I: Construir a partir do fundo do poço

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Capítulo I: Construir a partir do fundo do poço.

— Zayn? — Donna, sua secretária, entrou na sala logo em seguida dele com algumas batidas leves.

Zayn estava virado de costas para a porta, observando a vista da cidade pelos vidros grandes da janela, mas ele nunca se aproximava muito, na verdade. Tinha um pouco de medo de altura.
 
— A sua esposa está aqui — Donna disse assim que Zayn se virou tomando uma postura tensa.

— Mera? — Ele perguntou completamente surpreso, os olhos se arregalando.

— Sim e ela parece bem nervosa. — A secretária ergueu os ombros. — O que você aprontou, Zayn?

— Donna, não sei o que isso quer dizer — Zayn indagou mais surpreso ainda pela imaginação fértil. — Ficou maluca? — Ele perguntou franzindo a testa e ela deu de ombros. — Diga pra ela entrar, por favor. Eu disse que quando ela chegasse aqui eu poderia estar fazendo o que fosse, mas iria recebê-la. Por que você não foi até a sala de reuniões me chamar? — Zayn se encostou na mesa deixando de lado a garrafa de água que tinha pego na reunião de quatro horas que tinha acabado de ter. — Quando Esmeralda chegar aqui, ela não precisa esperar.

— Eu sei — Donna assentiu. — Mas ela insistiu para que eu não fosse te chamar quando eu disse que iria até a sala de reuniões, ela disse que esperaria o tempo que fosse. Eu disse a ela que essas reuniões mensais eram as mais demoradas e que seria muito bom pra você dar uma pausa por ela, mas ela não quis mesmo que eu me movesse e ela também saiu por uma hora pra comer alguma coisa.

— Tudo bem. — Zayn assentiu soltando o ar pesadamente, um pouco cansado e estressado, mas trataria de se recuperar em segundos para receber a esposa. — Mande ela entrar o mais rápido possível.

Ela nunca ia vê-lo ali. Poderia contar nos dedos os momentos em que ela foi até o escritório dele, algo devia ter acontecido. Talvez algum parente no hospital porque a hipótese dela simplesmente querer falar com ele era impossível, mas até parecia feliz o suficiente para que Zayn arrumasse a postura no momento em que Donna deixou sua sala e sorrisse segundos depois quando Esmeralda entrou. A secretária fechou a porta atrás dela e então os dois estavam sozinhos.

— Mera. — Zayn disse baixo, um pouco orgulhoso por ela estar e um pouco complexo de certa forma.

Ele não tinha idéia do que ela poderia querer fazer ali, mas só por ela estar ali ele já se sentia um pouco mais animado depois de quatro horas de discussões e planos para a empresa onde o peso da palavra final era sempre dele, e isso cansava mais do que qualquer outra coisa que ele pudesse imaginar.

Ele deu alguns passos para se aproximar dela pela vasta sala, mas nesse mesmo momento ela se afastou. Esmeralda estava segurando a alça da bolsa próxima ao ombro e usava roupas sociais, mas sempre com seu toque pessoal. A camisa branca e o blazer preto montavam a parte de cima de uma calça jeans acentuada em sua cintura com vários botões prateados em uma fileira única e tênis brancos. As joias daquele dia também eram sutis e delicadas, mas brilhantes, e o cabelo estava preso em um rabo alto e todo para trás. Provavelmente ela estava trabalhando também, com certeza estava.

— O que foi? — Zayn perguntou parando assim que ela se afastou, engolindo em seco. — Aconteceu alguma coisa, Mera?

Obviamente tinha acontecido, ele se preocupou e sentiu as mãos formigarem, o olhar dela era terrivelmente amargo. Antes que ele pudesse perguntar se a família dela estava bem, Mera falou:

— Eu quero me divorciar de você. — Ela apertou forte a alça da bolsa que segurava.
Zayn quem deu um passo para trás nesse momento. Ele bateu distraidamente em uma cadeira que ficava do outro lado de sua mesa, mas nem isso o tirou do transe em que estava se afundando.

— O que disse? — Ele perguntou franzindo a testa.

— Você ouviu! — Mera disse séria, mas desviou os olhos dele.

Assim como Zayn, ela estava tentando não demonstrar fraqueza alguma, mas seu coração estava batendo tão depressa ao ponto dela conseguir sentir no peito. Tinha um nó preso na garganta que estava impedindo a de respirar.

— Eu estive hoje de manhã com meu advogado, você vai receber os documentos em breve. — Ela deu mais um passo para trás. — E não se preocupe porque eu…

— Esmeralda, espere — Zayn a interrompeu assustado, o mundo caindo aos pedaços ao seu redor e foi como se por falta de misericórdia ele tivesse que permanecer intacto observando tudo desmoronar. — O que está dizendo? — Ele foi andando até ela desesperadamente e quando tocou seu braço, mesmo que levemente, Esmeralda se assustou.

Zayn estava tocando a.

— Eu não quero nada que seja seu. — Ela disse puxando o braço para sair de perto dele. — Nem sua casa, nem seus carros, seu dinheiro, não quero nada.

— Mera, o que está dizendo? — Zayn continuava perplexo. — Você decidiu se separar de mim e me conta isso do nada? Nós nem tivemos a chance de conversar e a casa é sua, por que está dizendo isso do que nós temos?

— Eu estou te contando agora. — Ela disse e se virou andando até a porta.

— Nós temos que conversar. — Zayn saiu seguindo a. — Temos que conversar, estamos juntos a tanto tempo, por que…

— Eu quero me divorciar de você! — Esmeralda gritou se virando e Zayn parou de andar no mesmo momento, mas já estava bem perto dela de qualquer forma.

— Nós nem tivemos filhos. — Zayn disse triste, finalmente a tristeza e o desapontamento transparecendo por sua voz, mas a postura dele continuava ereta e impassível como se na verdade, nada pudesse o atingir de fato. — Nós não temos filhos.

Esmeralda arregalou os olhos surpresa, fechando a expressão logo em seguida.

— Você não tem o direito de me dizer isso,Zayn. Quando eu queria ter um bebê você me disse que não tínhamos tempo.

— Nós tínhamos só dois anos de casados, eu estava mesmo trabalhando muito, não ia conseguir dar atenção pra tudo ao mesmo tempo, as viagens sempre foram a pior parte, imagina se… — Zayn começou a explicar exaltado.

— E quando você ia conseguir dar atenção suficiente pra um filho se em cinco anos as coisas nunca mudaram? — Esmeralda disse indignada, se virando outra vez. — Eu já estou decidida. Você sabe o que fez.

— E importa pra você? Esse é o problema? Você nunca sentiu a minha falta. — Zayn continuou atrás dela.

— Chega! — Esmeralda abriu a porta. — Você é um canalha, Zayn! Eu nem acredito que perdi tantos anos da minha... Tenho nojo de você. — E saiu batendo a porta antes que ele pudesse segurar.

Good Chance | Zayn Malik [concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora