Capítulo 18: Até o Fim.

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- Acorda! Quem é você? - Perguntou Erick sacudindo o jovem rapaz.
- Eu sou o Dick, Dickinson Smith. - Disse o rapaz dando um pulo da cama.
- E como você veio parar aqui? - Perguntei, me intrometendo no assunto.
- Eu conheci o Mathews em um App, contei a minha história para ele, então marcamos de sair, ele me disse que esse apartamento era dele e que eu poderia ficar aqui pelo tempo que se precisa. - Respondeu Dick nos olhando assustado.
- E me deixa adivinhar, você foi expulso de casa, está em uma situação de vulnerabilidade e o "Mathews" apareceu como um anjo para salvar a sua vida. - Disse Erick, com um olhar de raiva.
- Mas quem são vocês? - Perguntou Dick vestindo-se.
- Não reparou? ou você acha que todas essas coisas aqui são do Matt no apartamento que ele não usa? Nós moramos aqui! - Indagou Erick.
- Erick calma, ele não tem culpa, quem tem culpa é o Matt, mais uma vez. - Disse tentando acalmar o meu amigo.
- Não dá mais Arthur, ele não pode fazer isso, tínhamos um acordo, eu aceitei você, porque você é diferente, agora nós não podemos sair aceitando todos os jovens gays sem lar dessa cidade. - Respondeu Erick me olhando nos olhos.
- Erick, o que tem de diferente nele? Ele está igual a nós quando caímos na do Matt, sem lar e vulneráveis. - Disse.
- Olha para esse menino, olha bem para ele, não deve ter nem 16 anos. - Disse Erick indo em direção ao Dick. - Me fala, quantos anos você tem? - Perguntou Erick.
- 18 anos, eu tenho 18 anos. - Disse Dick assustado.
- Não minta para mim, eu não sou idiota, me diz a sua verdadeira idade Dickinson. - Perguntou Erick sério.
- Eu tenho... Eu estou... Eu tenho 15 anos... - Confessou Dick começando a chorar.
- David, diz alguma coisa? O que faremos? - Pergunto olhando para David, que estava parado no mesmo lugar desde que entrou sem reação.
- Se vocês quiserem, podem ficar comigo em meu apartamento, cabem todos lá. - Respondeu David.
- Isso não vai resolver o problema... E ele é muito jovem, menor de idade, para estar se relacionando com o Matt. - Disse olhando para o Dick. - Temos que pará-lo, temos que fazer o Matt pagar por isso e por todos os outros abusos que ele já deve ter cometido.
- Eu me envolvi com o Matt quando tinha 17 anos, não era maior de idade, mas também, já tinha um pouco mais de noção do mundo, mesmo assim ele me causou grandes sequelas psíquicas, agora imagina esse jovem? Ele tem apenas 15 anos, o que ele sabe? Ele devia estar na escola, estudando e criando um futuro, não se relacionando com um velho escroto como o Matt. - Disse Erick, Eu fui em direção ao Dick, que ainda estava sentado na cama chorando, abracei ele, sequei as suas lagrimas e disse. - Precisamos conversar, eu preciso que você me conte tudo, para poder te ajudar, eu já estive exatamente no mesmo lugar que você está, então, eu sei o que está passando e sentindo, pode confiar em mim.
Dick então resolveu desabafar comigo, ele me contou que morava em Nova Jersey e que já conversava com o Matt a um bom tempo pelo aplicativo, trocavam fotos, mas nunca tinham se conhecido, então no dia que ele resolveu contar para os pais que ele é homossexual, o pai surtou e a mãe, que é dependente química não fez nada para impedir que o pai o coloca-se para fora de casa. Quando encontrou com o Matt no nosso apartamento, eles transaram, foi a primeira vez dele e mesmo não sentindo-se bem e até mesmo o ato doendo um pouco, ele sentiu-se na obrigação em transar com ele, pois ele estava dando um lugar para ele morar.
Eu sai para a cozinha, para respirar e pensar, David e Erick estavam sentados no sofá pensativos também, eu não sabia o que deveria fazer, Matt tinha basicamente abusado de mim e feito o mesmo com o Erick, mas achávamos que isso era algo entre adultos, problemas de adultos, que as pessoas fazem isso e que está tudo bem, mas não nos ligamos para o detalhe de que éramos menores de idade, sim eu ainda tinha 17 anos, mesmo próximo a completar 18 anos era se tornou claro que o Matt é, um monstro.
