Você seria capaz de esquecer sua própria identidade?
Após ser enganado pelos criminosos que comandava, Jungkook teve sua mente, corpo, feição e identidade alteradas, por vingança e inveja, sofrendo lavagem cerebral, esqueceu até mesmo seu próprio no...
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Eu não entendia exatamente os meus motivos para mentir tanto, até para meu próprio subconsciente. Talvez fosse covardia, medo da repreensão ou algo parecido, mas independente de tudo isso, eu me sentia mal e culpado. Ele não tinha nada a ver com aquilo, mas eu sabia que ele também iria sofrer as consequências, mais cedo ou mais tarde.
Isso também me preocupava, então meus pensamentos sempre eram uma bola de neve de coisas ruins que crescia exponencialmente, sem que eu pudesse fazer mais nada. Pelo menos não mais naquele ponto, na qual a situação já não podia mais ser contida.
Nossa última troca de olhares me fez querer chorar tanto que eu logo o abracei, para que ele não percebesse quando minhas lágrimas caíram, as quais limpei rapidamente. Doía ter que esconder coisas das pessoas que você confia, mesmo que seja com boas intenções.
Mas, como diz o ditado: "de boas intenções, o inferno está cheio".
Ao me colocar em uma situação como aquela, de alto risco, eu tinha uma noção que poderia dar algo errado, um ponto qualquer no plano poderia se desviar e causar algum problema, nós já havíamos nos preparado para que conseguíssemos contornar esse tipo de coisa. Mas, no meu caso, nem nos meus piores pesadelos eu poderia imaginar aquelas consequências.
Então, como eu poderia ter me preparado? Como conseguiria contornar ou escapar daquilo?
Acho que essas perguntas são relacionadas com a ideia de que o mais forte mata o mais fraco, assim se fortalecendo, se tornando mais poderoso e influente. Mas meu erro foi acreditar piamente que eu era já o poderoso, estando em cima do meu pedestal imaginário, sendo que a resposta para essas perguntas estava em ser honesto e inteligente o suficiente para evitar o perigo e tentar encontrar outra alternativa para, no fim, enganar, não ser enganado.
O medo que se seguiu foi maior do que eu conseguia lidar, afinal nunca, até nos piores cenários, eu tinha enfrentado algo parecido. Não pela polícia, muito pelo contrário, ela não me assustava, já que o mundo é baseado em "contatos", que podem te tirar de lá apenas com um singelo telefonema. O meu pavor era dirigido justamente a quem deveria me ajudar e poderia me trair.
E foi isso que aconteceu.
Meu coração bateu acelerado quando o som de uma sirene ecoou longe e fraca, mas mesmo assim sendo o suficiente para deixar todos os reféns em completo estado de choque, eles se silenciaram com a surpresa, por um segundo, cessaram-se os gritos, as ordens, as preces. Após isso, berros altos irromperam pela joalheria escura e apertada, pelas pessoas apavoradas buscando um conforto naquele som, que nós, os assaltantes, deveríamos temer.
Mas, muito pelo contrário, já havíamos planejado nossa fuga mesmo se os policiais chegassem ou houvesse troca de tiros. Além da precaução em economizar balas, não havia restrição de feridos e mortos, além do nosso amigo da polícia.
_ NINGUÉM SE MEXE! _ um dos nossos gritou, após notarmos a esperança que aquela sirene deu para os reféns. _ TODO MUNDO PRO CHÃO E CALEM A BOCA! _ após dizer isso, um homem gemeu de dor ao receber uma coronhada dele.
_ Segure essa! _ estendi uma mala cheia de jóias para um dos nossos, que estava cuidando de alguns reféns que estavam no chão. _ Cuide deles, por enquanto. _ alertei e segui para terminar de encher outra mochila.
_ Chefe, eles já chegaram. _ me disseram.
_ Ok, já era hora. _ respondi arrumando o resto das coisas.
A polícia já havia chegado e gritos de homens desconhecidos vinham lá de fora, e eu não podia me importar menos. Os reforços já estavam ali e iriam matá-los em um instante, ou era assim que eu esperava que iria ser.
_ Vamos, coloque essas aí perto. _ disse jogando as bolsas com rapidez, suando frio, mas meu tom de voz era como se fosse alguém entregando as sacolas de mercado para outra.
_ Vamos começar? _ um dos nossos perguntou pro outro.
_ Aham, mal posso esperar. _ e, por fim, os dois olharam para mim com deboche.
Resolvi parar de tentar entender o que aqueles dois estavam tentando fazer e fui para o outro lado da joalheria, quando encontrei um dos que eu mais confiava me olhando com a mesma intenção dos outros, como se eu não fosse mais alguém para ser respeitado, mas sim para ser superado.
Minhas mãos começaram a suar sob o gatilho da minha arma, que eu estava todo o tempo segurando, mas agora não mais com a mesma segurança e confiança de poucos segundos atrás. Parece que quando você espera um inimigo te atacar, é previsível, mas quando é um amigo, é muito pior.
O que se seguiu aconteceu muito rápido para que meu cérebro conseguisse raciocinar, alguém me segurou e puxou, para logo em seguida eu sentir uma forte dor na cabeça.
Enquanto eu caía, eu lembro de cada detalhe daquela cena, como se ela estivesse passando em câmera lenta sob meus olhos. A primeira pessoa na qual eu pensei, foi também uma das que poderia ter me tirado daquela situação, se eu ao menos tivesse dado a ela a chance.
Lembrei do seu cheiro, da sensação de tocar sua pele macia, da alegria que era ver seu sorriso, e, principalmente, ser a causa dele. Às vezes aparecem pessoas assim nas nossas vidas, elas chegam no acaso, se aproximam sem nós mal percebermos, até que, quando nos damos conta, estamos pensando nela todos os dias.
No fundo, eu gostaria que ele sentisse o mesmo, mas eu sabia não era recíproco... pelo menos era o que eu pensava, ou minha mente, acostumada a me auto sabotar, me fazia pensar.
Me peguei pensando se ele estaria bem, se havia conseguido traduzir a última carta que eu deixei para ele, se havia secado o cabelo antes de dormir. Me culpei por não ter o direito de fazer ele se sentir mal e preocupado, afinal, uma pessoa boa assim não merecia isso.
Na verdade... Eu não merecia ele.
Ao finalmente fechar os olhos, senti uma sensação de que algo quente me envolvia, presumi ser meu próprio sangue.
_ JUNGKOOK! _ ouvi alguém gritar, só para depois urrar de dor. Deveria ser outra pessoa a quem eu cativei, mas não soube ser responsável o suficiente para cuidar dela do jeito que eu prometi.
Sim, aquele era o meu nome, pelo menos até aquele momento.
Eu sabia de tudo o que estava acontecendo, até imaginava vagamente o que poderia acontecer, mas...
Nunca imaginei que eu me esqueceria de quem eu era.