15: O presente perfeito

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— Amanhã já é o aniversário do Hoseok, Kihyun — disse Jooheon, o qual fazia panquecas para nosso café da manhã. O cheiro impregnava na sala, mas não superava o cheiro adocicado de seu perfume.

— E ele vai fazer uma festa?

— Algo pequeno na casa dele, pelo o que os rumores dizem. Ele não falou com você? — neguei. Jooheon colocou duas panquecas em um prato e, cuidadosamente, empurrou a porcelana para mim — coma. Senão eu enfio pela sua garganta abaixo — o Lee semicerrou os olhos ao apontar a espátula para mim. Dei uma risada sem vontade e peguei o garfo na gaveta próxima ao fogão para que pudesse comer. Minutos depois, Jooheon terminou as suas panquecas e correu para tomar banho após receber uma ligação do hospital.

A semana havia passado rápido demais. Muitas coisas aconteceram em poucos dias, daqui a pouco eu envelheceria sem perceber. Eu não havia recebido mensagens de Hoseok, provavelmente ele estaria ocupado com gravações para comerciais ou para revistas. Infelizmente, graças à brilhante ideia de meu pai, eu estava isento de qualquer atividade fora da área advocatícia. E isso estava criando um marasma em meu apartamento. Até mesmo Zen estava inquieto.

Respirei profundamente e tomei a decisão de surpreender Hoseok com um presente perfeito para seu aniversário. Como ele é simplista, qualquer coisa que eu comprar, com carinho e atenção, ele vai gostar. O que dar para um homem que tem quase tudo aos seus pés?

Jooheon passou correndo pela sala, já com seu jaleco branco jogado sobre o ombro esquerdo, buscando por sua maleta amarronzada. Ao encontrá-la, Jooheon sorriu para mim e, às pressas, acenou e deixou o apartamento. Olhei para Zen, que tinha os olhinhos brilhando em antecipação, esperando por um pedaço da minha panqueca.

— Vá comer sua ração — apontei para a tigela de alumínio, situada ao lado do balcão da cozinha. Zen latiu em resposta, e, por um momento, me lembrou das retrucadas de Changkyun. Após longos segundos me encarando, eu me dei por vencido e cortei um pedaço para dar para Zen, que, por sua vez, correu para a porta, latindo. Arqueei a sobrancelha direita e pousei o grafo sobre o prato e caminhei até a madeira escura. Ao que a abri, o dito cujo, Lim Changkyun, arrumava seus fios — eu não estou atrasado dessa vez — falei ao franzir o cenho. O advogado riu baixinho e, com os orbes escuros, indagou se podia entrar. Dei-o passagem e o acompanhei até a sala de estar.

— Eu não conseguia esperar — começou a dizer, claramente empolgado e ansioso — é sobre o nosso caso. Acredito que havia alguma rixa entre Hyunwoo e um de seus irmãos. Ainda não sei qual, mas se formos hoje perguntar a ele, conseguiremos respostas e... — ele parou de falar ao me ver parado, de braços cruzados — por que está sorrindo? — imediatamente, contorci os lábios e suspirei.

— Por nada — limpei a garganta — continue.

— Continuando — Changkyun prosseguiu ao arrumar sua gravata, porém, como não tinha um espelho por perto, ele a deixou mais torta do que já estava. Aproximei-me enquanto ele murmurava sobre leis e probabilidades, mas, o Lim, que antes parecia uma criança tagarela, cessou seu falatório ao que toquei em sua gravata para ajeitá-la.

— Parou por que? — questionei-o. Ele engoliu em seco e abaixou seu olhar, direcionando-o para meus orbes. Eu já sentia meu rosto queimar por lembrar que estava bem perto de Changkyun. Por isso, dei dois passos para trás.

— Perdi a linha de raciocínio.

Ficamos em silêncio por um minuto inteiro, e eu já sentia minha respiração pesar. Seria melhor mudar o rumo daquela conversa.

— Sobre o aniversário de Hoseok amanhã — comecei — Jooheon me disse que há rumores de que ele vai fazer algo em casa. Ele te disse algo?

— Hoseok ia te avisar hoje à noite, assim que ele chegasse em casa. Vai ser algo na casa dele, poucos amigos, umas bebidas e música.

— Você vai? — que pergunta ridícula, Kihyun. Changkyun é o melhor amigo do Shin, é óbvio que ele vai.

— Não vou — respondeu-me, naturalmente. Não pude evitar a expressão de surpresa.

— Mas ele é seu melhor amigo!

— Hoseok sabe como odeio festas.

— O que há de se odiar em festas, Changkyun? — cruzei os braços e me sentei. O advogado fez o mesmo, sentando-se no outro sofá, tendo somente a mesinha de centro nos separando. Se bem que, naquele momento, eu sentia que havia um abismo entre nós.

— Pessoas. Além disso, tem muito barulho também — ele riu baixinho.

Acredito que Hoseok ficaria feliz em ter seu melhor amigo em sua festa de aniversário, por isso, tentaria convencê-lo a passar, pelo menos, cinco minutos na festa. Assim que eu abri a boca para propôr um acordo, Changkyun disse:

— Você não vai gostar dessa festa também, Kihyun.

— O que? Por que?

— Porque em toda festa que Hoseok dá, ele chama Hyungwon para ir. E, acredite em mim, você não vai gostar de ver o ex-namorado agindo como melhor amigo do seu namorado.

Pensando que havia despedaçado minha euforia para ir à festa, Changkyun cruzou as pernas e braços, esperando uma resposta de mim. Porém eu não daria a que ele queria.

Levantei-me e apontei para ele.

— Eu vou à essa festa — Changkyun revirou os olhos, como se fosse uma mãe cansada de dar conselhos ao filho para que ele não fizesse algo errado — e você vai comigo.

Changkyun arregalou os orbes e eu sorri convencido.

— Não é porque o ex-namorado de Hoseok vai estar lá que eu vou deixar de ir, senhor advogado. Eu vou justamente para mostrar quem é o atual do Hoseok.

O Lim riu desdenhoso, parecendo que sabia que algo daria errado.

A LEI DO AMOR「 Changki 」Onde histórias criam vida. Descubra agora