Capítulo 1

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Mais uma semana terminando, caminho até a sala da coordenação e deixo o material que não é necessário levar para casa, me despeço de alguns professores presente e fecho a porta. Ao sair da escola que trabalho, minha amiga Helena me chama.

- Luna, vamos ao Pub, o Beto vai tocar hoje.

- Oie Helena, hoje não, estou cansada e o Tadeu ficou de passar lá em casa.

- Sei... Ele está te enrolando.

- Às vezes acho que sou eu que o enrolo. - Digo de maneira divertida, já que parecemos mais amigos que namorados.

- Você está é perdendo um precioso tempo de sua vida, vê se resolve esse enrolo. - Helena me fala um pouco emburrada.

Helena é uma amiga divertida, que me acompanha desde o início da faculdade. Noiva do Beto, um músico em ascensão. Assistir seus shows é sempre muito bom.

- Vou tentar resolver esse dilema, beijo amiga, qualquer coisa me liga.

Assim que ela entra no seu carro eu sigo em direção ao ponto de ônibus, moro próximo à escola, poderia ir caminhando, mas estou realmente cansada. Chego em menos de dez minutos, meu apartamento é pequeno, uma sala conjugada com a cozinha e área de serviço, no corredor o banheiro e o meu quarto. Tamanho suficiente para mim.

Vou colocando tudo que trouxe para preparar as aulas da próxima semana sobre a mesa de jantar, que uso para estudar e montar as aulas. Me formei em Pedagogia, no momento estou trabalhando na Escola Pequeno Príncipe - Ensino Infantil, minha turma é Pré-Escola I, com crianças de 4 a 5 anos. Deixo tudo organizado e vou para o meu quarto pegar uma roupa confortável, tomar um banho e esperar Tadeu, já que é noite de sexta-feira, quem sabe ele quer dar uma saída.

Conheci Tadeu quando vim estudar no Rio, ele era amigo do meu irmão e faziam agronomia na mesma universidade. Não tive muitos namorados, cidade do interior, todo mundo conhece todo mundo, rio ao pensar assim, mas é a mais pura verdade. Um beijinho aqui outro ali e já acham que vai dar em casamento. Me sentia à vontade com Tadeu, uma conversa gostosa, tendo os mesmos objetivos que o meu, estudar e se formar, nosso namoro sempre foi tranquilo. Nunca parei para pensar "em como vai ser a minha primeira vez", só esperava que fosse com alguém que fizesse me sentir especial, já que, com quem eu realmente queria, não iria mais encontrar. Tadeu foi essa pessoa que me fez sentir querida, especial, me sentindo assim por um bom tempo. Não tínhamos uma vida social agitada, saíamos quando dava e quando não, ficávamos no apartamento dele, namorando e estudando, juntamos o útil ao agradável. Mas as coisas já não iam tão bem assim, estava frio e monótono.

Assim que termino o meu banho, escuto a campainha, não sei por que Tadeu não usa a chave que lhe dei.

Assim que abro a porta, reparo que a sua fisionomia não está boa.

- Oi, tudo bem Tadeu? - Pergunto já dando espaço para ele entrar.

- Luna, eu .... precisamos conversar.

- Tá, mas está tudo bem? Está com algum problema?

- Luna, sei que o nosso namoro não anda as mil maravilhas.

Lá vem bomba, pensei cá com os meus botões...

- É que estamos empurrando isso por comodismo, nos damos bem, somos bons amigos, mas paixão, não tem mais.

- Eu não sei o que dizer. - Estava sendo sincera, ele me faz companhia, realmente paixão, tesão, não tem mais, mas ficar sozinha .... não sei.

- Eu recebi uma proposta, você sabe o quanto eu me dediquei na universidade.

- Claro que eu sei, estávamos juntos, sei que o seu sonho é trabalhar em uma grande fazenda. - Tadeu se formou com louvor.

- Então, lembra do meu estágio na fazenda da Família Montes?

- Lembro, no interior de Minas Gerais.

- Isso, eles compraram uma em Goiás e por eu ter feito um bom trabalho em Minas, me chamaram para trabalhar na nova fazenda.

- Poxa Tadeu, que legal!!! Você merece, mas o que essa mudança tem a ver com a gente?

- Luna, eu gosto de você, mas não quero mudar os seus planos ou pedir para me esperar, somos adultos e sabemos que o nosso namoro esfriou, nos acomodamos, eu sinto muito, mas não dá mais. - Foi duro ouvir, mesmo sabendo que é verdade.

Dou um abraço apertado e um beijo em sua boca. Uma despedida.

- Não quero perder o meu amigo. - Digo a Tadeu e uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

Ele se afasta um pouco do meu abraço, olha em meus olhos, enxuga a lágrima teimosa e me faz um carinho.

- Nunca. - Tadeu volta a me abraçar e afagar meus cabelos e aos poucos fomos nos afastando.

Não demorou muito Tadeu foi embora, estávamos tristes pelo rompimento do namoro, mas, ao mesmo tempo, felizes pelo seu novo trabalho e por continuarmos com a nossa amizade.



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