XII - duodecim / Parte I

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carpe noctem

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Harry

Harry estava enrolando, mais precisamente, adiando algo. Ele tinha noção disso, assim como se conhecia bem o suficiente para saber que seria consumido lentamente em teorias se ficasse um minuto sequer a sós com sua mente. Sendo assim, deliberadamente, o cacheado programou todo o seu dia para se manter o mais ocupado que conseguia: de limpar o quarto enquanto ouvia as lições de latim, língua a qual insistia em aprender, até tentar convencer o pai a ir com ele em sua caminhada matinal com Sven, apenas para ter alguém com quem conversar. Contudo, seu plano de continuar ocupado foi abalado quando Niall ligou para dizer que não poderia ir estudar na sua casa. O loiro não deu muito detalhe sobre o motivo, mas isso não importava pois tudo o que Harry mais evitou durante o dia está acontecendo: Ele está sozinho com os seus pensamentos.

E embora não seja uma dessas pessoas que temem o silêncio, as projeções que ele faz sua mente propagar, no entanto, não eram um bom sinal. Várias alternativas sobre o encontro com o Louis rondam a sua cabeça, dos cenários mais românticos aos mais catastróficos, e a questão com isso é que Harry não sabia como se sentir em relação ao mais velho. É óbvio que existe algo nascendo ali, até ele consegue admitir que não é a coisa mais comum do mundo pensar tanto em uma pessoa como ele pensa no próprio chefe.

Na noite anterior, quando estava em sua cama tentando acalmar seu coração de toda a euforia que a proposta do outro trouxe, Harry se pegou tocando nos próprios lábios, constando que a sensação e a temperatura eram totalmente contrárias as provocadas pela boca do Louis, muito mais quente e úmida. Isso, consequentemente, o fez lembrar do quanto fora difícil não trazer os dedos para os próprios lábios logo após ter tocado os do mais velho. Ele queria saber o sabor que a boca do outro tinha. E fora esses pensamentos que embalaram seu sono e o fizeram sonhar com o dia que finalmente provaria aqueles lábios.

Mesmo Andrew sendo o responsável por boa parte das coisas que ele passou a entender melhor sobre sexualidade e gênero, Harry não precisava dele agora para reconhecer a atração que sente por um homem, até porque, ele não conseguiria negar nem se quisesse. De fato, o de cachos se encontra definitivamente deslumbrado por Louis, que aparentemente, também nutre alguma admiração por ele.

Com um suspiro, Harry passa a mão no rosto a fim de afastar esse tópico de sua cabeça. Desviando seus olhos do céu claro que estava naquela tarde, o cacheado senta-se na cama que até então estava jogado, apenas contemplando a paisagem que tinha da sua janela e perdido nos próprios pensamentos. Sven se agitou aos seus pés com o movimento repentino, o rabo balançando animadamente e os olhos atentos em si, como se o esperasse levantar para assim poder segui-lo pela casa.

— Você não cansa de se fingir de sombra não, garota? – Resmunga baixo em um falso tom de repreensão, tocando a ponta do indicador no focinho molhado da cadela.

Em resposta, a Border Collie apenas morde seu dedo e fica mais agitada. Harry não consegue evitar não gargalhar com a cena, passando a fazer carinho na cachorra para acalmá-la.

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