3 | Ele não é tão chato

271 55 47
                                    

Ah, pronto! Era só o que me faltava. 

Quis escapar dali ao ver aquele sorrisinho dirigido a mim, enquanto o rapaz se aproximava.

— Oi, precisa de alguma coisa? — Ele mudou a atenção para Soraia. 

— Trouxe uma ajudante pra você.

Não, ela não estava fazendo aquilo. Ergui o rosto em direção à mulher que tinha a expressão mais tranquila do mundo, alheia a minha tortura. 

— Acho que não tem muita coisa pra fazer… — O tal Gustavo franziu as sobrancelhas. 

— Aposto que tem sim.

O rapaz demorou alguns segundos para entender que tudo que ela queria era me ocupar.

— Ah! Claro. — Ele pensou um pouco. — Bom, estava dobrando os boletins com a programação, vai ser útil uma ajudinha.

— Ótimo! Vou deixar vocês trabalharem então, enquanto termino minhas tarefas — Soraia disse, apertando meu ombro ao seguir seu caminho. 

Por que aquelas coisas tinham que acontecer comigo?

— Vem — Gustavo chamou e, mesmo contra minha vontade, o acompanhei. 

Meu Jesus Amado, tinha que ser ele a companhia? Podia ser, sei lá, uma árvore? Parece mais interessante.

— É só dobrar assim. — Pegou uma das folhas com as programações e fez um tutorial. Muito didático, eu diria.

Balancei a cabeça, concordando, e comecei a imitá-lo. 

— Aliás, eu sou o Gustavo. — Obviamente ele não iria permanecer calado.

— Sei disso.

— É — deu uma risada anasalada —, mas era só uma deixa pra tu me dizer teu nome.

Lerda? Eu? Jamais!

— Ah, entendi… Sou a Clementine. 

— Nossa, nunca conheci ninguém com esse nome.

— É, já ouvi isso. — Contive um revirar de olhos. — E ainda vem com um "parece nome de velha" junto.

— Na verdade, eu gostei dele.

O encarei, encontrando uma expressão de sinceridade. 

— É bonito. Significa bondosa? — ele perguntou. 

— Sim, como sabe? — Estreitei os olhos.

— Clemência, Clementine… Não é tão difícil juntar os pontos. — Riu e, me pegando de surpresa, percebi o mesmo som saindo de mim. — Quem escolheu seu nome?

— Meu pai, em homenagem a minha bisavó. Ele me conta desde sempre que ela era uma cristã maravilhosa, com o coração mais altruísta que ele já viu, então achou uma boa inspiração pra sua filha.

— É realmente muito bonito. Sabe de onde minha mãe tirou meu nome? — indagou, colocando um dos boletins na pilha entre nós. Neguei. — Era o nome de um ator de novela que ela gostava demais.

O encarei, tentando, em vão, não rir.

— Pois é, muito especial. — Gustavo balançou a cabeça para os lados, mas deu risada também. 

Terminamos nosso trabalho em poucos minutos e o rapaz se virou para mim, com uma expressão que pedia desculpas. 

— Queria ter algo a mais para te entreter, mas isso é tudo.

— Não tem problema, acho melhor aproveitar que todo mundo está por aí e ir tomar um banho e me arrumar. — Sorri para ele. — Obrigada pelo esforço. 

Tinie e o retiro de verão (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora