Ah, pronto! Era só o que me faltava.
Quis escapar dali ao ver aquele sorrisinho dirigido a mim, enquanto o rapaz se aproximava.
— Oi, precisa de alguma coisa? — Ele mudou a atenção para Soraia.
— Trouxe uma ajudante pra você.
Não, ela não estava fazendo aquilo. Ergui o rosto em direção à mulher que tinha a expressão mais tranquila do mundo, alheia a minha tortura.
— Acho que não tem muita coisa pra fazer… — O tal Gustavo franziu as sobrancelhas.
— Aposto que tem sim.
O rapaz demorou alguns segundos para entender que tudo que ela queria era me ocupar.
— Ah! Claro. — Ele pensou um pouco. — Bom, estava dobrando os boletins com a programação, vai ser útil uma ajudinha.
— Ótimo! Vou deixar vocês trabalharem então, enquanto termino minhas tarefas — Soraia disse, apertando meu ombro ao seguir seu caminho.
Por que aquelas coisas tinham que acontecer comigo?
— Vem — Gustavo chamou e, mesmo contra minha vontade, o acompanhei.
Meu Jesus Amado, tinha que ser ele a companhia? Podia ser, sei lá, uma árvore? Parece mais interessante.
— É só dobrar assim. — Pegou uma das folhas com as programações e fez um tutorial. Muito didático, eu diria.
Balancei a cabeça, concordando, e comecei a imitá-lo.
— Aliás, eu sou o Gustavo. — Obviamente ele não iria permanecer calado.
— Sei disso.
— É — deu uma risada anasalada —, mas era só uma deixa pra tu me dizer teu nome.
Lerda? Eu? Jamais!
— Ah, entendi… Sou a Clementine.
— Nossa, nunca conheci ninguém com esse nome.
— É, já ouvi isso. — Contive um revirar de olhos. — E ainda vem com um "parece nome de velha" junto.
— Na verdade, eu gostei dele.
O encarei, encontrando uma expressão de sinceridade.
— É bonito. Significa bondosa? — ele perguntou.
— Sim, como sabe? — Estreitei os olhos.
— Clemência, Clementine… Não é tão difícil juntar os pontos. — Riu e, me pegando de surpresa, percebi o mesmo som saindo de mim. — Quem escolheu seu nome?
— Meu pai, em homenagem a minha bisavó. Ele me conta desde sempre que ela era uma cristã maravilhosa, com o coração mais altruísta que ele já viu, então achou uma boa inspiração pra sua filha.
— É realmente muito bonito. Sabe de onde minha mãe tirou meu nome? — indagou, colocando um dos boletins na pilha entre nós. Neguei. — Era o nome de um ator de novela que ela gostava demais.
O encarei, tentando, em vão, não rir.
— Pois é, muito especial. — Gustavo balançou a cabeça para os lados, mas deu risada também.
Terminamos nosso trabalho em poucos minutos e o rapaz se virou para mim, com uma expressão que pedia desculpas.
— Queria ter algo a mais para te entreter, mas isso é tudo.
— Não tem problema, acho melhor aproveitar que todo mundo está por aí e ir tomar um banho e me arrumar. — Sorri para ele. — Obrigada pelo esforço.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tinie e o retiro de verão (LIVRO 1)
SpiritualVocê já teve medo? Clementine tem 15 anos e sente isso com frequência, principalmente depois de se mudar com os pais para Serra Brilhante - BA. Tudo piora quando sua mãe faz o favor de mandá-la ao retiro de verão da nova igreja - onde ela não conh...