- Temos que parar o Matt, temos que derrubá-lo, já chega, chega dele se achando que é o dono da porra toda, que pode fazer o que quiser, hoje ele nos mostrou que pode fazer o que quiser, que ficaremos submissos a ele, que não iremos fazer nada contra ele, por mim, eu vou acabar com ele, para que ele pague. - Disse me aproximando do Erick.
- Somos dois gays que moram de favor no apartamento dele, já somos maiores de idade, quem vai acreditar na gente? - Perguntou Erick.
- Tem um adolescente seminu naquele quarto, ainda com rastros do DNA daquele lixo, o Dick é a nossa principal forma de fazê-lo pagar pelo que fez com todos nós. - Disse.
- Eu tenho um amigo policial, eu vou chamá-lo para cá agora. Vou ligar para ele. - Disse o David indo até o lado de fora do apartamento para realizar a ligação.
- O que está planejando Arthur? - Perguntou Erick.
- Eu sei que é difícil para você, por toda a sua relação com o Matt, mas eu estou com você agora, eu não vou te abandonar nunca, então, eu preciso da sua ajuda para derrubá-lo, não o proteja mais Erick. - Respondi.
- Eu... Eu preciso do dinheiro, do emprego, do apartamento, sem ele para onde eu vou? Arthur... - Disse Erick me abraçando.
- Eu te amo Erick! E eu não vou te deixar, você me tem e vamos conseguir nós virar, não se preocupe e me ajuda a desmascarar esse monstro. - Falei abraçando-o.
David voltou e contou que o amigo dele e um detetive amigo dele logo iram chegar, eles vão recolher amostras de conteúdo genético para o corpo de delito, perguntamos para o Dick se eles tinham usado camisinha, Dick respondeu que não e que ele tinha ejaculado dentro dele, em alguns minutos o amigo de David, Franklin Conor e o Detetive de perícia, Johnson Martin, assim que chegaram, eles colheram o depoimento nosso e do Dick, Johnson colheu amostras genéticas do corpo de Dick, tirou fotos do quarto e do apartamento.
- Eu gostaria que vocês me deixassem colher mais provas ainda contra o Matt, eu quero entrar com um processo completo contra ele. - Disse me aproximando dos oficiais.
- Com o depoimento e o colhimento das amostras, já temos o suficiente para autuar o endivido e começar uma investigação. - Respondeu Franklin.
- Eu consigo colher dele uma declaração assumindo esse e outros crimes, é só uma questão de tempo, hoje a noite eu consigo essa declaração. - Disse.
- Isso pode atrapalhar mais do que ajudar, ele pode usar esse tempo para refutar as provas de agora. É muito arriscado. - Disse Johnson.
- Façam o registro da denúncia e guardem o material genético como prova, só estamos pedindo que vocês segurem um tempo, Franklin ele abusou do Arthur também. - Pediu David.
- Eu sinto muito Arthur, David, tudo bem, eu vou fazer o possível, mas eu preciso interrogá-lo ainda hoje, então vocês têm que agir rápido, por favor. - Respondeu Franklin.
- Eu quero que você esteja lá, para ouvir tudo, também quero gravar é claro, para ter a prova concreta. - Disse.
- E como eu posso estar lá? Sem que ele perceba? - Perguntou Franklin.
- É só você nós encontrar hoje as 19h na porta da G-Space, vai com a sua roupa mais sexy que você tiver, vamos dizer que você é um novo gogoboy que quer trabalhar lá, ele não vai nem desconfiar. - Disse Erick com um sorriso maldoso.
- Ok, mas se as coisas saírem do controle eu vou chamar reforços imediatamente. - Disse Franklin.
- Está tudo certo! Vamos acabar com o Matt. - Disse sorrindo.
Os oficiais foram embora, tentamos dormir um pouco, mas era muito difícil, tínhamos um plano de desmascarar o Matt, Erick contou para a Carly tudo em seus mínimos detalhes, afinal, toda a ajuda será precisa, ela disse que vai ficar na cola dele e sempre nos passando informações, afinal, não podíamos perder essa oportunidade, o dia passou bem lentamente, talvez pelo nervosismo.
