16: Não encontramos somente doces em padarias

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Depois de passar o resto do dia conversando com Changkyun, na firma, sobre o caso de Hyunwoo, possíveis saídas e prováveis incriminadores, decidi que, antes de ir para casa, passaria na padaria para comprar doces. Havia acabado por deixar para comprar o presente de Hoseok no dia seguinte, já que Jooheon poderia ir comigo e, bem, o caso tinha sugado não só as minhas energias, mas também a de Changkyun.

Eu estava ansioso, isso era notável. E, sempre que fico ansioso, tenho mania de comer doces e conversar aos montes com Jooheon sobre coisas que, às vezes, não fazem tanto sentido assim. É como se fosse o mundinho mirabolante de Yoo Kihyun e suas preocupações sem sentido.

Como já beirava as dez da noite, apertei o passo pela avenida. Além de fazer frio e ter pouca movimentação na calçada, a maioria dos carros estavam parados, estancados ao solo de tanto esperar que o tráfego intenso reduzisse, mesmo que aos poucos. A padaria ficava à cinco minutos à pé, nada tão longe; por outro lado, se somasse o frio congelando minhas pernas, talvez demorasse mais que o pretendido.

Assim que eu estava virando a esquina da padaria, Jooheon me enviara uma mensagem dizendo que já havia terminado seu plantão e que iria para o meu apartamento em alguns minutos.

Adentrei na loja e o cheiro doce e ambiente quentinho me fizeram sorrir de alívio.

— Bem-vindo — um rapaz alto, de fios acastanhados, disse ao que me viu entrar. Havia deixado a bandeja com copos de café vazios em cima de uma das mesas e correra até o balcão, um pouco desajeitado — o que deseja, senhor Yoo?

Senhor... Yoo?

Arqueei a sobrancelha direita, de forma a arrancar uma risada abafada do outro.

— Não ficou muito bom, não é? — ele coçou a nuca, com um certo arrependimento e vergonha — é que eu não sei como chamar uma celebridade — engasguei com o ar.

— Só Kihyun está ótimo — falei, tentando não parecer idiota só por saber que ele me conhecia — eu venho há tempos nessa padaria e nunca te vi. Você fica só no turno da noite? — questionei, na tentativa de afastar o clima que havia se instaurado ali.

— Sim. É melhor para mim, já que estudo pela manhã e trabalho em outro lugar pela tarde — ah, eu me lembro bem dessa vida. Quando eu queria ser ator, devia fazer múltiplas coisas de uma vez, a agenda era sempre cheia, mal saía com os poucos amigos que possuía na escola. E sempre que ia à uma audição, o pensamento de que eu deveria me esforçar mais para ser o melhor, martelava em minha mente.

Murmurei um "hum" em resposta.

— E então, Kihyun. O que vai querer? — ele sorriu ameno.

— Dois pedaços desse bolo de chocolate — apoiei o dedo sobre a vitrine de doces, já pensando na minha próxima vítima — três desse — à medida que o atendente ia colocando-os dentro de uma caixinha, eu já apontava para o próximo doce desejado — dois desse e mais dois desse.

Quando o vi sorrir sem mostrar os dentes, inclinei a cabeça um pouco para a direita, curioso. Por não ter disfarçado o interesse, ao me olhar, ele enrubesceu e escondeu o sorriso.

— Desculpe — limpou a garganta — é que uma pessoa que eu gosto muito amava doces também.

Por um momento, e por ser um completo estranho para mim, eu senti que podia pedir um conselho sobre minha situação com Hoseok.

— Se o ex-namorado do seu namorado fosse para a festa de aniversário dele, o que você faria? — indaguei. Surpreso, ele, primeiramente, processou a informação, para só então ponderar em uma resposta.

— Acredito que se o meu namorado realmente gosta de mim, não há motivos para eu me preocupar — o mais alto terminou de embalar os doces e pesou-os, para saber quanto eu devia pagar.

— Mas e se eles tiverem tido um passado que seja difícil de esquecer?

Ele riu abafado.

— Todos nós temos um passado difícil de esquecer com alguém que já gostamos muito, Kihyun. É inevitável — ele colocou as caixinhas dentro da sacola amarronzada — e, bem, se o namorado está com o atual e não mais com o ex-namorado, é porque ele gosta de quem está com ele agora, não acha? — cocei o queixo, dando-me por vencido. Eu não devia me preocupar com Hyungwon, aquele que é o passado de Hoseok, certo?

— Desculpe a pergunta repentina — murmurei. Ele sorriu, como se dissesse que não tem problema nenhum. Para falar a verdade, acredito que ele tenha que lidar com situações do tipo pelo menos algumas vezes, já que há pessoas tão desnorteadas quanto eu.

Dei-o o dinheiro trocado e, ao que ele me entregou a sacola e agradeceu a minha vinda, decidi perguntar:

— Você sabe o meu nome, mas eu não sei o seu. É um pouco injusto — rimos.

— Meu nome é Hyungwon. Chae Hyungwon — o acastanhado sorriu.

Hyungwon. O ex-namorado de Hoseok estava bem na minha frente, sorrindo e conversando comigo como se fôssemos conhecidos. Olhando-o por esses olhos, ele se encaixava na descrição que Changkyun havia me dito pouco antes de começarmos a falar sobre o caso mais cedo.

Pelo visto, não se encontra somente doces na padaria. Encontra-se também seus medos e um passado que me parecia não muito bem resolvido.

A LEI DO AMOR「 Changki 」Onde histórias criam vida. Descubra agora