꧁ 20 dias antes ꧂

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"A melancolia é a felicidade de se ser triste."

Dei o primeiro gole e o gosto amargo invadiu meu corpo. Era horrível, mas talvez fosse divertido. Seria uma distração no meio de um mar de problemas que tentava nos afogar. Enquanto eu já estava quase na metade da caneca, Leigh ainda encarava a bebida como algo muito perigoso e incerto.

Eu sorri pra ela, a incentivando a ir fundo, até porque em minha concepção não teria nada demais. Pior do que já estávamos, certeza que não iria ficar. Dei mais um longo gole na cerveja e empurrei a caneca da minha companheira mais pra perto dela, praticamente forçando a beber. Leigh tomou o primeiro gole, praticamente nada e mesmo assim fez biquinho e enrugou a cara. Eu me sentia um ogro e ela uma florzinha delicada, que não se colocaria nesse tipo de situação.

— Meu irmão me ensinou como bebe essas coisas. - Eu falei antes de tomar outro gole. — Tu tens que tomar uma golada longa, se não nunca vais conseguir beber direito.

— Perrie, estamos de estômago vazio. Vamos ficar bêbadas. — ela disse deixando um sorriso escapar de seus lábios.

— Bêbadas e perdidas. Creio eu que estarão atrás de mim, quero distrair-me um pouco enquanto esse milagre não ocorre. — eu sorri quase que a implorando para que ela se soltasse e bebesse comigo.

Leigh deu o seu primeiro gole de verdade, e depois daquele todos desceram tranquilamente, e outras canecas também, já que depois o dono da taverna começou a liberar até comida para nós duas por estarmos animando o lugar.

Na verdade, foi um dos melhores dias que eu passei em toda minha vida. Eu tinha sido eu. Sem postura, sem falar certinho, sem máscaras. Era apenas Perrie, sem coroa, sem príncipe. Cantei, gargalhei e até dançar sobre a mesa eu dancei. Leigh ainda estava um pouco dura, mas tinha se saído melhor do que eu imaginava. No final do dia, quando estávamos indo para nosso abrigo, cujo eu não lembro onde, já estávamos bêbadas e tontas.

Nos despedimos dos homens da taverna, Leigh enroscou meu braço pelos seus ombros e sua mão segurou com firmeza em minha cintura. Fomos caminhando e rindo pela estrada, assim que caminhamos pela Vila Destruída, reconheci o lugar em que tínhamos nos abrigado.

— Lee, é aqui. - Eu disse rindo e ela me encarou confusa. — Dormimos aqui ontem.

Sem dizer uma palavra, ela me seguiu, parecia mais bêbada do que eu. A porta rangeu e tive que depositar um pouco mais de força para conseguir entrar no Comodo. Leigh-Anne já foi se jogando pelo chão, sem qualquer postura. Eu ainda me preocupei em conferir se o comodo não tinha a presença de algum animal ou alguém desconhecido.

— Na verdade, eu não dormi. — ela disse com a voz enrolada. — Fiquei apenas a admirar o sono da alteza.

Eu tive que rir do tom de voz que ela usava para falar. Me sentei ao lado dela e ficamos nos encarando por alguns segundos, parecia que algo diferente estava acontecendo com nós duas.

— Lee. — Eu a chamei meio receosa e ela apenas respondeu com "hm?". Revirei os olhos e resolvi ignorar, mas forçar com o assunto que eu tinha dúvidas. — Você já sentiu vontade de fazer uma coisa, mesmo você sabendo que é bizarro e errado?

— Não entendi. — ela resmungou ainda sem me dar muita atenção.

Eu tossi algumas vezes para ver se a coragem despertava dentro de mim. Me aproximei um pouco mais dela e segurei em seus cabelos bagunçados. Minha respiração ofegante batia em sua bochecha, mesmo assim ela permanecia intacta ao meu lado.

— Lembra da história de minha prima que beijava meninas? — rapidamente ela arregalou os olhos me encarando, os olhos acompanhavam os meus, buscando respostas e espaço. — Você tem ideia de como ela fazia?

— Perrie eu nunca beijei se quer meninos, quanto mais meninas. — ela riu parecendo não dar a mínima para o assunto.

Meu corpo todo tremia de tensão. Segurei seu rosto entre as minhas mãos e fitei seus lábios. Leigh arregalou os olhos e parecia querer me empurrar.

— Perrie estamos bêbadas. — ela sussurrou próximo aos meus lábios.

— Eu sei.

E com um baque eu colei nossas bocas, estava desconfortável e apertado. Parecia que estávamos sendo obrigadas a fazer aquilo. Separei nossas bocas e voltei a junta-las, dessa vez com um pouco mais de calma. Nos acariaciamos, Lee apertou minha cintura, me fazendo suspirar dentre o beijo. Eu adentrei minha língua dentro de sua boca, passando por todos os lugares possíveis e adorando a sensação das duas se encontrando e se acariciando. Não era como beijar um menino, era melhor. Era os lábios certos.

— Perrie, o que estamos fazendo? — perguntou ela me empurrando.

— Estamos muito bêbadas e podemos colocar a culpa nisso se você preferir. — Eu disse caindo na gargalhada e ela me acompanhou.

Depois de alguns segundos ela se virou de costas para mim, e fez sinal para que eu abrisse seu vestido. E assim eu fiz, com o álcool latejando no sangue, meus dedos inconsequentes desataram os laços de seu vestido, assim como ela fez comigo depois. Estávamos semi-nuas, nos encarando sem saber o que fazer.

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