xxx
Era domingo, por volta das dez da manhã, quando uma mensagem de Carol chegou no meu celular. Estava na área da piscina deitada em uma das espreguiçadeiras apenas aproveitando o sol e lancei um rápido olhar para Clara que estava embaixo de um guarda-sol, digitando algo com afinco no seu laptop.
Às vezes Clara ficava tão focada e viciada em seu trabalho, que esquecia até de aproveitar um dia de sol e descanso. Ao menos dessa vez isso iria me beneficiar.
Sentei na espreguiçadeira e enxuguei a fina camada de suor que tinha brotado na minha testa, antes de ler a mensagem.
"Dra. Lima, eu estou com uma dúvida sobre o remédio que o médico passou."
Sorri diante daquelas palavras. Carol tinha sido cuidadosa e escrevera algo que estaria fora de suspeitas caso alguém visse aquela mensagem antes de mim, sabendo que eu estava em casa.
"Oi, minha pequena. Saudade de você", escrevi de volta, me forçando a tirar o sorriso tolo que tinha aparecido no meu rosto apenas por estar falando com ela.
"Saudade também. Está podendo falar?"
"Só por mensagem, por enquanto."
Não queria correr o risco de entrar na casa para falar com ela e Clara acabar entrando também por qualquer motivo que fosse, ou ainda encontrar com um dos meus filhos que estavam em algum lugar da casa.
"Só queria te dizer que eu tomei minha decisão, sem influência dos meus hormônios. Eu quero que você seja a minha primeira."
Eu quero que você seja a minha primeira. Eu quero que você seja a minha primeira.
EU. QUERO. QUE. VOCÊ. SEJA. A. MINHA. PRIMEIRA!
Aquelas palavras pipocaram na minha mente, de novo e de novo, e eu já não fazia ideia de quanto tempo tinha passado encarando a tela do celular à minha frente. Mas eu sei que não foi pouco. Não mesmo. Me sentia completamente paralisada, apenas despertando quando ouvi os gritos de Bruno e Enzo que passaram correndo ao meu lado, um empurrando o outro, e então caíram na piscina.
Levantei de um salto e praticamente corri para dentro da casa, mas tentei ao máximo aparentar uma normalidade que não sentia, apenas para o caso de Clara me ver saindo.
Nem bem tinha fechado a porta do meu escritório e a chamada já completava, o celular apertado com força contra o meu ouvido.
— Você tem certeza? — perguntei antes mesmo que ela falasse algo, a ansiedade e excitação transparentes na minha voz.
— Tenho — ela respondeu sem titubear. — Isso é, se você quiser, é claro.
— Se eu quero? Está brincando comigo? — murmurei, me jogando no pequeno sofá que havia ali. — Você tem noção do quanto te quero? Tem noção do quanto eu estou dura nesse momento só por você falar que quer que eu seja a sua primeira? — Respirei fundo algumas vezes tentando pensar com clareza, mas de nada estava adiantando. Só de imaginar que logo estaria tramando com ela como há tanto queria, já ficava ainda mais dura. — Você está sozinha em casa?
— Agora sim, mas minha mãe foi apenas ao supermercado. Daqui a pouco deve estar de volta. Talvez ela saia de novo mais tarde e se isso acontecer, eu te aviso.
— Não. Espera. Não dá para ser assim — falei, finalmente conseguindo pensar ao menos um pouco em algo que não me envolvia fodendo seu corpo até a exaustão. — Precisamos ver umas coisas antes. Além do mais, já falei que não quero fazer isso e ter que sair correndo logo depois. Vamos precisar de mais tempo.