intus sanatos
Harry
Ao contrário do que se podiam pensar, o consultório não é inundado pela brancura cintilante. Os móveis em madeira escura, os pontos de cor mesmo que suaves na decoração e os pequenos arranjos de plantas que enfeitavam os cantos da sala davam um ar descontraído, porém, mesmo com todos os adereços para tornar o lugar agradável, Harry não podia evitar o desconforto por ter ciência de que está sendo analisado.
— Olá, eu sou o Andrew. – O médico se introduz gentilmente, indicando a cadeira a sua frente para o cacheado sentar. — Você pode ficar à vontade...
As últimas palavras de Andrew pareceram acordar o de cachos de um transe, percebendo que seu corpo estava tenso e que continuava de pé. Lentamente, o de olhos verdes acena com a cabeça e senta-se no local indicado.
— Geralmente tratamos de coisas básicas na primeira consulta, trate apenas como uma conversa, tudo bem? – Ele continua, os olhos negros desviando da ficha em suas mãos para focar em Harry, que assente em resposta. — Pois bem, você gostaria de um chá enquanto fala um pouco sobre você?
— Sim, por favor. – Harry aceita a bebida, observando a habilidade do médico em servir as xícaras, e após questionar se ele gostaria de açúcar, o homem acena com a cabeça como se fosse um incentivo para o cacheado começar a falar. — Hm... Meu nome é Harry e eu tenho dezenove anos...
— Como o príncipe Harry? – Andrew diz com um tom suave, estendendo para o mais novo a bebida quente, o qual ele aceita e assente com um sorriso. — Então, Harry, o que você gosta de fazer? Alguma ocupação?
— Sim, eu estou estudando para entrar na faculdade. Além disso, eu trabalho em um pub como bartender e como voluntário no aquário... – As palavras deixam os lábios quentes pelo chá em um tom baixo, um pouco incerto, ainda que a menção do aquário traga um sorriso pequeno ao seu rosto, o que não passa despercebido pelo psicólogo.
— Ah, isso é ótimo. Vejo que é muito atarefado então, já sabe para qual curso quer prestar o SAT? – Ele questiona educado, e se Harry não tivesse noção do que aquilo se tratava poderia mesmo achar que não passava de uma simples conversa, o que ele agradece internamente, já que agora está mais confortável do que quando entrou.
— Sim, biologia. – O mais novo responde, com mesmo sorriso de quando mencionou o aquário. Estava claro que o de cachos realmente gostaria de trabalhar com aquilo.
— Parece que combina com você. – Andrew comenta e o sorriso do mais novo se alarga, porém, perde a intensidade quando o médico deposita a xícara na mesa e assume uma posição mais séria. — Não precisa ficar tenso, eu só vou perguntar o que te traz aqui e o que tem passado pela sua cabeça. – Adiciona rapidamente ao notar a tensão.
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Sui Generis
Fanfiction"Os crentes do efêmero dizem que tudo muda, que nada é para sempre. Mas se a mudança é algo constante então o efêmero é uma contradição por si só? " Esse é um dos milhões dos questionamentos de Harry. Um garoto que provou desde cedo a instabilidade...