Pasca achara que a conversa com Sirius na biblioteca tinha ido muito melhor do que aquela no Salão Comunal. Afinal, ele não tinha saído depois de algo que ela dissera.
Pasca caminhava distraidamente pelos corredores de Hogwarts, sem viva alma com ela. Seu coração quase saiu pela boca quando ela avistou o cão.
Sirius trotou até ela, o rosto de Pasca estava vívido e ávido, ela abaixou-se para fazer carinho no cachorro, mas recolheu a mão e seu rosto se transformou em uma carranca irritada.
- Você sumiu.
Ela sentou-se no chão e cruzou os braços inconscientemente. Sirius negou com a cabeça canina. Ele emitiu um choro de cachorro. Não sabia o que fazer, ele não havia se preparado para encontrar Pasca, agiu impulsivamente, não tinha bilhetes.
- Não tem explicações, hum. - Pasca disse de forma amarga, se aproveitando de ele não poder falar.
Sirius encarou os olhos de Pasca e ela ficou sem graça. Ele latiu pra ela e aproximou-se.
- O que é? - Ela disse desmontando a fachada de irritação, a curiosidade maior.
Sirius latiu de novo, desta vez muito perto de Pasca.
- Eu não entendo o que você quer dizer! - Ela disse, começando a ficar agoniada.
Sirius olhou fundo em seus olhos, o que fez Pasca ficar em silêncio.
- Você quer que eu leia sua mente? - Ela perguntou embasbacada.
O cão latiu novamente, afirmando.
- Olha, eu não sei se essa é uma boa ideia. Não é algo que muitas pessoas conseguem controlar. E estou falando da pessoa que lê e da que tem a mente lida. - Pasca disse em uma enxurrada de informações, falando em uma frequência veloz.
Sirius continuou olhando nos olhos dela. Ela afirmou com a cabeça uma vez e olhou de volta. Pasca sacou a varinha e apontou, murmurando "legelimentes".
De uma vez, pensamentos que não eram dela empurraram-se para dentro da mente de Pasca. Ela se viu na loja de doces, falando consigo mesma, pensando em comprar balas para para Lily e sentiu seu coração esquentar com um sentimento que não era seu. Ela viu enquanto uma mão invisível agarrava a sua própria a puxava para outro lugar, em ansiedade, e olhou para si mesma quando o dono da mão tornou-se um cão, desfazendo-se da capa, um sentimento de medo de perder algo a tomou, medo que também não era dela. Logo depois, a cena já era outra; ela encarou a si mesma sentada na floresta, um sorriso em seu próprio rosto, e um sentimento que mimicava o seu próprio naquele mesmo dia. A última cena era uma mão branca, com longos dedos colocando um bilhete dentro do oco de uma árvore. O dono daquela mão estava chateado e quase irritado. Ele virou-se para o castelo e lançou um patronos sem palavras.
Sirius desviou seu olhar do de Pasca e seus pensamentos já eram só dele e os de Pasca, só dela. E ela não precisava estar na mente dele para saber que eles compartilhavam os mesmos sentimentos naquele momento.
Pasca lançou os braços ao redor do pescoço do cachorro.
- Obrigada por confiar em mim. - Ela disse depois de alguns segundos, a cabeça enorme do cachorro em seu ombro.
Ela afastou-se e olhou para o cão. - Imagino que você tenha segredos que não possa compartilhar comigo. Espero que possa um dia.
Se Sirius estivesse em sua forma humana, ele teria corado. "Ela é esperta", ele pensou enquanto afirmava entusiasticamente.
Sirius contou a Pasca telepaticamente para encontrá-lo na frente da Sala Precisa no sábado à tarde. E lá estava ela, depois do almoço, em frente à enorme parede de pedra. Sirius chegou instantes depois em sua forma canina e pensou como precisava de um lugar aconchegante para levar uma garota.

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Lumos Solem
FanfictionPasca Viridiano é uma lufana que encontra com Sirius Black em sua forma de cão, quando isso deveria ser um segredo. A primeira vista um cão negro imenso pode ser assustador, mas também pode revelar-se um confidente no início da Primeira Guerra Bruxa...