18. Amantes e Baú

150 17 0
                                    


O receio de um jovem rapaz é que seus amantes se encontrem.

Ele já entendeu que tem andado mais necessitado que o normal. Portanto não seria sensato de sua parte encontrar toda semana alguém para saciar suas vontades.

A mesma pessoa: configuraria relacionamento.

Pessoas diferentes: exigiria flertes e estratégias para elas não conversarem entre si.

Há um ditado popular em território brasileiro que descreve a seguinte situação como:

"Fulano está num mato sem cachorro"

E tem o efeito de demonstrar que alguém está numa situação complicada, sem resolução à vista. Não há um "cão" sequer para guiá-lo de volta para casa.

Muito embora, "em casa" seja subjetivo.

Mean Phiravich Attachitsataporn sente-se de volta a uma espécie de lar em sua psique, enquanto envolve-se nas conversas que partem de lugar algum e chegam à parte alguma.

Conversas com seu primeiro parceiro no mundo BL de entretenimento:

Plan Rathavit Kijworalak.

Ambos formarão o casal, shippe, TinCan na série Love by Chance. E atualmente frequentam o workshop ministrado por New Siwaj.

Diretor que exige de seu time exemplar empenho para convencer sobre uma paixão inexistente.

"Inspire como se tivesse corrido uma maratona. Expire como se de alguma forma tentasse matar o outro com o veneno exalado pelo seu ódio"

Assim disse o idealizador da Produtora Wabi Sabi, para que o menino de franja compreendesse o diálogo inaudível através da simples respiração.

E ele imita. E ele faz muito bem.

Fazendo um jovem mais alto que ele agradecer por estar usando mangas compridas. Ou todos presenciariam ele arrepiar-se por inteiro ao sentir o calor de um hálito diretamente em seu rosto.

Hálito que nem precisa ser mentolado para atrair.

Presa e arapuca.

Sopro em um louco.

Pouco a pouco extasiado

na absorção de

tão agoniado anseio

por deitar no berço esplêndido

No leito.

Sentimentos inexistentes não deveriam ser confusos.

Mean Phiravich não está confuso. Ele sabe o que quer. Ele somente mentaliza que nada disso irá afetá-lo, pelo menos não muito.

Ele sempre encontra paz mantendo-se focado nas mil coisas às quais se propõe entrar.

- Você quer provocá-lo. Deixá-lo desconfortável.

New fala ao ouvido dele.

- Mas quando ele te puxar, todas as suas forças e determinações serão igualmente puxadas.

E, se voltando para Plan:

- Agora junte as 3 coisas: a respiração, o olhar e o puxão.

Plan encara o mais alto que está usando uma gravata por cima do moletom. Unicamente colocada ali para uso cenográfico. E, a puxando, mantém a encarada.

Mean conta segundos. Sente suas "forças e determinações" tomadas por aquela mão, por aqueles olhos redondos demais para o padrão asiático.

Troca de farpas e ele é solto como roupa velha.

- Vamos chamar de efeito dominante. Tin é capaz de tudo. É frio e calculista. Mas perante Can tudo que ele conhece dele mesmo vira pó. Ele é dominado e está associando o sentimento de ser dominado à fraqueza de espírito que ele conheceu no passado.

No começo, Mean não pensou que seria tão difícil contracenar com Plan.

Toda a dinâmica entre os dois personagens é fascinante.

O que não tem nada de fascinante é o despertar de suas próprias profundas sensações. Ele não quer aprofundar-se a elas. Ele tenta extrair delas apenas o suficiente para compor com mais veracidade cada cena. Está claro para todo mundo que o diretor tem um apego maior a esses protagonistas que aos outros.

Can, o transparente e inocente garoto que pensa ser ameaçador.

Plan, o debochado, o chefe de departamento na empresa "Bullying Amigo" contra seus colegas.

Tão diferentes e, ao mesmo tempo, ambos estampados na mesma face bolachuda de

Rathavit Kijworalak.

Can seria facilmente o alvo de Plan.

Será que Can desenvolveria sentimentos por Plan? Visto que Cantaloupe Kirakorn está atraído por quem o provoca e instiga a "buscar briga".

Mean se pergunta em devaneios como hábitos.

Rathavit Kijworalak não é de briga. Ele é zombador a caminho da paz. Proporcionando relaxamento aos que vivem na volta dele.

Perth Tanapon é um desses.

Mais um a beber da fonte da ilusão.

Pensou Mean Phiravich ao observá-los durante um dos intervalos.

Iludir:

Ato de criar um quadro perfeito desconsiderando completamente a verdade dos fatos.

E os fatos são que

Rathavit Kijworalak,

Phi Plan para

Phiravich Attachitsataporn,

é um baú fechado ao saírem dali. Daquele frio, que se torna quente, estúdio de ensaio.

Onde o jovem de receios sobre amantes furtivos ensaia sua perda de cabeça, que está mais próxima do que ele sabe ou pensa.

(W.EngVer)MYIO: Era LBCOnde histórias criam vida. Descubra agora