Reais

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Terra vermelha decorada com rostos brancos
Rostos brancos decorados com bochechas vermelhas

Dedos cravejados em diamantes
Ouro desfilando em pulsos
E mãos cheias de sangue

O monstro senta em seu trono todos os dias
Todos os dias diz governar
Tenta reinar

Num país onde não há Rei
Apenas reinados

Há cavalos com duas pernas e braços
Costas para seres chicoteadas
corpos para serem usados até a falência

Sofrimento estampado em verde
Ouro roubado em amarelo
E os olhos assassinos em azul

Viva o rei!
Ó amado Rei

Mande-nos para a forca
E assista nossos pescoços lutarem melhor que seus soldados
Tente nos pegar
E assista-nos escorregar por entre seus dedos cheirando a chumbo e ferro

Ó rainha, como aturas esses olhos roxos?
Como olhas para esse corpo gordo?

Ocas serão destruídas
Nunca a sua cabeça

A tão odiada pele preta reflete a Lua,
Que vos aguarda para cumprir o destino
E iluminar o caminho à liberdade

Joelhos no chão
Somente pra pedir que os teus se tornem pó
Olhos baixos somente para vislumbrarem o lugar a ti preparado

Que minha ira se torne seu presente
E meu passado se torne teu futuro

Que toda lágrima pelos meus derramada, inunde teus cômodos
E que por elas sejas pomposamente afogado

Que minhas correntes batendo no teu chão polido
Sejam a única melodia que teus ouvidos possam ouvir

Para que eu nunca me esqueça de onde vim
E tu não se esqueça porque está aqui

Sons de trombetas ecoam no castelo
É hora
Chega a comitiva e sandálias tocam o salão

O portão se abre e vejo meu exército trajado em preto
Por dentro e por fora
Suas mãos direitas se levantam
E em um só grito nos unimos:

CORTEM AS CABEÇAS!

Onde Lágrimas Se Tornam RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora