CAPÍTULO 6

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     AQUELE INSPETOR DOS caralhos realmente mexeu nas minhas coisas e sumiu com os meus cigarros. Dou um chute na cama. Que ódio! Eu quero esganá-lo. E depois aquela inspetora insuportável dos infernos. Ela e a diretora. Me lembro de que Regina vai trazer as bebidas para mim, pelo o menos isso. Se eu vou ficar aqui, preciso de algo que me distraia a cabeça. E álcool vai fazer isso por mim. Dou uma espiada entre as frestas da porta do quarto e vejo os caras saindo para o almoço. Me afasto quando vejo James vindo. Ele entra e eu me sento na cama, mexendo no celular.

— Por onde você andou? — questiona — não vi você durante as aulas. Não é por nada, mas vai ter problemas se continuar cabulando dessa forma.

    Solto o aparelho entre os lençóis, olhando para ele.

— Como você chegou aqui? — pergunto.

— Quê? — se senta na cama me olhando — como assim?

— Veio para cá por que quis, ou seus pais lhe obrigaram?

     Seus olhos escurecem e ele encara um ponto específico por um momento.

— Acho que ninguém chegou aqui porquê quis. Quentin por exemplo, os pais dele obrigaram por conta das notas baixas.

     Assinto. Faz todo sentido.

— Okay. Mas e você? Por que está aqui?

— Eu não gosto de ficar falando sobre isso — se deita olhando para o teto — mas eu também fui obrigado. Pelo meu pai.

— Estamos kits então — solto um suspiro longo.

— Você não vai almoçar? — Ele pergunta.

— Vou — me levanto — vamos?

     Ele assente e se levanta antes de descermos. Nos sentamos nos mesmos lugares e eu vejo a diretora circulando pelo refeitório. Regina também deve ter chegado. Procuro por ela com os olhos e quando a vejo, já está olhando para mim. Ela sorri e acena. Sorrio forçado.

— Ei, o Derek estava fuçando nas suas coisas hoje cedo — diz Quentin.

— Eu sei — reviro os olhos — ele me pegou fumando na quadra.

— Você tem cigarros? Podia compartilhar com os amigos — diz J.F.

— Podia cara, mas ele pegou todos — bufo.

     A mesa é servida e nós começamos a comer. Sinto alguém olhando para mim. Olho ao redor e vejo um cara negro e de olhos claros. Ele me encara fixamente. Ergo a sobrancelha.

— Quem é aquele? — pergunto olhando James.

— Aquele quem?

     Aponto com o queixo. Ele não está mais me encarando.

— Ah. Bradley Mullet.

— O tal do quarterback?

     Ele concorda e eu assinto. Vejo-o me fitando de novo. O que esse cara quer?

[...]

     Passou metade do almoço me encarando. E eu encarei também, foda-se. Ele quer alguma coisa, sei disso. E isso fica mais do que claro quando o vejo se sentar na carteira vaga ao meu lado.

— Raston, não é? — pergunta me olhando.

— Landon. — Corrijo. Qual o problema com o meu primeiro nome?

— Então foi você quem quebrou os meus troféus de futebol — diz me fuzilando com os olhos — foram jogos importantes, você abia?

    Oh, então era isso. Eu nem me lembrava desses troféus.

Sobre Você E Seu JeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora