EU ESTOU INQUIETO, e isso é irritante. Até mesmo para mim. Todos estão na quadra acompanhando um jogo de futebol americano, mas isso não me interessa agora. Para falar a verdade, nunca fui grande fã desse tipo de esporte. Gosto de carros. Sempre foram a minha maior paixão, desde que era pirralho e assistia as corridas de fórmula 1. Com quatorze anos de idade, matava aula para assistir corridas pessoalmente, e foi assim que eu me envolvi com o racha. Ainda me lembro da primeira vez em que eu colocara as mãos em um volante, e era como se algo muito libertador se esvaísse do meu ser.
A adrenalina está nas minhas veias. E eu não sou o tipo de pessoa que consegue ficar parada por muito tempo.
Me livro desses pensamentos, levantando-me do chão no corredor. Caramba, isso é ridículo. A forma como me isolo do mundo. Mas esse é um fator sobre mim. Eu sou muito anti-social. Não do tipo que não sabe conversar, e que não suporta a existência do ser humano. Mas as vezes, quase sempre, eu prefiro ficar sozinho. Não é questão de solidão, mas de privacidade. Gosto dela.
Está tudo muito quieto enquanto desço as escadas. Alguns inspetores circulando pelos arredores, e acho que eu sou o único aluno dentro do prédio. Um completo ócio. Talvez fosse interessante assistir ao jogo. E eu estava pensando em ir até a quadra, quando vejo alguém no parapeito de uma das janela do dormitório feminino. Reconheço a cabeleira castanha quase de imediato, esvoaçando. Mas o que porra ela está fazendo ali?
Paro para observá-la. Está sentada, olhando fixamente para um ponto na relva. Parece estar pensando. Mas de qualquer forma, não é um lugar seguro para se estar. Ela se levanta, de repente. Quê? Fica parada e seu olhar parece perdido agora. Sei o que ela está pensando. E eu tenho que impedir. Não penso duas vezes antes de voltar correndo para dentro do prédio. Pulo as escadarias de dois em dois degraus e invado o dormitório mesmo com uma inspetora tentando me impedir.
Que diabos ela está pensando? Sinto como se meu coração fosse explodir dentro do peito a cada porta em que abro e ela não está. Porra. São tantos quartos. E o lugar parece mais imenso do que realmente ele é. Estou quase sem fôlego quando abro a sexta porta, e quando olho para dentro do dormitório, ela ainda está de pé na borda da janela.
— Amélia! — seu nome escapa muito alto da minha boca, e tenho certeza de que meus batimentos cardíacos estão à mil — mas o que porra você está fazendo?
— Landon? O que faz aqui?
Ela parece assustada. Os cabelos desgrenhados, e a palidez nítida em seu rosto.
— Você ficou maluca? Desce dessa janela, é perigoso! — me aproximo mais, estendendo a mão.
Ela nega com a cabeça diversas vezes. Cacete, ela está mesmo pensando em se jogar.
— Eu não sei como você veio até aqui, mas é melhor sair — ela diz, ameaçando ir mais para frente — sai daqui, Landon!
— Não, de forma alguma. Eu não vou sair!
Vou até ela depressa e tento puxá-la para mim, mas ela resisti com as mãos pressionadas na janela.
— Me solta Raston, me deixe. Eu quero morrer. — Ela grita com a voz chorosa e eu uso toda minha força para trazê-la aos meus braços.
— Está maluca, Amélia? Acha mesmo que eu iria deixar você fazer isso? — seguro seu rosto olhando-a nos olhos.
Eles marejam e ela envolve meu pescoço com os braços em um abraço apertado. Tateio sua cintura e abraço-a com força, sentindo suas lágrimas molharem o meu ombro e seu corpo trêmulo. Não consigo pensar no que teria acontecido se eu não tivesse visto-a, se eu não chegasse a tempo.
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Sobre Você E Seu Jeito
JugendliteraturVolume 1/2 da SÉRIE L&A DE HISTÓRIA ORIGINAL » 🏅 #1 - IDFC Landon Rae Raston é um jovem rebelde e delinquente do ensino médio. Seu mundo é bipolar, confuso e totalmente vazio. Obrigado a estudar em um colégio interno. Lá, ele conhece Amélia Bridget...