Heeey, atualização de boa noite.
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Ainda assim, Isaías se manteve em silêncio até chegarmos ao subsolo onde meu carro estava estacionado e continuou da mesma forma no caminho até o apartamento de Carol.
Ele não gostou nada quando o atendente do estacionamento me cumprimentou com camaradagem, percebendo que aquela não era a primeira ou segunda vez que deixava meu carro ali, mas não falou nada até eu apertei o botão do 304 na caixa de interfones.
— Carol, sou eu — ele falou apenas, lançando um olhar atravessado na minha direção.
— Pai?
— Sim, abra, por favor.
— O que o senhor... Ah, vou abrir.
— Aonde você pensa que vai? — ele perguntou depois de entrar, vendo que eu o seguia.
— Se a minha vida será discutida lá dentro, tenho todo direito de participar.
— Não vou discutir a sua vida. Vou discutir a vida da minha filha — ele retrucou, tentando bloquear o meu caminho, mas eu apenas desviei e comecei a subir as escadas.
— Exatamente.
Bufando, Isaías me seguiu até o terceiro andar, pisando com força por todo o caminho. Quando bati à porta do apartamento, ele praticamente me empurrou para o lado, me tirando do caminho.
A porta à nossa frente se abriu e antes mesmo que Carol falasse algo, ela viu que seu pai não estava sozinho.
— O que...? — foi então que seu olhar caiu sobre meu rosto que eu sabia estar começando a ficar roxo onde Isaías tinha batido. — Ai meu Deus! Pai, o que o senhor fez?! — ela perguntou chocada, encarando o pai com o olhar arregalado enquanto me puxava para dentro.
Carol estava com a mesma roupa que eu tinha lhe deixado quando saí há pouco mais de uma hora e eu tentei esquecer o fato de que sabia que ela não tinha vestido sutiã por baixo daquela camiseta. Aquele não era o momento de pensar nisso.
— Eu estou bem, Carol — murmurei para ela, mas me deixei ser arrastada até a cozinha.
— Não está nada bem — ela reclamou olhando para o pai por sobre o ombro enquanto pegava um saco de ervilhas congeladas no refrigerador. — Você não podia ter feito isso, pai!
— filha–
— Não me chama de Filha! — ela gritou com ele o interrompendo. — Não vem tentar bancar o bonzinho depois de ter batido na minha namorada.
— Namorada? Ela é uma velha, Carol!
— Ela é mais nova que você, Isaías — Carol retrucou de imediato, fazendo seu pai recuar ao ouvi-la chamando-o de Isaías.
— Você não está mesmo me comparando a essa–
— Se você a ofender–
— Carol, não — a interrompi num tom baixo, pegando sua mão na minha. — Vocês precisam conversar.
— Eu não vou conversar com ele. Quero que ele... — Carol se voltou direto para o seu pai, falando quase aos gritos agora. — Quero que você saia daqui. Agora!
— Você não pode estar falando sério, Carol.
— Ah, eu estou sim.
— Não faz isso, está bem? — pedi novamente num tom baixo, atraindo sua atenção. — Converse com ele.
— Eu não quero.
— Por favor, pequena. Ele é seu pai.
— Ele te bateu!