Comatose

7. Marcas

— Eu vou matar você. — Kim Taehyung rosnou. E esse foi, definitivamente, o momento em que eu mais quis vê-lo na minha vida. Envolvi o meu corpo com os meus braços e me permiti aumentar a intensidade do meu choro, vendo que ele me salvava na segunda vez naquele dia. — Posso passar o resto da minha vida na cadeia, mas você vai para o inferno. — Taehyung possuía suas orbes mais ferozes do que nunca. Andou com passos rápidos até o homem, segurando o mesmo pelo colarinho com sua mão esquerda, e o socando de direita. O golpe o antigiu perfeitamente.

— Seu... Abusado. — O homem cuspiu sangue sobre sua barba grisalha. — Você vai pagar por isso. 

O homem estava visivelmente tonto pelo efeito da bebida consumida junto ao cigarro. Taehyung riu com deboche e o socou no estômago, se afastando segundos depois, deixando o homem ajoelhado. Por alguns segundos o homem murmurou algumas palavras desconexas e se levantou bruscamente, tentando acertar um golpe em Taehyung, que se esquivou perfeitamente. Taehyung possuía bons reflexos. Agradeci mentalmente pelo homem estar tonto pelo álcool e não conseguir atacar. Não que eu estivesse preocupada com Taehyung. Mas ele estava me salvando, era mais do que a minha obrigação me preocupar. E agradecer. Minhas lágrimas haviam parado de descer, mas eu ainda não havia parado de tremer.

— Frouxo. — Taehyung disse ríspido. Chutou o homem de reto, fazendo o mesmo cair se encolhendo. Chutou novamente, e eu pude ouvir os grunhidos altos. Não consegui perceber alívio nos olhos opacos de Taehyung. — Levanta! — pediu, sério, golpeando mais vezes o homem com seus pés. O homem já havia se engasgado com o próprio sangue. — EU MANDEI LEVANTAR. — gritou, se ajoelhando em frente ao homem e o puxando pela gola, o levantando. — COVARDE. — Taehyung o socou novamente. Já estava imóvel. 

Meus joelhos ainda estavam falhando, mas me obriguei a conseguir me levantar. Não sei com que coragem ou por qual motivo, mas eu não iria deixar Taehyung matar aquele homem e jogar sua própria vida no lixo, entrando em uma cadeia qualquer por um momento de raiva. Percebi que Taehyung não pararia de golpear o homem quando notei sua sede insaciavel em suas orbes. Taehyung estava de costas para mim, se preparando para socar o homem mais uma vez, mas antes que o fizesse eu segurei o seu pulso. Ele me olhou com as sobrancelhas juntas, o que me trouxe arrepios. Seus olhos estavam irreconhecíveis, assustadores.

— Taehyung. C...Chega. — pedi.

— Seu rosto, Hye. — rosnou, soltando o pulso de minha mão. Passou as costas da mão sob minha bochecha que havia sido atingida. Fechei os olhos por impulso, sentindo a sua mão macia me acariciar. — Olha o que ele fez... — Abri meus olhos, Taehyung mordia seu lábio inferior, como se sentisse dor. — Ele vai pagar por isso. — murmurou. Parecia que estava com mais raiva do que antes. 

— Ele já pagou. — sussurrei. Taehyung não interrompeu nossos olhares. — Você é melhor do que ele. Já fez o suficiente. — pedi. — Por favor. — pedi mais uma vez.  Percebi os olhos de Taehyung mudando lentamente, como se estivesse se acalmando. Olhou para o homem pela última vez, antes de me fitar novamente e retirar a mão que ainda repousava sobre minha bochecha. 

— Vamos embora. Antes que eu me arrependa de ter deixado esse verme vivo. — disse por fim.

Taehyung se retirou do banheiro e eu fui atrás dele. A adrenalina no meu corpo não me deixava pensar direito, mas eu tinha certeza que ainda derramaria muitas lágrimas por esse ocorrido, imaginando o que aconteceria caso ele não tivesse me achado. A cada dez segundos Taehyung olhava para trás para conferir se eu estava acompanhando. E eu estava. O segui até o bar, onde Jimin e Jeongguk vaiaram junto com a torcida do bar, vendo os três mais velhos que bebiam. 

Três. 

 — Motorista responsável. — Olhei para Hoseok. — Você dirige, não bebe.

— JHope bebe. Bebê? Bebezão dirigindo a picape. — Hoseok gargalhou.