CAPÍTULO 3

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   FITO COM ATENÇÃO a cabeleira castanha na minha frente. Alguns fios são bem mais claros que os outros, e o rabo de cavalo está firmemente preso por um laço vermelho. Ela mexe neles a cada cinco segundos. Sabe que eu estou observando-a, e isso lhe incomoda. Surge um sorriso idiota no meu rosto. Vamos nos divertir um pouco! Seguro no laço dos seus cabelos, e o desfaço com agilidade, observando-a se virar para mim. Olhos cortantes se encontram com os meus, e eu noto que ela usa a técnica de levantar a sobrancelha para intimidar. Tsc. Não funciona, baby.

— O que pensa que está fazendo? — seu tom de voz é firme.

   Ela volta a prender os cabelos, agora me encarando. E eu noto que suas sobrancelhas são um pouco mais escuras que o cabelo. Ela tem algumas sardas salpicando no nariz e uma pequena pinta no canto dos lábios. Simples detalhes, mas que dão um toque de perfeição ao rosto angelical. Eu ainda não encontrei um mínimo defeito nessa garota...

— Eu ainda não sei o seu nome.

   Ela me olha por um momento, e responde com um suspiro.

— Amélia.

   Mordo o lábio. É um nome muito bonita. Combina com ela.

— Amélia de quê?

— Por que quer saber? 

— Se você vai me ajudar, então eu preciso saber o seu nome — dou um sorriso afetado.

   Ela respira fundo.

— Amélia Bridget.

— Nome bonito — umedeço os lábios — e diferente... Você é de Miami, Amélia? — questiono.

— Londres. E não podemos ficar conversando durante a aula — diz ela, absolutamente séria.

— Bem, eu não me importo com isso. — Digo e no mesmo instante a professora nos chama a atenção.

   Amélia vira para frente, voltando a digitar no laptop. Essa garota parece ser difícil. Do tipo que não se rende à um sorriso fácil e uma cantada fajuta. Sorrio de canto. Eu sempre adorei um desafio. Isso vai ser interessante.

[...]
  
   Terceira aula, educação física. Estou sentado na arquibancada enquanto observo o treinador pedir uma série de alongamentos. Encaro Amélia. Trocou a saia de pregas por uma bermuda até os joelhos. Ela é alta. Não mais do que eu, mas uma das garotas mais altas da sala. Talvez 1,75m, no máximo. Magra, e com seios de tamanhos proporcionais. Não muito grandes, e também não muito pequenos. A medida perfeita.

— Senhor Raston, a aula de educação física é obrigatória como todas as outras. A não ser que tenha um problema de saúde, o que acredito que não seja seu caso! — diz o treinador me encarando.

— Tenho problemas respiratórios — respondo com um sorriso irônico e Amélia olha diretamente para mim.

   Ela me viu fumando. Sabe que eu não tenho. Mas não fala nada.

— Acreditarei quando me mostrar um exame médico — ele responde — enquanto isso vai participar da minha aula, se não quiser tirar uma nota baixa no final do bimestre.

   Reviro os olhos e me levanto, descendo. Troquei o uniforme pelo de educação física no vestiário. Camiseta, calção e tênis apropriados. Acompanho os outros no alongamento e tento decorar alguns rostos. Vejo uma garota me encarando. Ela é alta, loira e tem os olhos castanhos escuros. Um sorriso de lado surge nos seus lábios, e eu levanto a sobrancelha. Ela me lembra alguém. Hardy.

— Se eu fosse você, ficaria bem longe dela — diz um garoto de traços asiáticos ao meu lado.

   Olho para ele.

Sobre Você E Seu JeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora