CAPÍTULO 18

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VOU FAZER COM QUE essa seja a melhor noite da sua vida — sussurro no seu ouvido, sentindo o calor do seu corpo que se arrepia.

— Estar com você já é a melhor parte do meu dia — balbucia, escorando nossas testas enquanto afaga o meu rosto com o polegar.

     Sorrio deixando um rastro de beijos pelo seu, e beijo seus lábios demoradamente antes de me voltar para o volante.

— Então vamos lá — murmuro, dando partida.

    Acelero o carro ao som de 99 Revolutions, Green Day. E rio quando ela ri também, como uma criança contente. Saindo de Soult Beach, coloco a avenida de Lincoln Road no GPS e aumento o volume do som.

— Miami Beach é tão bonita — Amélia comenta, de repente — eu gosto muito da Flórida.

    Olho para ela.

— Eu também gosto.

— Você nasceu aqui? — ela me olha.

— Na Califórnia na verdade, Beverly Hills.

— Então está explicado — ela ri.

— O quê? — eu a olho com curiosidade.

— Beverly Hills, Miami... é como Nova York. Cidades que nunca dormem. Já Londres, sempre me parecera mais calma e... casual. Um pouco rígida, eu diria.

— Sim. — Eu concordo. — Você é calma, educada e conservada. E eu sou uma explosão de caos, impulsivo e um tanto solto demais.

— Não foi bem isso o que eu quis dizer — murmura.

— É a verdade — olho para ela enquanto dirijo dentro dos limites — mas não é algo ruim.

— O que trouxe você à Califórnia? — ela pergunta.

    Solto um suspiro.

— Meu pai. Pelo que sei, eu nasci lá. Minha mãe era de lá. Então ele nos trouxe para cá, se casaram e ficaram juntos até os meus quatro ou cinco anos de idade.

— O que aconteceu? Quero dizer, não me conte se não quiser.

    Olho-a por um tempo, antes de voltar minha atenção para a estrada. Eu não me importo em contar. Não mais.

— Eu pensei esses anos todos que ela havia me abandonado. Eu a odiei muito por isso. Mas soube a pouco tempo que foi ele quem a expulsou de casa. E ele não a permitiu que me levasse.

— Mas ela era sua mãe — diz, um tanto perplexa — tinha todo o direito sobre você!

— Eu sei, Amy — murmuro — sei disso, mas soube também que ele a ameaçava. Ela devia ter muito medo, e resumindo, meu pai sempre fora um puta de um canalha.

    Ficamos em silêncio por alguns instantes. Apenas a música tocando. Mas logo ela voltar a falar.

— Eu sempre vivi fora de casa. Internatos, campos de férias. Voltava para Londres poucas vezes no ano, e mesmo assim, quase nunca tinha a atenção dos meus pais. Quando tinha era para me julgar, ou maltratar. Principalmente minha mãe.

    Olho para ela, enquanto fala.

— Tudo ficou pior quando Emma se foi. Ela era a filha perfeita, sempre fora. E continua sendo. — Suspira, olhando para fora.

    Segurando sua mão, eu entrelaço nossos dedos, reconfortando-a.

— Essa é uma noite especial. A nossa noite. Nós não temos o por quê de falar sobre nossos pais.

Sobre Você E Seu JeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora