Alaster Milles
Naquele mesmo dia, mais tarde...
— (...) Eu preciso avisar o capitão imediatamente. Esse caso foi o único que eu não consegui fechar e por causa de três suspeitos, pra depois acabar descobrindo que um deles estava bem debaixo do meu nariz.
Fui pra perto do cabideiro e vesti um casaco. Eu estava disposto a ir até a casa do capitão para alertá-lo do que estava acontecendo. Se fosse preciso, eu continuaria saindo com a Karen, fingindo não saber de nada, só pra depois fazê-la sentir o gostinho das algemas.
— Senta aí!
Olhei para o lado, na direção da poltrona da sala, após ouvir uma voz feminina familiar.
— Karen...
Ela acendeu a luz, revelando seu rosto.
— Pode me chamar de Kath. Eu sei que você já descobriu minha verdadeira identidade.
— Inocente da cabeça aos pés, né... Sei.
— Eu vou te contar tudo o que você precisa saber, mas primeiro preciso que você se sente.
— Vai mesmo entrar dentro da minha casa sem ao menos ter sido convidada e me dar ordens? Aliás, como entrou aqui?
— Porta dos fundos.
Sua aparência era de quem tinha acabado de ser pisoteada várias e várias vezes. Ela estava suja, com os cabelos bagunçados, as roupas rasgadas e descalça.
— Se veio aqui me convencer a não te entregar, veio atoa, porque eu já estou deci...
— Eu mandei você sentar, droga!
Esbraveceu, tirou uma arma do quadril e apontando-a na minha direção. Arregalei os olhos, levantando as mãos. Eu sabia que a partir daquele momento, eu podia atirar pelo menos uma ou duas vezes que seria considerado legítima defesa. Mas é óbvio que eu não queria fazer àquilo, principalmente com ela.
— Kath... vai por mim, você não quer fazer isso.
— Eu quase fui morta por uma bomba agora pouco. Eu to afim de fazer muitas coisas nesse momento.
Desviei o olhar rapidamente para a cozinha, me lembrando de uma arma que deixava guardado embaixo do balcão. Sem pensar duas vezes, sai em disparada. Mas logo fui impedido com um tiro ameaçador disparado pela Kate, que acabou acertando o chão, fazendo um buraco no piso. Mais alguns centímetros e teria acertado o meu pé.
— Não tente mais nenhuma gracinha. Posso não ser tão legal da próxima vez. Agora sente-se. Eu não vou pedir de novo.
Fui pra perto do sofá e me acomodei.
— Bom... nem sei como começar, até porque uma coisinha que eu disser, é bem provável que você...
— Não acredite?
— Já saiba.
— É o meu trabalho.
— Vai mesmo tornar isso mais difícil do que já está?
— Você é quem começou após apontar uma arma na minha direção e ameaçar atirar em mim.
— Você não me deu escolha.
— Escolhas... o que sabe sobre isso? Escolheu ser uma ladra a uma mulher honesta.
— Não venha me dar sermão como se soubesse tudo a respeito da minha vida.
— Agora eu sei. O seu ex morreu em um tiroteio e hoje o filho que vocês tiveram juntos mora em um orfanato.
— Ele é a razão pra eu estar nessa vida.
— Que mania de achar que ser ladrão é a única forma de dar a volta por cima. Você só está sendo um péssimo exemplo para o seu filho.
— Nunca esteve na minha pele, portanto não sabe nem metade do que eu tive que aguentar. Saí de casa muito nova, meu namorado é quem me bancava, não me deixando trabalhar. E depois que ele morreu, não tive auxílio de mais ninguém. Eu estava grávida e precisava de dinheiro o mais rápido possível. Sou fichada, não consigo arrumar um emprego duradouro em lugar nenhum. Todo esse seu sermão ridículo só prova que a sua vida é e sempre será um luxo.
— Um luxo? Tem certeza disso? Eu perdi os meus pais, a minha esposa e não tenho filhos. Sou sozinho no mundo, não tenho desejos, momentos de felicidade nem ao menos esperança. Todo santo dia tenho que ver pessoas indo presas. Pessoas essas que são tratadas como animais, sendo algemadas e aprisionadas em celas. Sem contar as vezes que há injustiça e aparece um cara que nunca fez mal a alguém e está lá, pagando. Provavelmente é só uma pessoa que assim como você, está tentando ajudar sua família mas que acaba sendo confundida com um criminoso, sendo obrigado a passar o resto da vida convivendo com assassinos, ladrões e estupradores.
Ela engoliu em seco, comovida.
— Não apele para o sentimentalismo. Não estou aqui para discutir qual história de vida é a mais melodramática. Preciso da sua ajuda.
Foi direta.
— Sem chance.
— Você é um policial e não irá ajudar uma pessoa necessitada?
— Não, eu não vou ajudar uma criminosa.
— Já se esqueceu de tudo o que vivemos?
É óbvio que não, mas eu não podia transparecer nem deixar meu coração interferir.
— No meu trabalho, eu não posso permitir me envolver com os suspeitos.
— Pelo menos me deixa dormir aqui essa noite. Eu não tenho lugar pra ir.
— Kath...
Cocei a testa, entrando em conflito comigo mesmo, discutindo a questão se deixava ou não. Como ela podia ameaçar atirar em mim e ao mesmo tempo me pedir com educação para ficar?
— Por favor.
— Eu não posso. Entenda, nosso relacionamento deve acabar agora.
— Não to te pedindo nada demais.
— Por que essas coisas são tão complicadas?
Cocei a testa, indeciso.
— Se o Alaster que conheceu a Karen, que acabou de se encontrar com ela e que desconhecia sua real identidade ainda estiver aí, o traga de volta. Eu te imploro.
†***
Ele deve dar uma chance pra ela ?
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ALASTER MILLES- Homens Da Lei [L2] PLUSSIZE 2019
RomanceALASTER & KATH •COMPLETO• Livro 2 Capa feita por @prihzimmermann Alaster é o detetive mais requisitado de toda Flórida, aos 40 anos ele já viu tudo de ruim de um ser humano. Casou se novo .. Mais por um trágico acidente perdeu sua esposa. Não t...