51. É luta, viu?

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Eu não sei o que ele pretende, porém não posso deixar de conferir quando ele expressa deliberadamente o seu lado "chantagista dengoso". 

-Embora eu devesse me sentir lisonjeado em saber que você imagina que eu possa explorar tantas coisas assim na cama com alguém, preciso assumir que não estou com essa "bola toda". Tem uma variedade de coisas que nós podemos fazer juntos aqui e agora.

Digo alisando suas coxas pressionadas no meu colo.

-Eu não vou te obrigar a me dar detalhes das coisas que você já testou com outras pessoas. Mas adoraria fazer contigo algo que você e ele não tiveram tempo ou interesse em fazer. Então preciso que você me responda com sinceridade. Lembrando que eu não vim até aqui pela minha própria vontade, pois foi você que insistiu.

-O que você quer dizer? Eu sei que nessa sua cabecinha inventiva deve passar as piores coisas a meu respeito. Mas eu não me importo mais. Diga tudo de uma vez e exponha o que está te incomodando. Desde que você me deixe esclarecer se tem sentido ou não. 

Ele dá uns risinhos e responde, por fim:

-Eu quero saber se você já foi uke para ele. Não precisa responder se você já foi para alguém na vida. Só quero saber se você já foi para ele aqui, nesse apartamento, na sua cama. Quero saber se você já deixou ele te comer aqui. 

Eis a pergunta que me faz questionar mais do que nunca qual deve ser minha resposta, uma vez que eu me sinto condenado independente de a resposta ser positiva ou negativa. Começo a abraçar as costas dele e cheirar seu ombro, avaliando o que devo falar em seguida. É óbvio que ele, a essa altura, é capaz de interpretar uma mentira minha, pois as minhas "omissões" ele já decorou. Ele sabe perfeitamente quando eu oculto algo para amenizar outra coisa.

 De repente, me pego a recordar de uma ocasião das nossas interações passadas, quando ele concluiu que se ele não cedesse o que eu queria dele, eu não o "atenderia". Estaríamos nos encaminhando para a mesma situação, porém reversa?

-O que você acha?

 Pergunto com fio de voz.

-Eu penso que sim.

-Como? !

Eu exclamo e minha voz sai aguda.

Ele ri.

-Ué? Se você não me responder, eu posso concluir qualquer coisa, não posso? Você sempre fala que minha imaginação é imprevisível 5555

-Pois saiba que não. Eu não sou disso.

-Por quê? Para você é algo feio? Acha que eu ou ele somos menos que você por cedermos brioco? 55555

Eu sei que ele está rindo da situação, mas eu não estou achando graça alguma. Esse menino é doido e eu já deveria ter percebido isso. 

Ok, eu já havia percebido isso, mas parece que toda convivência não é tempo suficiente para assimilar o quão louco ele pode ser.

-Se não existisse quem faz o que você faz, eu também não poderia fazer o que eu faço. Não é meio óbvio?

-Não significa que você me respeita. Se você não deixar a gente inverter os papéis hoje, vou sair daqui pensando que você me acha, me considera menos do que você nessa bagaça que estamos fazendo. Eu falei diversas vezes que não queria vir e você não se perguntou a razão? Tudo bem, a razão é essa. Pense o que quiser que eu também não me importo. Mas se começarmos a nos encontrar aqui, quero que a primeira rodada seja algo inédito para os dois. Em outras palavras, quero fazer contigo algo que ele nunca fez. E se é justamente isso que faltou entre vocês, eu quero comer você aqui e agora, krapom?

(W.EngVer)MYIO: Era LBCOnde histórias criam vida. Descubra agora