✩ 𝕡𝕖𝕤𝕤𝕠𝕒𝕤 𝕕𝕖𝕤𝕞𝕒𝕚𝕒𝕞 𝕕𝕖 𝕖𝕞𝕠𝕔̧𝕒̃𝕠 𝕟𝕒 𝕧𝕚𝕕𝕒 𝕣𝕖𝕒𝕝? ✩

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scene nine

Como sempre, Victoria estava sentada no banco do parque, aonde fazia suas palavras cruzadas. Faltava apenas uma palavra para terminar a página onde estava.

E naquele dia em específico, não tinha ninguém fumando por peeto, o que era estranho, afinal naquele horário Amber sempre se fazia presente. Bem, ela se demitiu para ir à uma faculdade, isso deve interferir nessa sua disponibilidade para desenhar e fumar. Mesmo assim, Victoria não conseguia aceitar o fato de não estar sentindo o cheiro de cigarro que era tão habituada. Isso a deixava desanimada para terminar a página.

Então, uma pergunta começou a incomodar Victoria. Em qual faculdade Amber estuda?

Não teria como perguntar a ela, e na verdade tinha um certo medo de nunca mais vê-la. Não sabiam os telefones de suas casas, nem aonde moravam, visto que Amber nunca prestava atenção no caminho quando ia a pé com Victoria para a casa dela. E se ela passasse a vender seus desenhos na faculdade? Seria esse o fim da amizade das duas?

Aquilo estava deixando Victoria inquieta, até que teve uma ideia genial: perguntar no seu antigo trabalho aonde a mesma morava.

E assim o fez: andou até o bar Even So, que não era muito distante do parque. Chegou até o lugar até rápido, e logo pediu para o primeiro garçom que vira a levar até o chefe. O mesmo se encontrava numa mesa, apreciando a música que estava sendo cantada pela tal Luna e tocada por um guitarrista novo.

— Licença, se incomoda de eu perguntar algo...?

— O que foi, jovem?

— Se lembra do ex-guitarrista... Adam?

— Ah, me lembro. Conhece ele?

— É por isso que eu vim aqui. Existe algum registro aqui que diz aonde ele mora?

— Deve ter, porque gostaria de saber?

— É uma longa história, mas eu só quero saber onde ele mora.

— Infelizmente só posso entregar isso para ele ou para alguém da família.

— Ah, eu sou...

E agora? Não poderia falar que era amiga de Amber, e convenhamos que se Victoria mentir ser irmã ou prima dela, convenhamos que seria nojento, visto o tanto de contato físico que elas tinham entre si.

— Eu sou namorada dele.

— Namorada? — uma voz familiar ecoa pelo bar junto com a música que tocava.

Victoria se vira para trás e dá de cara com uma Amber vermelha e com as pernas bambas.

— Não estava na faculdade?

— Não, eu... Eu... Eu estava em casa. Eu acho. Quer dizer, eu tenho certeza, mas na verdade... Ah, eu não sei.

— Porque está aqui, Liu? — o chefe, ainda sentado à mesa questiona.

— Vim buscar os documentos que fiquei para buscar hoje.

— Ah, sua namorada veio buscar. Um minuto, eu busco para você.

Levanta-se e vai mais para dentro do bar deixando as duas garotas.

— Namorada? — Amber pergunta, ainda pasma.

— Você está tremendo?

— Porque falou que é minha namorada? Isso é meio...

— Eu fiquei com receio de nunca mais te ver e vim saber onde mora. Para ver os documentos eu precisei finhir que era da sua família, e eu achei "irmã" e "prima" algo um tanto nojento.

— Eu não esperava isso eu... Eu sou uma covarde.

— Covarde? Porque? Você quem fez aquelaa brincadeiras, quem pediu o primeiro beijo, e...

— Você não entende. Eu sou uma medrosa. Eu posso ser quem fez as brincadeiras chatas e quem começou toda a parte do contato físico, mas foi você quem comprou o desenho, quem veio falar comigo, enquanto eu, boba, fiquei senfada com medo de causar uma má impressão.

— Você tinha medo?

— Eu meio que ainda tenho.

— Ah, por isso que está vermelha e tremendo?

Amber ainda estava nervosa, mas fez um pouco de esforço e pronunciou as palavras que já havia dito para tantas garotas no passado mas, só para esta que era algo realmente sincero.

— Eu gosto de você.

Fechou os olhos e mordeu o lábio, não sabendo se estava tensa por ter se declarado ou pela falta do cigarro.

— Eu sei.

Então Amber abriu um dos olhos, confusa com a resposta da garota.

— Sabia?

— Bem... Você disse aquele dia que eu já sabia a terceira coisa. Eu meio que associei tudo. Eu só não sabia que você era tão...

— Medrosa?

— Frágil.

O chefe logo volta com a pasta de arquivo e entrega nas mãos de Amber, ainda surpresa.

— Até outro dia. Ninguém tocará guitarra como você, Liu.

Assentiu com a cabeça e deu um passo para sair do bar, mas logo Victoria pega em seu pulso e a puxa, fazendo a andar na mesma velocidade que seu coração batia: bem rápido.

Amber estava nas nuvens. Sempre se esforçava para esconder o nervosismo que sentia quando estava junto à Victoria. Mas agora, tanto faz. Não havia porque esconder de Victoria o que sentia, visto que aquela tensão que sentia sempre que a via nao valhia a pena.

— Porque me puxou? — perguntou, já fora do bar.

— Eu não sei. Estava aflita e com medo de nunca mais te ver.

— Pra ser sincera... Eu também.

Victoria abraçou a garota, fazendo o coração da mesma acelerar ainda mais.

— V-Victoria...

— O que foi? Não posso abraçar minha namorada?

— N-namorada?

Victoria sentiu um peso enorme em seus braços, escutou a pasta nas mãos da garota ir ao chão e quase caia por cima de Amber, que aliás, estava desacordada. Ela desmaiou com uma frase? Pessoas desmaiam de emoção na vida real?

— Amber? Amber, você não está brincando, não?

Ela não respondeu.

— Droga, desmaiou mesmo.

love, drawings & cigarettes | amtoriaOnde histórias criam vida. Descubra agora