14: Não quero esquecer

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Depois de um longo dia na firma, ainda mais depois da história de Hyunwoo, eu fui para casa. Estava um pouco cansado e, só de me lembrar que alguém incriminava o Son, eu tinha calafrios. Fui até o ponto de táxi mais próximo e um dos taxistas, que possivelmente beirava seus cinquenta anos de idade, me disse para entrar no veículo. Seu sorriso era enorme, e, durante o caminho, ele dizia o quanto sua filha era inteligente e que estava orgulhoso dela.

Não havia como não ser contagiado pela luz brilhante que o senhor irradiava, tanto é que me peguei sorrindo algumas vezes durante suas histórias. Por causa disso, o tempo gasto no trânsito não me incomodou.

Assim que o taxista estacionou na frente do meu prédio, logo avistei Jooheon com uma sacola amarronzada, possivelmente havia comprado algo em um restaurante pelas redondezas, e ele olhava para os próprios pés. Dei o dinheiro ao senhor e deixei o carro, correndo até meu melhor amigo, que agora sorria e seus olhinhos brilhavam ao meu ver. Só que, ao se lembrar que eu saí às pressas pela manhã, seu rosto se fechou e ele bufou. Dei uma risadinha.

— Vamos comer — ele disse, emburrado. Assenti, envolvendo meu braço em seu pescoço enquanto andávamos para dentro do prédio — como foi seu dia? — o Lee questionou ao que as portas de metal do elevador se abriram. Engoli em seco.

— Foi normal, o mesmo de sempre.

— E como está com Changkyun? — ele deu um sorrisinho malicioso. O empurrei para dentro do elevador e respirei fundo.

— Eu e Changkyun apenas trabalhamos juntos. E é com Hoseok que estou, Jooheon.

Jooheon revirou os olhos.

— Eu sei, só estou te enchendo o saco — riu. Atravessamos as portas de metal e caminhamos em direção ao meu apartamento. Peguei as chaves nos bolsos e destranquei-a, e Jooheon tratou de entrar velozmente e se jogou no sofá, ligando a TV. Deixou a sacola em cima da mesinha de centro e, enquanto ia mudando de canal, tirava os tênis para poder sentar de pernas cruzadas sobre o estofado. Zen havia acompanhado todos os seus movimentos, brincando e latindo para o Lee.

— Que pressa toda é essa?

— Vai começar um episódio novo de um desenho que estou assistindo por causa de Minhyuk.

— Por que você não assiste isso na sua casa? — Jooheon semicerrou os olhos.

— Porque depois de você ter desmaiado no trabalho, eu tenho que fazer meu papel de melhor amigo e cuidar de você.

— C-Como você sabe disso? — quase me engasguei com o ar.

— Você mal comeu e mal dormiu, pelo o que eu vi assim que cheguei hoje pela manhã. Sem contar que você está pálido, então, coma tudo isso que eu trouxe — apontou para a sacola.

Quando Jooheon colocava uma coisa na cabeça, não havia quem conseguisse tirar. Nem mesmo eu, seu melhor amigo. Apenas suspirei e me sentei ao seu lado, apoiando minha cabeça em seu ombro.

— Nos tempos da escola você também desmaiava porque esquecia de comer, lembra? E também quando fazia aquelas dietas malucas antes de ir para as audições das empresas para se tornar um ator — Jooheon umedeceu os lábios — você me trata como uma criança mimada, mas a única criança aqui é você.

— Olha aqui... — Jooheon me interrompeu ao abrir a sacola e dela retirar uma pequena marmita, cheia de salada e frango.

— É para comer tudo, Kihyun. Senão vai preocupar seu namorado, não é? — meu corpo inteiro esquentou, a começar pelas minhas bochechas, que pareciam que eu ia entrar em combustão. Percebendo isso, Jooheon riu baixinho.

Dando-me por vencido, acatei o pedido do Lee e me juntei a ele, comendo, enquanto víamos o tal desenho que Minhyuk gostava.

[...]

Nós acabamos adormecendo na sala, vimos somente três episódios. Eu acordei às duas da manhã e acomodei Jooheon no sofá, para que ele não tivesse dores no corpo ao levantar. O cobri com uma manta que peguei em um dos guarda-roupas e retirei todas as embalagens que estavam em cima da mesinha, para jogá-las fora.

Caminhei até meu quarto, sendo acompanhado por Zen, que parecia também não conseguir dormir, e me joguei na cama. Zen fez o mesmo, quase caindo em cima de mim e me matando sufocado, mas acabei rindo porque sua ingenuidade era uma das coisas mais fofas do mundo. Enquanto acariciava seus pelos macios, eu me lembrava do dia que tivera com Changkyun. Por mais que eu quisesse esquecer a apreensão e medo que sentira no local do crime, eu não queria esquecer da forma que ele tentou me tranquilizar ao segurar minha mão e apertá-la.

Eu não queria esquecer que, quando eu estava com medo e sendo sugado por um buraco negro de emoções negativas, Changkyun me tranquilizou, com um toque e nenhuma palavra.

Suspirei profundamente, esperneando pela cama, assustando Zen, que latia, e, consequentemente, acordando Jooheon, o qual me mandava dormir.

E, mais uma vez, eu me encontrava em um campo minado, sem saber para onde ir.

A LEI DO AMOR「 Changki 」Onde histórias criam vida. Descubra agora