EPÍLOGO

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    6 ANOS DEPOIS — Se fizer uma pesquisa rápida no google, você descobrirá que nouveau riche é o termo de dizer que você é um novo rico que adquiriu patrimônio por sua própria conta. Não tem haver com o seu sobrenome importante, não tem haver com a sua família, e nem com os seus ancestrais. Você ralou duro para conquistar isso, e foi assim que eu me tornei uma pessoa importante. Quero dizer — não importante como um doutor — ou empresário —, mas importante no mundo da música. Em cinco anos imerso na estrada, com os meus amigos, nós fizemos o nosso próprio sucesso. 

    Tudo começou enquanto eu seguia os conselhos da minha tia Samantha. Depois de Amélia ir embora, decidi que iria para New York, e terminar os meus estudos por lá. Recomecei uma vida nova e conheci pessoas. Dentre elas, Jesse Kelland, Gregory e Caitlin Woods. Juntos, nós quatro trabalhamos em uma banda, e começamos a tocar em bares e pubs de Manhattan. Não imaginava que isso poderia ficar tão sério para valer, até que Caitlin conhecera Ruby Grace, nossa empresária. De começo, ensaiávamos todos os dias da semana, postávamos vídeos no YouTube e fizemos nosso primeiro grande show em Los Angeles, Califórnia.

   Assinamos contrato com a gravadora de Ruby, e esse era o começo para uma jornada de concursos, premiações importantes e a nossa primeira turnê; Living Stones. Claro que tivemos vários, inúmeros problemas pela frente, mas nada que juntos, a banda não conseguisse superar. E no segundo ano de carreira na música, nós já eramos grandes estrelas do rock. Agora eu tinha dinheiro, uma carreira prestigiada, inúmeros fãs e independência. Eu tinha tudo o que eu poderia querer, ou o que o meu dinheiro poderia comprar.

   Mas eu não tinha o que eu mais desejava no mundo todo. Eu não tinha Amélia Bridget.

— Está pronto, Landon? — Ruby pergunta na porta do meu camarim — vocês já vão entrar, e está faltando só você!

    Eu olho para ela, confirmando.

    Pensar em Amélia sempre me frustrava, fazendo-me odiar a mim mesmo por ter deixado-a ir embora. Assim, para evitar a dor que eu estava sentindo, saia com várias e várias mulheres. Bebia até altas horas em boates ricas e badaladas. Tinha crises de ansiedade, e na maioria das vezes, saia em capas de revistas e jornais por ter discutido com algum paparazzi. Em geral, eu estava perdido de novo. Mas eu tentei encontrá-la. Ah sim, eu quase revirei toda Inglaterra para procurar essa garota, e não teve um bar se quer que não me ouvisse falar sobre ela.

    Mas era como se Amélia tivesse sumido do mapa. Eu não tinha um telefone, não tinha um endereço, não tinha nada. Eu até tentei esquecê-la, mas o que eu sentia era grande o suficiente para não ter espaço para mais ninguém.

— Então vai lá, e arrasa meu garotão! — Ruby sorri largamente.

    Eu sorrio de lado, e passo por ela beijando sua bochecha antes de sair com a minha guitarra. No corredor, me encontro com o resto da banda e nós fazemos o nosso cumprimento de sempre, desejando boa sorte antes de entrarmos no palco por uma passagem secreta. Meu peito está batendo forte como se fosse o nosso primeiro show de novo. E mesmo em silêncio, a gritaria alucinante dos fãs faz com que a adrenalina percorra por cada célula do meu ser. Anos atrás, eu dissera que não tinha ideia do que queria da vida. Que talvez eu saísse pelo mundo com uma guitarra nas costas. E hoje, percebo que eu nasci especificamente para isso. Eu nasci para a música, e a música nasceu para mim.

    Me viro para a plateia de duzentas e oita mil pessoas, ajustando o meu microfone. E desejo uma boa noite para a cidade de Londres.

[...]

— Parte do meu papel é cuidar de vocês, especificamente de você, Landon. Que anda me dando um duro danado!

    Solto um suspiro pesado e puxo uma longa tragada do meu cigarro, enquanto Ruby Grace me dá o maior sermão ao lado de fora de uma cafeteria. As ruas de Londres estão movimentadas. São exatamente oito horas da manhã, e mesmo assim, posso ver os paparazzi do outro lado da calçada. Qual é a desses caras? Não tiram a porra de um descanso?

— Eu estou falando com você, garoto — ela cruza os braços — dá para você pelo o menos prestar atenção em mim, cacete?

    Dessa vez eu a olho, mas com uma carranca séria. Ruby tem o quê? Três, quatro anos de diferença... E mesmo assim fala comigo como se eu fosse a porra de um moleque. Amo-a como se fosse minha irmã, mas as vezes, quase sempre ela me tira do sério.

— Vai, me dá um trago desse cigarro — suspira enfim desistindo.

   Eu puxo uma última tragada e entrego o cigarro para ela. Caitlin sai de dentro da cafeteria, me abraçando.

— Acabaram a DR?

— A namorada é sua — eu reviro os olhos.

— É, mas as vezes parece o contrário — ela faz uma careta.

   Eu rio. Caitlin e Ruby são bissexuais. Ambas estão juntas desde o início do contrato com a gravadora Seliger. O que foi uma grande explosão na imprensa naquela época.

— Deus, você é muito ciumenta — seguro sua cintura enquanto a olho com um sorriso zombeteiro.

— Estou me perguntando porque ainda não fizemos um ménage — ela diz, e eu rio alto. Encarando Ruby.

— O que acha disso?

— Acho que vocês são nojentos — ela faz uma careta, puxando Woods dos meus braços.

— Que pena. Porque transar comigo é uma das sete maravilhas do mundo — brinco com ela.

— Vai sonhando, Raston.

   Elas dizem em um coro, e nós rimos enquanto entramos na cafeteria. Vejo Gregory e Kelland em uma mesa dos fundos, e quando vou até eles, paro ao trombar em uma garotinha.

— Me desculpe — falo rápido olhando para a criança de cabelos claros e olhos cor de mel.

   Ela me olha com admiração. Sabe quem eu sou.

— O Landon da banda...

   Sorrio. Não é todo dia que você vê uma criança na faixa etária dos... cinco ou seis anos, que gosta de rock.

— Isso mesmo, princesa. Você curte a banda?

— Tenho todos os CDs — ela responde um pouco tímida — a minha mãe compra para mim...

— Loren, não incomode as pessoas... — diz uma voz um tanto familiar, e quando olho para trás, não acredito no que vejo.

    Olhos azuis e intensos se encontram com os meus, e na mesma fração de segundos, o meu coração começa a errar as batidas. Em todos esses anos procurando-a, eu nunca perdi as esperanças. Nunca. E ali estava ela, novamente, bem diante de mim. Os sentimentos eram os mesmos.

    Eu a amei e ainda a amo intensamente, para todo a eternidade. E com todo o meu amor.

Sobre Você E Seu JeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora