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— Para quem não queria vir à praia, você até está se divertindo — comentei, fazendo Carol rir ainda mais enquanto saíamos do mar depois de um mergulho refrescante.
— No estado em que estou, não tinha muita opção de coisas para fazer hoje — ela falou, pegando uma toalha que tinha deixado na areia, começando a se enxugar.
Nós bem que tentamos repetir a programação de ontem assim que chegamos, mas nós duas estávamos tão sensíveis que o mínimo toque nos fazia gemer de dor. Então a única opção que tínhamos era ficar o dia dentro de casa sem fazer nada ou simplesmente curtir a praia. E depois de tomarmos café da manhã na varanda, trocamos os pijamas por roupa de banho e viemos para a praia, munidas de toalhas, guarda sol e protetor solar.
— Vou pegar água para nós — avisei depois de me secar também, puxando-a para um beijo rápido. — Quer mais alguma coisa?
— Não, obrigada.
Tinha dado apenas alguns passos em direção à casa quando me voltei apenas para ver Carol se acomodando na areia debaixo do guarda sol, depois de ter estendido uma esteira. Mesmo não tendo a mínima condição de transar com ela naquele momento, quando a vi ali ficando rapidamente de quatro antes de deitar de bruços, meu membro reagiu de imediato, feliz com a visão.
— Carol, você me transformou numa maníaca sexual — murmurei para mim mesma, abanando a cabeça para tentar afastar aquela ideia, antes de lhe dar as costas e continuar meu caminho até a casa.
Quando estava entrando na cozinha para pegar duas garrafas de água na geladeira, no entanto, um barulho no andar de cima me deixou em alerta. Quando percebi que o barulho eram passos, olhei ao redor em busca de algo para usar como arma, mas não havia nada. Fazendo o mínimo de barulho possível, andei até a sala e peguei um atiçador de lenha que estava ao lado da lareira, pronta para usá-lo como arma.
Invasões em casa de praia não eram muito comuns naquela área, mas havia casos registrados. Ainda mais quando uma casa ficava tanto tempo vazia quanto a minha. Se nunca tinha sido roubada, era graças a segurança eletrônica que tinha instalado. Mas o alarme estava desligado desde que cheguei com Carol na manhã anterior.
Voltei a ouvir passos, dessa vez se aproximando das escadas e logo via os pés descendo os degraus. Havia dois homens.
Mas quando finalmente consegui ver seus rostos que agora me encaravam surpresos por me ver ali com um atiçador de ferro pronta para atacá-los, não consegui relaxar mesmo reconhecendo aqueles dois.
Bruno e Enzo estavam ali.
— O que vocês estão fazendo aqui? — perguntei por fim depois de encostar o atiçador de ferro num canto, tentando não deixar meu tom nervoso ou irritado demais, mas duvidava que tenha sido bem sucedida.
— Eu... Nós... — Enzo começou, lançando um olhar para o atiçador e então para Jason, que apenas levou uma mão aos cabelos. — O que aconteceu com o seu rosto? Andou brigando?
— Isso não é da sua conta, Enzo. Aliás, não é da conta de nenhum de vocês. — Respirei fundo para evitar começar a gritar, mas quando vi Bruno olhando ao redor como se procurasse algo, ou alguém, foi impossível continuar calma. — Eu não admito que vocês tentem controlar a minha vida dessa forma. Com quem eu estou ou onde estou é apenas da minha conta. Vocês são meus filhos e o mínimo que devem fazer é me respeitar, e não me seguir de Manhattan até aqui como se tivessem o direito de xeretar a minha vida.
— Se a senhora não ficasse nos escondendo nada, nós–
— Escondendo? — cortei-o quando Bruno tentou falar mais alto que eu, como se achasse que o que estava fazendo era certo. — Então eu não tenho mais direito a uma vida privada? É isso? Porque eu não lembro de ter cobrado nada disso de nenhum de vocês antes. Nunca perguntei com quem vocês saíam ou namoravam, e desde que os dois fizeram dezesseis anos nem mesmo cobro horário para voltarem para casa. E nunca, em hipótese alguma, segui vocês para qualquer lugar apenas porque precisava saber onde estavam ou com quem.