Chegou o horário, estamos esperando Franklin chegar para colocar o nosso plano em ação, era sim uma loucura tudo isso, mas eu sempre fui muito vingativo e não deixaria isso sair sem um dos meus grandes planos de vingança, David já conhecia esse meu lado, pois tinha me ajudado com a vingança contra o Johnny, mas agora não era uma vingança de interesses, essa é uma vingança maior, é uma justiça, eu queria além de me vingar, fazer justiça, eu não queria que ele entrasse em um longo processo judicial, pois sabia que ele tinha dinheiro o suficiente para levar isso tão longe que talvez ele nunca pagasse pelo o que fez principalmente com o Dick. Johnson tinha colocado um pequeno gravador escondido por debaixo da minha camiseta, eu estava quase tremendo de nervoso, mas não podia estragar o plano.
Entramos, Eu, Erick e Franklin, fomos até a sala onde o Matt faz de escritório, ele nem percebeu a presença do Franklin atrás de nós, já foi logo falando. - Eu sei que estão bravos comigo, mas o Dick precisava de um lugar para ficar, então eu o deixei lá, vocês são legais, vão saber o que fazer.
- Muito bonito o seu novo brinquedo Matt, quantos anos ele tem? Está cada vez mais jovem os seus brinquedinhos. - Disse Erick.
- Ué a mesma que todos, tem 18 anos acho, vocês sabem que eu não ligo muito para isso de idade. - Respondeu Matt, olhando alguns papeis em sua mesa.
- Engraçado, quando nós transamos eu tinha 17 anos e você nem se quer ligou. - Disse, tentando ao máximo não demonstrar o meu nervosismo.
- Eu transaria com você mesmo se tivesse 15 anos, gostoso do jeito que você é Arthur. - Disse Matt, eu sorri, ele avia caído na minha isca e dito exatamente o que eu precisava.
- Engraçado, o Dickinson me contou que tem 15 anos. - Falou Erick olhando seriamente para Matt.
- Disse é? E quem mandou ele ficar contando essas coisas para vocês, eu o "comi" sim, ele quer morar no meu apartamento ele tem que me dar algo em troca ué. - Respondeu Matt olhando para o Franklin que estava atrás de nós. - E quem é o belo rapaz? - Perguntou Matt desconfiado, mexendo em uma de suas gavetas da mesa.
- Eu sou o Franklin, quero ser um gogoboy daqui o Erick me disse que vocês estavam contratando. - Respondeu Franklin.
- Engraçado, não estamos contratando, acho que o Erick está mentindo. - Respondeu Matt, me olhando.
- Você não está vendo como ele é bonito? Precisamos dele. - Respondeu Erick nervoso.
- Estranho, um homem como você ser gogoboy de clube gay, com todo esse jeito de hétero. - Respondeu Matt.
- Faço pelo dinheiro. - Disse Franklin.
- Não sabia que policiais precisavam tanto de um segundo emprego assim. - Disse Matt levantando uma arma e apontando para mim. - Vocês realmente acham que eu sou trouxa? Que eu não percebi o plano de vocês assim que colocaram o pé nessa sala? Vamos Arthur, levanta a camisa e me passa o gravador. - Ordenou o Matt.
- Calma, não faça nada que você se arrependa. - Disse Franklin.
- Cala a boca seu policial de merda. - Gritou Matt. Eu fui até a sua direção, ele pegou levantou a minha camisa puxou o microfone e o gravador, jogou na mesa e deu dois tiros. Nos assustamos com o barulho. Do lado de fora, estavam apenas David e Carly, que entraram em pânico quando ouviram os tiros, Carly correu para fora, enquanto David entrou na sala.
- Arthur, Arthur. - Entrou David gritando.
- Ora, ora, o príncipe encantado veio te salvar. - Comentou Matt, que já tinha me feito de refém e me segurava a sua frente apontando a arma para mim.
- Solta ele Matt, você já era, perdeu, o Dick está na delegacia, temos provas, o que você fizer aqui só vai piorar a situação para você! - Disse Franklin.
- Eu já mandei você calar a porra da boca! Eu vou embora e vou levar o Arthur comigo, se vierem atrás de mim, eu juro que mato esse merda. - Disse Matt dando pequenos paços e me puxando.
