Capítulo 13

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Alaster Milles

Eu havia concordado em ajudar a Kath, não sei se porque considerava ser a coisa certa a se fazer ou se eu simplesmente não resisti àquela linda carinha de brava determinada que ela tem. A mesma ficou em casa, criando todo um plano de resgate e pensando em mil e um lugares que o seu antigo chefe poderia estar. Já eu não podia faltar ao trabalho, principalmente porque estava de volta após três longas semanas e não podia perder mais tempo.

— Capitão, eu preciso de um mandato.

Bati na porta da sala do Sr. Jackson.

— Capitão?

Encontrei o escritório vazio. De repente algo me chamou a atenção. Me aproximei de sua mesa e dei uma boa olhada para uma pasta aberta. Encontrei a foto da Kath em preto e branco, com um "x" marcado encima e toda a sua ficha completa, desde idade e escolaridade até gostos, adjetivos, defeitos, hobbies e características físicas, como a cor dos olhos, do cabelo, que costuma ser impulsiva, adora ir a praia, detesta azeitona.

Passei a me perguntar do porque aquilo estava ali. Será que era por conta do caso?

Comecei a folhear a pasta enquanto olhava para a porta, verificando se alguém chegaria. E então eu vejo, também com a foto em preto e branco e os dados do lado : Pietro Le'vvy.

— Merda!

Me afastei da mesa. Com todas aquelas provas, só podia significar uma coisa, que...

— Posso ajudar, Alaster?

Meu capitão apareceu na porta, com um copo de café e uma das mãos enfiadas no bolso frontal. Há quanto tempo ele devia estar ali?

— Érrr, não. Eu só vim...

Comecei a olhar para os lados, na intenção de encontrar uma saída.

— C-convidá-lo para a minha festa de aniversário.

— Seu aniversário é daqui há dois meses.

— Resolvi comemorar antes porque... e-ele vai cair numa segunda e... eu não posso faltar no trabalho em plena segunda-feira, né.

— Bem pensado.

Entrou na sala e foi se sentar, dando o primeiro gole no seu café.

— Depois eu te passo as informações corretas, como horário e local. É que ainda não foi definido.

— Beleza. Você sabe aonde me encontrar.

— Certo. Ahn... eu vou voltar ao trabalho. Com licença.

Sai do escritório e passei rapidamente no meu, só para pegar o casaco. Após verificar se o celular e as chaves do carro se encontravam no bolso, fui direto para o estacionamento.

Resolvi ligar para a Kath enquanto tirava o carro, mas percebi que já tinha um recado dela.

"Tô indo para o orfanato. Meu filho morava lá e desapareceu. Certamente eles devem saber de alguma coisa".

— Não, Kath. Você não entendeu uma palavra que eu disse?

***

Kath Le'vvy

— (...) Quem foi que pegou ele, sua vaca?

Eu pressionava a cabeça da Sra. Dalva, uma mulher de 58 anos, contra a sua própria mesa enquanto segurava seu braço no alto.

Havia entrado no orfanato através da janela do escritório dela, pegando-a de surpresa e fazendo com que ficasse sem defesa.

— Eu não sei o nome dele.

Dizia com dificuldade, até porque toda a sua concentração estava sendo esmagada pela dor que sentia.

— Mentira!

Levantei seu braço ainda mais, a fazendo gritar.

— Cala essa boca, velha estúpida.

— Eu estou dizendo a verdade. Era apenas um homem alto, grisalho porém em boa forma.

Àquilo era inútil pra mim. O Chefe nunca aparecia para nós, tanto é que, quando ficávamos, eu tinha que usar uma venda. Eu não tinha ideia de como ele era.

— Kath? Kath, o que você tá fazendo?

Alaster entrou na sala, desesperado.

— Vim atrás de respostas. Você disse que me ajudaria, mas até agora eu tenho feito tudo sozinha.

— Ao contrário de você, eu penso em cada mísero detalhe antes de dar o primeiro passo. Vamos com calma, a gente vai encontrar o seu filho. Sei que você está preocupada e quer encontrá-lo logo, mas essa não é a resposta. Se está pensando tanto no seu filho, acha que ele iria gostar de te ver fazendo isso?

Comecei a pensar a respeito, deixando algumas lágrimas cair.

— Você é inútil pra mim mesmo.

Soltei a mulher, enxugando o meu rosto.

— Se quer saber, ele me pagou muito bem para entregar o garoto.

Se recompôs, alisando o braço.

— Aqui é uma instituição de adoção, não uma escolinha a qual você pode deixar o seu filho enquanto brinca de polícia e ladrão. E em falando na polícia, eu aconselho vocês a correrem porque eu entrei em contato com eles recentemente só pra te ferrar ainda mais, garota petulante.

Sem pensar duas vezes, a soquei na cara, o que fez com que ela caísse desacordada no chão.

— Será que você não tem nenhum método menos ortodoxo pra resolver as coisas?

Alaster me questionou, com um sorriso divertido nos lábios.

— Sra. Dalva, eu ouvi gritos e percebi que um homem subia correndo aqui pra cima. Fiquei preocupada e chamei a polícia. Pedimos as crianças que fossem para os seus quartos. Espero que tenha sido um engano e que esteja tudo b... Ai meu Deus!

Uma mulher, certamente funcionária de lá, chegou na sala e se assustou ao se deparar com a cena.

— Quem são vocês e o que fizeram com ela?

Tentei partir pra cima da moça, que já cobria o rosto de medo, mas Alaster me impediu, segurando em minha cintura.

— Vamos embora. Não escutou o que ela disse? A polícia tá chegando.

Me direcionou até a janela.

ALASTER MILLES- Homens Da Lei [L2] PLUSSIZE 2019Onde histórias criam vida. Descubra agora