Suas palavras me acertaram como um chute de sapatos de chumbo bem certeiro nas minhas costelas. Senti como se me faltasse ar. Ela nunca em todos os nossos anos juntas ou separadas, nunca, me disse com todas as palavras por mais indiretas que fossem que eu tinha culpa pela morte de Nathan. Eu culpava a mim mesma. Mas saber que ela me culpava doía ainda mais.
Kamila saiu do carro e entrou pela mesma porta de onde Allyson tinha saído e segurando meus ombros de forma acolhedora, sorriu.
— Vamos Atelina me diga, qual foi a coisa mais legal que ela já disse para você?
— Eu não queria que fosse legal comigo, mas ela nunca... nunca tinha me culpado pela morte do nosso irmão.
— Não se preocupe, eu sei que você também sofreu pela morte dele e ela tem que aprender que não foi só ela, vocês são irmãs e a única família que ambas têm — Kamila limpou uma lágrima minha que escorreu pela minha bochecha — Ela precisa de você e tenho certeza que ela vai perceber isso mais cedo ou mais tarde.
O que a cidade estava fazendo comigo? Eu me tornei uma chorona. Sentia-me sozinha como nunca, sentia um vazio e uma fragilidade que não eram meus.
Precisava me afastar de tudo, cheguei na cidade para passar treze meses sem fazer nada, não era para ter me envolvido com o Daimen, tampouco era para ter lido o livro com o sobrenome da minha mãe e muito menos ter brigado com Allyson porque ela queria testar com quem eu estava saindo.
Respirei fundo, eu precisava fazer o que eu sempre fazia. Engolir tudo e esconder esse sentimento cobrindo com outros melhores, pelo menos até o dia acabar. Agradeci Kamila pelo apoio e entrei na escola, tentando colocar cada pensamento lógico que eu tinha no lugar e me lembrar que... meus amigos! Há dias eu não via nenhum deles.
Encostei a cabeça no armário e contei a última vez que vira os alunos que voltaram mais cedo da pousada e quantos dias eu não vinha a escola desde que o professor White, de história, voltou com todas as turmas. Todas as coisas que passei com Daimen realmente me fizeram esquecer tudo.
Peguei meus livros e enfiei dentro da bolsa às pressas para começar a procurar algum rosto amigo. Fechei meu armário e rumei a procura. Não tinha muitas pessoas nos corredores porque alguns alunos preferiam entrar mais cedo e esperar o professor, mas meus amigos... pelo menos um deles deveria estar no corredor.
Virei à direita que levava ao refeitório e desci uns lances de escadas soltando o ar aliviada ao encontrar Ren, fechando seu armário. Ele fazia parte do grupo de Peyton. O trio LPR. Luke! Merda eu me esqueci completamente de falar com ele desde aquele dia.
— Oi, meninos — Cumprimentei.
— Olá — Ren se endireitou, arrumando o casaco que vestia e o cabelo amarrado em um coque — Quem é viva sempre aparece, né Luke?
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As 12 Chaves 1: O Retorno (Concluída)
FantasiaAtelina evitou por anos voltar à sua cidade natal, mas graças a irmã casula que foi presa por infligir as leis das constituições na comunidade de Anjos Terrestres e Vampiros, ela é obrigada a permanecer na cidade por meses. A cidade para ela é o cen...