- Solta ele! Solta agora! - Gritou David.
- Vocês destruíram a minha vida, agora é a minha vez de destruir a de vocês. - Disse Matt indo em direção a porta. Quando do nada David correu o mais rápido que podia e se jogou em cima de nós, caímos e David e Matt começaram a lutar pela arma que ainda estava na mão do Matt, Franklin puxou Erick para de trás do sofá para um lugar seguro, enquanto eu estava deitado no chão apenas assistindo aquela cena, em choque e rezando para que nada acontecesse com o David.
David estava quase conseguindo tomar a arma de Matt quando ele dá um disparo, Matt começa a rir, David dá um soco tão forte que ele desmaia, eu sinto apenas uma dor em minha barriga e quando olho para baixo, Matt avia acertado o tiro em mim, meu sangue estava saindo e criando uma poça ao meu lado, David quase que voando chegou ao meu lado e retirou a sua blusa para estancar o meu ferimento.
Franklin imobilizou Matt e chamou reforços e a emergência, eu sinto o meu corpo mais leve e frio, minha boca estava seca e eu não estava mais conseguindo continuar acordado, David me dava leves tapas no rosto para que eu não perdesse a consciência, eu o olhei e sorri.
- Eu amo você David... - Disse fazendo força para conseguir falar.
- Eu te amo, por favor, fica comigo. - Disse David desesperado.
- Eu sempre estarei com você... - Disse dando o meu último suspiro antes de apagar completamente.
- Então, a bala atingiu o estomago dele e atravessou, causando uma hemorragia severa... - O médico parou alguns instantes antes de continuar. - E infelizmente ele não conseguiu aguentar, eu sinto muito... - Concluiu o médico apoiando sua mão no ombro do David. Toda a minha família está no hospital, o meu corpo foi levado para o Hospital Mount Sinai West, que fica aqui mesmo em Manhattan, Ashley a minha mãe estava chorando desesperadamente, Bruce o meu pai parecia incrédulo com a notícia, Antony e David que conversavam com o médico pareciam estar em estado de choque, no outro dia, sábado, será o meu velório e o meu enterro.
A minha morte acabou virando um caso midiático, afinal, um jovem filho de um magnata da advocacia é morte dentro de uma balada LGBT pelo dono. Matt foi preso em flagrante e além da minha morte, recaiu sobre ele o abuso sexual do Dick e uma grande investigação está sendo feita, ele é acusado de tráfico de pessoas e drogas, por alguns documentos encontrados em seu computador.
A imprensa estava em peso no meu funeral, o meu pai, que sempre odiou esse tipo de exposição, resolveu não ir ao mesmo.
- Eu sempre te amei... Eu vou sempre te amar, para sempre Arthur Salvatore Lucchesi. Para sempre. - Disse David jogando uma rosa em meu caixão.
Depois da minha morte tudo começou a mudar, Antony levou a sua avó materna para morar com ele na Califórnia, o meu pai resolveu se aposentar, após a fusão com os Donely ele vendeu a sua parte e investiu o dinheiro para que o rendesse, a minha mãe desistiu de tentar ser uma "socialite" e começou a trabalhar em um projeto social de acolhimento de LGBTs desabrigados, vendendo sua herança que havia ganho de meu avó e doando para o projeto. David terminou a sua faculdade de jornalismo e conseguiu uma vaga de redator para o site do The New York Times, ele e o Erick não continuaram juntos, o único motivo que unia os dois era eu, já o Taylor e o Andy estão noivos, morando juntos. Cada um seguiu com a sua vida, cada um continuou a sua vida, afinal a vida continua, no fim, mesmo amando, odiando, brigando e gritando nada muda de fato, as pessoas vão continuar sendo as mesmas.
Eu não me arrependo de nada do que fiz, nada do que vivi, das escolhas, dos erros e dos acertos, dos momentos felizes e momentos tristes, tudo, cada dia, cada hora, cada minuto e cada segundo que senti amor, que eu senti ódio, tudo me levou a isso, tudo me levaria ao meu fim, porque no final das contas não importa o que você faça a morte é a única certeza, é o único fato.

FIM.


**I'm not flawless, but I gotta diamond heart**

** X O X O **




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Diamond Heart (Coração de Diamante) - Romance Gay PT-BR (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora