Capítulo 19

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Capítulo
não revisado


... Por tudo isso meu pai não deixou a casa para mim.

Tudo começava a fazer sentido, quando olho para o rosto do homem que sempre amei, vejo como ele sofreu, que o menino bonito e alegre que viveu na fazenda não chega nem aos pés do garoto que virou um homem lindo, mas com uma carga muito pesada.

O que me doí, é que eu não estava com ele, eu vivia a minha vida leve e tranquila, sem tropeços, aceitando do jeito que ela vinha. Enquanto ele passava por perdas, incertezas, momentos de solidão e, eu não estava lá para ampará-lo quando mais precisava. Ele vira o rosto nesse instante e vê em meu olhar a minha desolação, não precisa de palavras, ele me conhece muito bem para saber que estou sofrendo por não ter estado ao seu lado. Ele passa a mão no meu rosto e balança a cabeça em negação.

– Não fica assim minha menina, eu precisava passar por tudo isso, para dar valor ao que tenho hoje. - Se virou para Marília e falou. – Na carta Marcela me pede desculpas por ter sido impotente, por não conseguir dizer não, que você se aproveitou do que ela sentia por mim.

– A princípio não tinha intenção de aproximar vocês, só queria que Gustavo ficasse bom logo. Mas não aconteceu assim, ele piorou e me vi com um garoto perdido e uma mulher com uma tristeza profunda.

– E mesmo assim, armou um plano.

– Eu só queria o que era meu por direito, e você não achou tão ruim assim, ter quem tomasse conta da sua mãe enquanto seguia a sua vida. - Comecei a entender a revolta da Marília, mas ela brincou com sentimentos, inclusive da sua filha.

– Você forçou Marcela a ficar comigo. Só para ela conseguir a minha assinatura da doação da casa.

– Não forcei tanto assim, ela era boba demais, se apaixonou rápido pelo garoto bonito do interior, carente e precisando de ajuda. Foi fácil influenciar Marcela, sempre foi.

– Só que ela não fez, ela me amava e amava a filha, mesmo na sua tristeza, quando não queria ninguém por perto, principalmente você, Marcela tentava manter a nossa família. E foi nesses quatro anos de tentativa de se reerguer que ela incentivou sairmos de São Paulo, sair de perto de você. - Marília olhou Davi com ódio.

– Minha filha não queria sair de perto mim, você que veio com essa ideia e matou minha filha.

– Não vou discutir mais esse assunto. - Ele levantou, passou as mãos no rosto, que estava estampado o seu cansaço. – Não havia a necessidade de você fazer tudo isso, talvez não acredite em mim Marília, a casa vai ser sua, mas com a condição de nunca mais se aproximar da minha família.

– Que família, a minha neta? - Perguntou com deboche olhando para mim.

– Longe da minha filha e da mulher que vai se casar comigo. - Assim que ele falou, olhei para ele, mas sem deixar de perceber a raiva crescendo em Marília.

– Não tem dois meses viúvo e já está colocando outra no lugar da minha filha e ainda exige que eu fique longe da minha neta! - Era evidente o meu desconforto em estar no meio dessa discussão, mas está sendo importante para entender o porquê de tanta revolta por parte dela.

– Eu perdi uma amiga, a mãe da minha filha. Nunca fomos um casal, você sabe disso, tentamos no começo, não existia amor da minha parte, mas eu me sentia na obrigação de retribuir tudo que Marcela fez por mim e minha mãe, principalmente ter me dado a minha filha, nunca a deixaria desamparada, agora, você, não tenho nenhuma obrigação, agradeço tudo que fez por seu irmão, mas acabou. Você vai arrumar as suas coisas e voltar para São Paulo, para a casa que tanto quer, dentro de um mês mandarei a documentação em seu nome. Vai poder visitar sua neta quando eu achar conveninte, porque nunca se importou com Sophia, então não vai ser agora que vai impor algum sentimento. Estamos entendidos?

Em Seu Olhar (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora