Sei nem onde enfiar minha cara.
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Chegar à casa de praia não foi nada fácil. Primeiro porque pegamos um engarrafamento sem tamanho, fazendo o percurso que levaria no máximo uma hora e meia durar quase três. Além disso, ainda tivemos que passar na minha casa no caminho, depois que eu pedi para minha governanta preparar uma mala pequena para mim e me entregar no portão para não ter que entrar. Enquanto fazia isso, deixei Carol numa loja comprando roupa de banho e protetor solar. Ao final de tudo, chegamos a praia depois do horário do almoço.
— Quer comer mais alguma coisa? — perguntei a Carol enquanto estacionava o carro na entrada da casa.
Nós tínhamos passado numa lanchonete no caminho e compramos comida para viagem, mas isso fazia mais de uma hora.
— Não estou com fome.
Saímos juntas do carro e levamos as coisas para dentro e eu perguntei se ela queria dar um mergulho no mar ou na piscina. Mais uma vez Carol disse que não, se limitando apenas a observar a sala com atenção enquanto íamos para a cozinha deixar as coisas que tínhamos comprado para comer nesses dois dias.
— Você está bem, Ruiva? — perguntei, parando-a quando ela ia saindo da cozinha, envolvendo sua cintura.
— Uhum — ela respondeu apenas, evitando meu olhar, mas se aconchegou ao meu corpo como uma gata manhosa, me puxando mais para perto.
— Hey, fala comigo — insisti, levando um dedo ao seu queixo, fazendo-a me encarar. — O que aconteceu?
Eu não fazia ideia do que poderia ter acontecido assim tão de repente, porque durante toda a viagem Carol estivera muito animada, conversando, brincando e cantando suas músicas favoritas no rádio. Mas quando ela corou e mais uma vez tentou desviar o olhar, fiquei ainda mais preocupada.
— Carol, fala comigo.
— Não é nada — ela murmurou, por algum motivo ficando ainda mais vermelha. — Você se incomoda se não formos à praia?
— Claro que não. O que você quer fazer? Quer ficar na piscina? — Como resposta, Carol apenas maneou a cabeça. — Tem algo que você queira fazer então?
Mais uma vez ela não respondeu, voltando a desviar o olhar. Mas quando seu corpo se aproximou ainda mais do meu, como se ela já estivesse fazendo o que queria, um pensamento me ocorreu.
— Carol — chamei, levando minha mão ao seu rosto novamente para fazê-la olhar para mim —, isso é você querendo me fazer perceber que prefere passar o dia dentro de casa comigo? — Se ainda fosse possível, Carol provavelmente teria corado ainda mais enquanto assentia depois de alguns segundos sem reação. — No quarto?
Mais uma vez ela levou um tempo para responder, findando por murmurar apenas um "uhum" tímido.
Um sorriso surgiu no meu rosto sem que eu conseguisse conter.
— Você não precisa ficar com vergonha de dizer que quer passar o dia na cama comigo, pequena.
— Eu sei, mas...
— O quê? — insisti quando ela não continuou.
— Quando nós fomos para a casa de campo, você fez toda aquela programação para nós duas e eu não queria atrapalhar seus planos aqui caso você tivesse algo planejado.
— Carol, aquelas coisas que fizemos na casa de campo foi apenas eu tentando ir com calma com você, porque pode ter certeza de que a minha vontade era te trancar no quarto e só te deixar sair para comer. Ou talvez nem isso.