso que ele diz a si próprio todas as noites para conseguir dormir.

- Doze, Tessa. - ele volta a frisar no número.

- Isto é um círculo vicioso. É só uma questão de tempo até que morram mais de nós. Ainda há pouco poderia ter sido eu. E depois? Matarias um deles. E eles voltariam a matar um dos teus. Isto não acaba, será que não entendes isso?

Ele não diz nada de volta, apenas me observa inexpressivamente.

- Deixa-me sozinha. Preciso de descansar. - eu peço por fim, ao perceber que ele não me dará uma resposta.

Ele hesita, mas depois vai-se embora.

Society | Negan [The Walking Dead]Onde histórias criam vida. Descubra agora