Hey, sei que querem me matar.
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Cheguei em casa aquela noite cansada pelo dia de trabalho, mas ainda mais pela tarde com Carol. A vontade que eu tinha era cair na cama e só acordar no dia seguinte. Mas quando entrei no quarto e vi a cama coberta por pétalas de rosas vermelhas e uma caixa no meio, a pequena mesa do canto posta para um jantar para duas pessoas com velas e tudo, logo vi que a minha ideia não seria assim tão simples.
Andei até a cama onde a caixa estava, vendo um pequeno bilhete escrito apenas "abra", com a caligrafia conhecida de Clara.
Dentro, no meio de papéis de seda amassados para preencher aquela caixa grande demais, havia duas passagens de avião para a Austrália, além de vários folders de safaris e fotos dos pontos turísticos mais bonitos do país.
— Sei que você sempre quis fazer isso — Clara falou e eu me voltei, vendo-a parada à porta do closet com um pequeno sorriso. — Comprei para novembro, para o nosso aniversário de vinte anos. Já agendei tudo. Voo, hotel, excursão. Só falta você concordar.
— Você vai sair de férias em novembro? — perguntei, arqueando uma sobrancelha. Tínhamos tentado conciliar nossas férias para esse mês nos últimos cinco anos e nunca dera certo. Geralmente por causa dela. — Não faça promessas que não pode cumprir, Diana.
— Eu já falei com meu chefe. Está tudo organizado — ela tranquilizou, falando rápido enquanto se aproximava. — Já escolhi a pessoa para me substituir e dessa vez não tem como dar errado. Eu te prometo que dessa vez eu não vou voltar atrás. Vai dar tudo certo, meu amor. Nós vamos juntas.
— Se você mudar de ideia de última hora–
— Não vou! — ela me interrompeu apressada, envolvendo meus ombros e me abraçou, continuando a falar perto do meu ouvido. — Eu juro que não vou. Me desculpe por esse final de semana. Fui uma egoísta. Sinto muito mesmo. Por favor, diz que você vai comigo em novembro. Por favor.
— É Austrália, Clara — lembrei-a. — Como você acabou de dizer, fazer um safari lá é algo que sempre quis. Além do mais, é nosso aniversário. Como posso recusar?
— Mesmo? — ela perguntou, se afastando apenas o suficiente para me encarar.
— Mesmo — confirmei com um sorriso, abraçando-a de volta quando ela se jogou nos meus braços mais uma vez.
— Senti sua falta essa semana.
— Também senti — murmurei, beijando seus cabelos. — E a propósito, você está linda.
— Isso? — ela perguntou, se afastando e deu um pequeno giro, mostrando seu corpo de todos os ângulos. — Tive uma reunião com o diretor nacional hoje. Só quis impressionar.
— Bem, não sei ele, mas eu estou impressionada — falei, puxando-a de volta e cobri sua boca, beijando seus lábios devagar, enquanto minha mão descia para suas nádegas que aquela saia preta justa deixava tão marcada.
Clara riu contra a minha boca antes de se afastar me levando junto até a mesa, onde jantamos enquanto conversávamos sobre nossa semana. Quando a arrastei para a cama mais tarde naquela noite, no entanto, tive que me esforçar mais que o normal para que ela não percebesse que eu estava cansada e que não estava com nem um pouco de tesão acumulado. Por muito pouco tive que fingir um orgasmo, mas quando ela ficou de quatro para mim tudo que precisei fazer foi imaginar que estava de volta ao apartamento de Carol e que era ela que estava ali com a bunda empinada para mim.
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— Você viu aquela loira que chegou com Enzo da viagem da praia? — Clara perguntou enquanto voltávamos para casa.