capítulo 10

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"É difícil esquecer
Estou finalmente em paz, mas parece errado
Devagar
Eu estou a levantar-me
As minhas mãos e pés estão mais fracos que antes"

- da música 'Silhouettes' dos Of Monsters and Men

- da música 'Silhouettes' dos Of Monsters and Men

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[Tessa]

Torci o tornozelo. Dói muito e a cada passo que dou tenho medo de perder o equilíbrio. Receio que ao tentar endireitá-lo faça danos permanentes. Preciso de ajuda especializada, mas enquanto não chegamos a Santuário é impossível arranjá-la. Só me falta engolir o orgulho e pedir ajuda a Negan.

- Espera. - eu páro e ergo o meu pé magoado do chão.

Negan, que já havia avançado uns passos à frente de mim, pára e vira-se.

- O que foi? - ele pergunta, franzindo a sobrancelha, inquisidor.

- Acho que torci o pé. - eu respondo. Na verdade, eu tenho bastante a certeza que torci o pé, mas é melhor agilizar as coisas de início.

- Posso continuar, mas temos de ir um pouco mais devagar. - eu continuo.

Não quero ter de continuar a andar, mas também não quero ser eu a culpada por não chegarmos ao Santuário . Tenho de esquecer a dor e avançar.

Oh merda. De que vale ser forte? Tenho de ultrapassar o meu orgulho da treta e pedir-lhe ajuda.

Felizmente, Negan percebe tudo e eu não preciso de lho pedir em voz alta. Ele aproxima-se de mim e pega-me ao colo com uma facilidade que me surpreende. Sinto-me tão leve. Tenho urgentemente de ganhar músculo, se estivesse em forma não teria o meu pé torcido neste momento.

- Negan. - eu chamo-o, enquanto ele caminha comigo nos seus braços. Ele encara-me.

- Obrigada.

- Querida, acho que se há algum de nós que tem de agradecer ao outro, seria com certeza eu.

Eu sorrio e quase que o beijo. Negan a dizer obrigado. Ok, foi de forma algo indireta, mas não deixa de ser um '0brigado'.

- Talvez fosse melhor apenas ajudares-me a andar. - eu sugiro, sentindo-me muito humilhada por ter de ser levada ao colo.

- Se assim fosse chegaríamos ao Santuário amanhã.

- Isso é um exagero.

- Sério que é? - ele pergunta sarcasticamente.

- Sim.

Quando sei que já estamos a pouca distância do Santuário, peço a Negan que me largue. Não quero passar pela vergonha de aparecer ao portão ao colo dele. No entanto, preciso de me apoiar nele parcialmente para não sobrecarregar o meu tornozelo.

(...)

- Apenas o coloque no sítio. Está deslocado, consigo senti-lo. - eu peço ao doutor Coulson, o único médico do Santuário.

- Tem de repousá-lo na mesma. Não pode exercer qualquer peso nele por pelo menos uma semana.

Não me parece que isso aconteça. Há demasiadas coisas por fazer.

- Apenas... coloque-o no sítio, ok? - eu peço, soando quase desesperada.

Ele acena com a cabeça. Negan assiste a tudo à obreira da enfermaria. Está algo sério, sem aquele sorriso convencido que o caracteriza tanto.

Não me doí tanto quanto esperava quando Coulson ajeita o meu osso. Talvez o alívio de ter o pé de volta ao sítio ajudou.

- Obrigada. Sinto-me muito melhor agora.

Sento-me na maca e preparo-me para levantar quando o Dr. Coulson fala.

- Nem pensar, Tessa. Tem de repousar.

- Não tenho tempo para sangrar. - eu respondo e ele fica confuso.

- O quê?

- É uma frase de um filme. - eu esclareço e coloco-me em pé. Sinto-me como nova.

- Ouve o doutor, Tessa. Não vais a lado nenhum assim. - Negan fala com divertimento. Não falámos sobre o beijo, e sinceramente, não acho que falaremos.

- Pensava que era precisa em Alexandria. A não ser que tenha de correr a maratona, posso perfeitamente ir.

- Ótimo. Vamos então. - ele faz-me sinal para que o siga. Por vezes penso que ele sofra de bipolaridade.

- Depois não se queixe. - o Dr. Coulson abana a cabeça desaprovadoramente. Coloco a minha mão no seu ombro, sorrindo.

- Não se preocupe, Doutor. Sou forte.

Ele parece um pouco surpreendido com o meu gesto, mas depois esboça um leve sorriso. Aqueles sorrisos que os pais dão quando os filhos não seguem os seus conselhos.

- Se assim o diz.

- Adeus. E boa sorte. - eu despeço-me e sigo o Negan, que já havia saído da enfermaria.

- Não me chegaste a responder quando te perguntei porque me querias em Alexandria. - eu relembro Negan.

Apesar de o meu pé estar melhor, ainda tenho de coxear um pouco, para não forçar. Por isso, Negan tem de abrandar o ritmo para eu o apanhar.

- Tens uma boa mira. - ele responde, algo evasivo.

- Como sabes? Antes de hoje nunca me viste disparar.

- Preciso de pessoas razoáveis comigo. Os de Alexandria não são... Digamos que não são fáceis.

- Sinto-me lisonjeada. - eu comento sarcástica, sorrindo ao de leve. Penso que nunca ninguém antes me chamou de razoável.

Negan não reage ao meu comentário, permanecendo inexpressivo.

- Porque é que eles não são fáceis?

- Demasiadas perguntas.

- Penso que mereço saber antes de lá chegar, não achas? - eu argumento. Não gosto de ser deixada no escuro.

- Quando chegares, saberás. - ele frisa e sei que o assunto está encerrado.

Society | Negan [The Walking Dead]Onde histórias criam vida. Descubra agora