Eu
Que morro de novo e de novo
IncessantementeE ainda assim renasço
Mesmo que sem quererEu
Que me jogo de prédios
E abro meus braços para o infinitoEu
Que me afogo em lágrimas
De uma represa maldita dentro de mimCheia de mágoas, decepções e ódio
Estou prestes a me estourar
Em um caos incontrolável e desgovernadoSeria este o meu fim?
Seria Eu o apocalipse mirim?Eu me mato todos os dias
E renasço todas as manhãsEu não aguento mais o fardo da imortalidade
Eu que me apaixonei pela morte
Eu: por quem a vida se apaixonouEu Eu Eu Eu Eu
Pois fui Eu quem foi amarrado à uma existência inútil
De dor e de vida e de cores e de cinzas e de mortesEu que habitei diferentes infernos
De diferentes versões de mimEu
Que me reinventei em mil Eus
Para que um se encaixasse em mimEu
Esmagada triturada amassada
Por um corpo que não me cabeEu
Uma alma gigantesca
Presa em um corpo que não me comportaUm corpo que não me suporta
Em uma mente insuportávelEu
Que me mato
Me mordo
Me abraço
Me grito
Me desfaçoEu
Que me quebrei em sete
Centas
Mil
PartesEu
Que renasci em todas elasEu
Que não aguento mais meus EusEu
Que me joguei em um abismoEu
Que quando olhei pra ele
Não foi ele quem me olhou de voltaFui
Eu.~
Art: Photography by Christian Hopkins.
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Onde Lágrimas Se Tornam Rios
PoesíaQuando a vida fica muito pesada, aliviar a carga no papel faz bem. Afinal, palavras nunca foram só palavras. Aqui tem poesia. Regada a vinho de mercado, perfumada com cigarro barato e desenhada por caneta Bic. De alma e corpo. Se procura amor, ra...