CAPÍTULO 8

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    MAMÃE ESTÁ ME levando no parquinho. Gosto disso. Gosto quando passeamos juntos. Ela compra sorvete para mim e nós brincamos no balanço. "Eu te amo, Landon". Ela está chorando. Por quê? Não gosto que ela chore. "Eu também te amo mamãe. Não chore". Ela me abraça e eu passo meus pequenos braços à volta do pescoço dela. Ela tem cheiro doce. Gosto do cheiro da mamãe. Me sinto seguro. Nós voltamos para casa e ela diz que precisa sair. "Me leva com você?" Ela diz que não pode e sai. Fico sozinho, vou esperar o papai. Ele chega e pergunta onde está a mamãe.

    "A mamãe saiu". Ela deixou uma carta na mesa. Ele lê e começa a quebrar as coisas. Estou com medo. Eu quero a mamãe. Por que o papai está nervoso? Ele grita e caminha até mim. Seus olhos estão escuros. Quando a mamãe vai voltar? "Onde está sua mãe? Para onde ela foi?" Eu não sei. "Não sei para onde ela foi". Balanço a cabeça com medo e corro para as escadas. Papai corre atrás de mim e me puxa pelo braço. Está doendo. Por que ele está fazendo isso? "Para onde ela foi?" Eu não sei.

    Escorrego sobre o tronco de carvalho no jardim e abraço minhas pernas, sentindo lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Tento secá-las, porém é em vão. Elas caem grossas e como chuva. Ela morreu. Por mais que eu a odiasse, que sentisse mágoa por ter me abandonado, eu não queria que ela morresse. Eu não queria. Tantos anos sem uma única notícia dela e eu recebo isso. Eu não sei explicar o que sinto.

— Landon — ouço a voz de Amélia e ela se ajoelha na minha frente, há preocupação no seu semblante — a inspetora disse para eu ajudá-lo. O que aconteceu?

    Nego com a cabeça, fechando os olhos e um soluço sai da minha garganta. De repente ela me abraça e eu apenas retribuo. Está doendo. Está doendo muito.

— Shh, vai passar — diz enfiando a mão nos meus cabelos e eu encaixo meu queixo no ombro dela. Não vai passar.

    Travo o maxilar engolindo as lágrimas. O cheiro dela me conforta por um momento.

[...]

    Não vou às aulas. Não vou ao almoço, não vou ao jantar e não vou às aulas de sexta. James e Quentin me questionam, mas eu não falo nada para eles. Não falo para ninguém. Boyce não para de me ligar, mas eu também não falo com ele. Estou sentado sozinho na arquibancada da quadra, na parte da tarde, e só saio de lá quando o inspetor Derek diz que tem alguém me ligando e não é o meu pai. Dessa vez eu atendo, e é aquela mulher de novo.

— Você quer vê-la? Quer ir ao enterro dela? — Pergunta.

    Mordo o lábio pensando. Eu realmente não quero. Para quê?

— Não. — Digo.

— Tudo bem, eu entendo você — suspira — posso dizer algumas coisas? — assinto com a cabeça mesmo sabendo que ela não pode me ver e ela continua — sua mãe amava você, Landon, muito. Se arrependeu profundamente por ter deixado-o com o seu pai, mas ela teve medo de voltar. Medo de você não aceitá-la. Você nunca entenderia.

— Eu realmente não entendo.

— O Boyce era um grande canalha com a Patricia. — Diz ela. — Maltratava-a, batia e ameaçava. Foi por isso que ela deixou você.

— Não entendo o que tem haver — murmuro — se ela tivesse me levado com ela, talvez eu não vivesse a vida de merda que eu levo.

— Não Landon, ouça — continua — seu pai a ameaçou. Disse que se ela fosse embora e o levasse, então ele os mataria.

   Entreabro a boca. Ela não pode estar falando sério.

— Então optou por ir sozinha — diz ela — preferia isso do que arriscar sua vida. Ela sabia do que Boyce era capaz. Além disso, muitas coisas aconteceram.

Sobre Você E Seu JeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora