Capítulo XXXI

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O dia desperta tarde para os passageiros do trem. O inverno naquela região era bem mais severo do na Inglaterra, casa de Hogwarts, eles percebiam a diferença da temperatura e do nascer do sol.

Pasca colocou os pés no chão antes do sol aparecer no céu, aquela era a hora usual que ela costumava acordar, mas a falta de luz fez com que não estivesse muito desperta.

Theo, a gata branca de Pasca, havia deslizado para dentro do trem juntamente com o baú de sua dona e dormia serenamente no pé da cama.

Pasca suspirou pesadamente antes de levantar e se vestir com roupas quentes. Ela deslizou a porta e adentrou em um dos compartimentos com bancos; havia uma mesa arrumada com panquecas fofinhas, café com creme, chocolate quente e pão com vegetais. Pasca achou que aquele fosse um café da manhã típico da Ucrânia. Mais tarde Mirta se juntou a ela e Lupin também, mas a conversa não continuou tão casual com sua chegada. Pasca ainda não conseguia olhar nos olhos de Remo ou trocar mais do que três palavras com ele, a imagem do cão humanóide não saía de sua cabeça.

Sirius abriu a porta do compartimento quando eles estavam quase chegando à estação de trem, seu destino final. A enfermeira Pomfrey estava certa, claro. O tornozelo de Sirius estava bem melhor, ele já pisava no chão sem fazer uma cara muito feia de dor. O mesmo café da manhã materializou-se alguns segundos antes de sua chegada, ele se contentou com apenas o café preto, retirando todo o creme que podia. Sirius beijou a bochecha de Pasca espontaneamente em meio a goladas de seu café e Mirta trocou olhares com Lupin.

A estação de trem estava coberta de neve incrivelmente branca, Lupin e Sirius estragaram o sonho de natal de Pasca, engajados em uma batalha de bolas de neve épica. Sirius ria alto, mas Aleksei não achava isso nada engraçado, principalmente quando Lupin acabou jogando uma bola de neve em seu rosto; a neve derreteu mais rápido com a ajuda da temperatura da cara do ucraniano, que todos puderam perceber pela cor avermelhada.

Kiev era linda e coberta de neve. As bordas dos castelos eram pintadas de ouro, as cúpulas eram altas, algumas tocavam as nuvens. As árvores eram esguias e desprovidas de folhagem, seus troncos tortos. Naquela hora não havia muitos pedestres, provavelmente porque estava nevando.

Sirius, Pasca, Lupin e um emburrado Aleksei pegaram o primeiro táxi para a vila de laboratórios, sendo seguidos pela Professora Smerna e Mirta.

A entrada da vila era guardada por um grande portão com um jardim de flores de cores diversas. Uma só flor tinha sempre mais de três cores e todas sobressaiam na neve branca. Havia esculturas de plantas de tamanho real de animais mágicos e esculturas de tamanhos maximizados de flores e até árvores inteiras, todas pareciam desviar da neve, ou a neve parecia desviar deles. Um caminho de terra guiava o grupo até castelos pequenos de dois até três andares, havia um castelo maior do que todos os outros no centro da estrada e uma grande fonte no centro com uma escultura de pedra de uma mulher com trajes de uma época antiga. Ela levantou quando eles passaram por ela e fez anotações em seu papiro longo. Seus cabelos sedosos caíam imóveis pelas costas, presos no meio com um pedaço de fita. Atrás do castelo, Pasca notou casas com outros aspectos, outras arquiteturas, uma delas era um estábulo.

Aleksei encontrou uma colega na entrada do maior castelo e trocou algumas palavras com ela em ucraniano. A mulher era alta e magra, com pele em tom de oliva e ombros largos.

- Sejam bem vindos a Kiev. - Ela disse na língua deles com seu sotaque carregado. - Apresentarei seus aposentos.

O grupo seguiu a mulher castelo adentro, ela disse que este castelo servia apenas como aposentos dos cientistas que trabalhavam na vila e convidados. O lugar não parecia muito diferente de Hogwarts, não possuía tantos quadros e sim mais esculturas que seguiam o grupo até certa distância e eram compelidos a voltar para seus lugares. As escadas também não se moviam, para felicidade de Pasca, que odiava tal magia.

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