Prólogo

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Era mais um dia comum na casa dos Urrea. Noah e Linsey acabaram de voltar da escola e se sentam na mesa junto de seu pai, esperando a senhora Urrea.

—Por que não vai ajudar sua mãe, Linsey? — Seu pai fala, enquanto ajeita o guardanapo no colo.

—E por que eu, e não o Noah? — Linsey franze a testa, já sabia qual seria a resposta do pai.

—Ora, é simples. — O homem apoiou o cotovelo na mesa e juntou as mãos, já estava acostumado com os protestos da filha. — Noah é um homem, o macho alfa da família. Isso é coisa para mulheres como você e sua mãe.

Linsey encara o pai brava e revira os olhos. Tudo o que ela queria era gritar como ele estava errado e o impedir de comer se ele mesmo não fizesse as coisas. Mas ela sabia que tudo isso só ia adiantar para que o pai a usasse de mal exemplo em suas homilias, e não era isso que ela queria.

Já Noah encarava a cena apreensivo, queria defender a irmã, sabia que seu pai estava errado. Mas ele não podia arriscar a imagem que tem com o homem. Ser filho do pastor mais famoso da cidade não é só ser julgado pela família, mas também por milhares de fiéis.

Quando Noah sai com seus amigos é o momento em que ele se sente livre para ser ele mesmo. Usa brincos, pinta as unhas e veste roupas coloridas, e ninguém o julga. Seu lugar preferido é a casa de Sina, sua melhor amiga. Seu pai adora que Noah passe tempo lá, já que o mesmo acredita que seu filho e a garota loira dos olhos azuis brilhantes mantinham um relacionamento escondido. Isso sempre faz os jovens rirem, afinal, Sina namora uma garota. Mas é claro que uma coisa dessas nunca passaria pela cabeça conservadora do senhor Urrea.

O clima na casa dos Beauchamp era totalmente diferente. A família acabara de chegar em Orange County, já que o pai de Josh conseguiu um emprego bom na empresa dos Jeong. Sua mãe afirmava que seria uma mudança difícil para o garoto, já que ele deixou sua vida toda no Canadá, mas isso pouco importava para ele. Nunca teve amigos verdadeiros, e passou os últimos meses perambulando pelas ruas sozinho, enquanto sua mãe pensava que ele estava se despedindo dos amigos.

Josh não ficava mal por isso, afinal, sempre disse que é melhor andar sozinho do que com amizade falsas. Mas o garoto não podia negar que estava ansioso para as aulas começarem e assim poder conhecer pessoas novas, talvez ele pudesse encontrar bons amigos.

Seus pais insistiam para Josh parar de ficar passando de boca em boca e achar alguém para namorar. Não que o fato de Kyle ser conhecido como um dos "maiores pegadores" da sua antiga cidade importava para os pais, mas eles sabiam que aquilo não fazia bem pra o garoto.

—Você pode encontrar alguém. — A senhora Beauchamp afirmou, enquanto terminava de limpar uma prateleira.

—Eu não quero achar ninguém, será que é tão difícil de entender? — O loiro tinha sua concentração em uma caixa cheia de objetos, estava tentando achar seus tênis favoritos.

—Tudo bem. — Sua mãe da um tapinha em suas costas. — Mas quando você conhecer a pessoa certa, aquela pessoa que faz seu coração bater mais rápido, a pessoa que faz um arrepio percorrer sua espinha, a pessoa que faz seus lábios secarem e você perder a noção de tudo que acontece à sua volta. Quando você encontrar essa pessoa, você vai saber do que eu estou falando.

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