Foi como se tudo explodisse dentro de mim outra vez. Os mesmo lábios tocando os meus, o mesmo encaixe perfeito, as mesmas duvidas e novas certezas. Dessa vez não havia nenhum tipo de desconforto, era somente nós duas nos deleitando ao nosso gosto. Nossas línguas se embolavam com prazer, explorando cada milímetro disponível para ser tocado. Dessa vez suas mãos não pouparam esforços em agarrar meu corpo e o puxar contra o seu, como se ali fosse o meu verdadeiro lugar.
Empurrei seu corpo para frente, sem ao menos enxergar, sem ao menos saber para aonde eu estava indo, apenas segui e parei quando nos chocamos com algo que parecia ser uma mesa. Ela subiu em cima da mesma e me prendeu no meio de suas pernas. A pouca vestimenta que ela usava permitiu que eu a pudesse sentir mais próxima do que nunca.
Encostamos nossas testas, abrindo os olhos e nos aprofundando em investigar o que se passava na cabeça da outra. Tantas coisas se passavam pela minha, imagino a dela.
— Isso foi tão ... — ela suspirou aconchegando seu rosto entre a palma de minhas mãos. — errado.
— Oh, não! — me fiz de arrependida. — Estou pecando, terei que rezar setenta e duas Ave Marias antes de dormir.
Leigh revirou os olhos e me beijou outra vez. E outras muitas vezes.
Cada beijo era como se eu entendesse um pouco mais sobre tudo que está acontecendo. Fazia mais sentido, mas não deixava de ser complicado.
— Ainda desejas esquecer todos os sentimentos que tem por mim?
— Na verdade sim. — ela respondeu parecendo fria. Meu peito deu uma fisgada, mas eu não deveria ficar surpresa. — Isso não vai longe, de fato.
— É claro que vai! — rebati.
— Não, não vai. — ela rebateu rindo, mas sua risada era mais como uma ironia. — Seu casamento é daqui a alguns dias, então irá de trair seu companheiro?
— Não estarei o traindo!
— O que achas que estamos fazendo? Conversando sobre assuntos femininos? Não! Estamos nos relacionando como um homem e uma mulher.
E realmente estávamos, pensando pelo lado mais exato. Eu beijara Leigh-Anne como nunca havia beijado Jamie, cujo qual eu iria me casar em breve. Isso era demasiadamente estranho.
— Eu preciso colocar minhas ideias em ordem. — eu disse apoiando minha cabeça entre as mãos. — É tudo tão confuso para mim.
— Sempre vai estar. — ela deu um sorriso fechado e em seguida, depositou um beijo molhado em minha bochecha. — Estou indo, quando for a hora de aparecer outra vez, me encontre.
E com isso saiu, me deixando sozinha naquele cômodo sombrio. Desolada, sem saber como agir.
(...)
Estava deitada em minha cama, o silêncio me atormentando, as luzes das velas me assombrando. Talvez eu estivesse me sentindo culpada por tudo, por não saber decifrar tudo que estava dentro de mim. Aquele era um momento difícil e eu precisava aprender a lidar com ele da melhor forma possível, para o bem de minha saúde mental e todos que estavam envolvidos.
Estar sozinha sempre fora uma situação delicada para mim, ainda mais pela madrugada em meus momentos de insônia. Pensamentos ruins e tristes pairavam sobre meus ares, eu os respirava e aquilo tudo estava me intoxicando.
Poderia ser mais um de meus devaneios quando ouvi algo parecido com alguém gritando do lado de fora, mas então eu passei a ouvir com mais frequência e os gritos passaram a ficar mais perto. Passos pesados contra o chão, alguém em desespero, barulhos de cosias se quebrando.
Antes mesmo que eu pudesse encaixar os fatos e identificar o que estava acontecendo do lado de fora, as portas de meu quarto se abriram, fazendo um barulho enorme ao se chocarem contra a parede. Lá estava meu irmão me olhando com terror nos olhos, sua espada em sua mão direita, os cabelos desgrenhados, a respiração ofegante, nem sua vestimenta para dormir ele tinha retirado.
— Levante-se, precisamos ir para o abrigo. — ele se aproximou de mim em passos largos e retirou as cobertas pesadas de cima de meu corpo, deixando que a temperatura fria me atingisse.
— O que está acontecendo? — perguntei ainda confusa, ele me obrigara a me levantar ás pressas e aquilo fazia minha cabeça rodar.
— Estamos sendo atacados por rebeldes, precisamos ir agora. — sua mão agarrou em meu punho com a mesma intensidade que a outra agarrava sua espada, com certeza eu iria ficar com marcas depois.
Criados e pessoas de nossa Corte corriam desesperadas pelos corredores, a procura de um lugar seguro para se abrigar. Harry me puxava, corria, mas era difícil para mim acompanhar seu ritmo.
Os barulhos de coisas se quebrando no andar de baixo, me dava calafrios, imaginar o que aquelas pessoas poderiam estar fazendo com o meu lar me doía. Eles queriam a morte da realeza, a morte de minha família, mas precisamente eu. Me ter morta seria o símbolo de vitória para eles, mostrar que a próxima herdeira do trono estava morta, mostrava que eles poderiam matar os próximos sucessivamente, acabando assim com os monarcas. Eles se queriam no trono. Queriam que o povo comandasse a nação, queriam se sentir representados, queriam se ver no lugar de fala. E não os tiro a razão, eu entendia muito bem seus pontos e suas prioridades, mas eu não queria morrer.
Harry empurrou uma das portas secretas que davam em direção ao abrigo, me colocou em seu lado para passar pelo túnel estreito e escuro. Ele se dividia em observar o caminho pela frente e conferir que tudo estava seguro atrás de nós. Eu me sentia uma fraca, pois diante daquela situação toda, eu só queria sentar no chão e chorar feito uma criança.
Pude ver a luz alaranjada de velas no fim do túnel, meu coração se aliviou ao ver minha mãe na companhia de suas damas, não encontrei meu pai, mas pude ver Jamie com sua família e minhas três Damas mais afastadas.
Me sentei ao lado de minha mãe e depositei minha cabeça em seu colo, pedindo sem palavras um pouco de seu aconchego. Ela adentrou com seus dedos pelos meus fios de cabelo, acariciando-me e tentando me acalmar enquanto lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto pálido. Meu irmão me observava, sem coragem para dizer nada, mas parecia preocupado com tudo aquilo.
Eu me sentia um lixo, pois de alguma tudo aquilo que estava acontecendo era por minha causa. Várias pessoas da Corte estavam em perigo e tudo por causa de mim.
Meu coração se espremeu mais ainda dentro de meu peito, ao notar que Leigh-Anne não estava ali comigo. Só de pensar que algo de ruim pode acontecer com ela, ou aconteceu, me deixava em total angústia. Ela não era mais uma Dama minha e por isso não tinha mais o direito de ficar no abrigo junto com os nobres, tinha de ficar junto com todos os outros criados. Pensar que ela pode não ter conseguido chegar até lá me doía, eu não iria me perdoar nunca.
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AMEN
FanficPróxima na linhagem dos Edwards a assumir o trono da Inglaterra, Perrie sente o peso da coroa inglesa em sua cabeça, mesmo antes de tê-la. Prestes a se casar com o herdeiro do trono italiano para formar alianças, sem total confiança de quem são seus...