✩ 𝕞𝕖𝕦 𝕟𝕠𝕞𝕖 𝕖́ 𝕒𝕞𝕓𝕖𝕣 ✩

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scene four

Com a revista de palavras cruzadas em mãos, Victoria tentava terminar aquela página já tinha muito tempo. Não que ela não soubesse, é que ela se via tão ocupada com a desenhista que já havia esquecido de tudo que tinha pra fazer. Como se manter ocupada com alguém que sequer disse o próprio nome para você? Na verdade nem a própria Victoria sabia. Ela estava completamente viciada em seus joguinhos idiotas e desenhos bonitos. Só não sabia porque.

Por mais que estivesse determinada a terminar a página, a fumante à sua frente a chamava bastante atenção. Não se recordava de quando começou a sentir tanta curiosidade por ela, apenas aceitava e fazia o que o coração mandava.
E por algum motivo, o cigarro preso nos lábios da garota estava bastante atraente para Victoria. Quase como se ela estivesse interessada em fumar também.

— Ei. — chamou a garota, que logo tirou o fone de ouvido e fitou quem a chamava.

— Oi.

— Porque fuma?

— Eu fumava maconha anos atrás. Mas aqui na Coréia não é legalizado. Então troquei pelo fumo. Acho que me adaptei bem.

Assoprou a fumaça e voltou a encarar o papel e rabiscar.

— Mas... — a fumante volta a olhar para Victoria quando ela continua a conversa. — Porque fumava? Tem um motivo em específico?

— Não.

O assunto morreu ali, e Victoria sem graça, tornou a olhar para a revista e pensar nas respostas das perguntas que os quadradinhos faziam.

E sem ela perceber, a desenhista se levanta e senta ao seu lado. Apenas nota a garota quando ela se senta.

— Eu era muito imatura quando minha primeira namorada terminou comigo. Não aceitei muito bem e procurei conforto nas drogas. — deu risada. — Eu tinha uns quinze anos. Uma criança idiota que não sabia o que estava fazendo. Eu tinha toda uma família pra me apoiar, e eu decidi abandonar tudo e usar essas porcarias. Eles aceitavam homossexualidade, mas drogas...

— Ah... Ok. Desculpa por te fazer lembrar disso.

— Essas memórias doem menos agora. Sinto que amadureci.
Ambas ficam em silêncio por um curto tempo e logo a fumante volta a falar.

— Eu fico sorrindo feito boba quando me lembro que você foi a primeira aqui na Coréia que reconheceu que sou uma garota.

Victoria não olhava para o rosto da outra, mas já suponha o que ela fazia no momento.

— Está sorrindo, não é?

— Talvez.

Olha para o walkman da outra e nota pela parte transparente a fita rosa que sempre esteve lá, tocando.

— O que tanto escuta?

— Não sei. Achei essa fita no lixo e ela não tinha nada escrito. Não sei o artista, nem o nome da música. Mas eu gostei.

— Posso ouvir?

— Claro.

Pegou um dos fones que estava fora de suas orelhas e o enfiou no ouvido de Victoria. A música era realmente boa, embora elas não soubessem o nome dela nem quem a cantava.
A desenhista tragou, então abriu o caderno novamente e começou a rabiscá-lo.

love, drawings & cigarettes | amtoriaOnde histórias criam vida. Descubra agora