Capítulo 18

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Capítulo

não revisado

Chegando na coordenação, pedi para Lúcia se teria como me substituir no turno da tarde, pois precisava resolver um problema urgente. Como não costumo me ausentar, ela não me negou, dizendo que ficaria com a minha turma junto com Juliana. Mas aliviada por ter conseguido, fui a sala de aula para pegar minha bolsa e a mochila de Sophia, passei na sala de Helena para avisá-la que estava saindo. Entrei em sua sala lhe dando um susto.

– Ai! Quer me matar do coração antes do meu casamento?

– O que estava fazendo de errado para levar esse susto todo? - Perguntei rindo da cara de espanto dela.

– Boba. Nada de errado Luna, estava olhando algumas decorações do salão de festa. Mas me conta, vai almoçar?

– Não, vou sair com Davi, está acontecendo alguma coisa muita seria. Marília está aprontando de novo.

– Não aguento mais essa mulher.

– Só você? Bom, tenho que ir, mais tarde te ligo e conto tudo.

– Vou ficar em cólicas esperando. - Falou se levando e me dando um abraço. – Tome cuidado, Marília não é flor que se cheire.

– Eu sei, estarei com Davi. - Despedi da minha amiga e fui para o pátio me juntar a ele.

Saímos da escola e pegamos um táxi, estranhei pois poderíamos ir a pé para meu apartamento, mas ele deu o seu endereço, olhei para ele e senti, que hoje vai ser tudo ou nada.

Chegando em seu apartamento, ele pediu para a babá levar o almoço para Sophia no quarto e que não saísse de lá até chamá-la. Nesse momento Marília aparece na sala e se surpreende com minha presença.

– Vai dar aula particular agora, professora?

– Chega Marília! A farsa acabou.

– Que farsa? O que você está querendo dizer com isso? - Ela apontou para mim e disse. – Essa mulher está virando sua cabeça, esqueceu muito rápido a sua perda, a minha perda. Porque foi por sua culpa que minha filha morreu.

– Cala essa boca ... e quando se dirigir a Luna, tome cuidado com suas palavras. Você não vai conseguir me fazer sentir culpado, foi um acidente, nem você e nem ninguém pode me responsabilizar. - Davi já estava ficando alterado, cheguei perto dele e toquei no seu braço.

– Calma Davi. É isso que ela quer, te desestabilizar.

– Tem razão Luna, mas dessa vez ela não vai conseguir.

Marília veio mais para perto da gente e apontando o dedo para nós dois.

– Você Luna, com essa carinha de santinha não vai tirar Davi e Sophia de mim. Os dois vão comigo para São Paulo e teremos de volta a nossa vida, ele trabalhando enquanto eu cuido da minha neta. - Falava como se ela que tomasse a decisão.

– Você está maluca? Não basta o que você fez ao meu avó ... o que você fez para Marcela? - Olhei para Davi depois das suas palavras e vi a expressão de revolta em seu rosto

– Davi, calma. - Pedi. Olhei para Marília e ela estava se sentando com a mão no rosto.

– Luna, calma é a última coisa que eu quero ter nesse momento. - Foi caminhando para ficar mais próximo dela. – Sabe Marília, eu até pensei, quando descobri o seu interesse na casa, que poderia ser por amor, ficar no lugar que sempre viveu, mas quando eu achei a carta que Marcela tinha deixado para mim ... - Marília olhou para Davi como se quisesse voar no pescoço dele. – Essa mesma, a carta que veio procurar e não encontrou.

– Você não pode acreditar em tudo que está escrito nela. - Ela falou ficando em pé. – Marcela estava doente, sempre esteve, fiz tudo por ela.

– Você que a deixou doente, seu veneno, sua ambição. Não se contentou com o que meu avó deixou para você. - Ela começou a andar pela sala.

– O que ele deixou, uma casinha nos fundos do quintal? Enquanto Gustavo ficava com a casa principal. Marcela não tinha o direito de contar para você, ainda mais em uma carta ... ele queria me dar migalhas, sempre fiquei ao seu lado, enquanto o seu querido pai foi brincar de casinha com sua mãe lá na fazenda dos outros.

A discussão entre eles estava ficando incompreensível, me aproximei de Davi e o puxei para sentar e manter a calma, para que tudo se esclarecesse. Mesmo sentado do meu lado ele não parou de acusar Marília por algo que ela fez no passado e que o está atingindo agora.

– Não distorce as coisas Marília. Meu avó só queria que tivesse um futuro melhor.

– Não foi assim, eu sou fruto de um erro dele e para consertar, ele diz para a esposa que quer adotar uma menina para lhe fazer companhia. Ela nunca desconfiou que eu era filha da amante do seu marido. Não posso reclamar da criação que tive, mas meu pai sempre preferiu Gustavo.

– Meu avó pode ter errado, mas tentou consertar, na carta Marcela explica que ele se arrependeu e sempre quis você, por isso ele a trouxe para casa, como filha e meu pai a considerava como uma irmã, por isso que veio para São Paulo se tratar, ele confiava em você. - Ele fala do pai com tristeza.

– E eu fiz tudo que pude por ele, não queria o seu mal. Se ele se curasse, voltaria para a fazenda, me deixaria em paz na casa e não descobriria sobre o meu pai ter deixado a casa só para ele.

– Marília, eu não quero a casa, quantas vezes eu tenho que falar.

– Isso você diz agora, mas quando se juntar com essazinha aí, vai me colocar no olho da rua, da mesma maneira que minha madrasta, sua avó, queria fazer quando engravidei da Marcela.

– Mas você não saiu, sempre morou com eles. Meu pai me contava como era boa com meus avós e como ficaram felizes com o nascimento da Marcela, meu pai já tinha ido para fazenda, ele confiava que faria sempre o melhor para eles.

– É muito fácil passar a responsabilidade para outros, porque foi isso que ele vez, foi viver o grande amor e me deixo cuidando do meu pai.

– Como você mesmo disse, que não pode reclamar da criação que teve e meu pai dizia que tinha amor, estudo, tanto que ele confiou o seu tratamento a você, pelo trabalho e conhecimento que tinha no hospital. Se tinha tudo, por que tanta revolta, tanto rancor? - Davi fazia as perguntas mais calmo, acho que era para ela falar toda a história.

Ela foi até a janela e de costas, abraçou seu próprio corpo.

– Eu tinha tudo, não posso negar, mas quando me apaixonei pelo pai da Marcela e não fui correspondida e via Gustavo feliz com Iolanda, planejando ir para Minas e viver esse amor, longe da cidade grande ... achei que teria meu pai só pra mim, mas não foi isso que aconteceu, logo depois que Gustavo e Iolanda se casaram e foram para Minas, eu engravidei, a notícia não foi bem recebida por ela, sua avó não aceitou ter uma filha grávida sem marido, mas eu sabia quem era a minha mãe de verdade. - Nesse momento ela se virou e sua fisionomia tinha raiva e sua voz era pesada.

– Foi fácil chantagear meu pai, eu contaria o seu segredinho se ele me mandasse embora. Assim vivi com eles, sua avó se encantou com Marcela, e continuei com a minha vida, cuidava deles quando estava em casa, mas sempre trabalhei muito, não tinha vontade de ficar vendo aquela demonstração de amor que eles insistiam disser que era real. Para mim era tudo mentira, era só para me provocar ... meu pai só não queria que eu contasse o seu erro. Então sua avó morreu, a tristeza por sua esposa ter partido, vez ele ir poucos meses depois. Por castigo, por te feito tudo que eu queria na vida, meu pai não deixou a casa para mim.

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