6: O Diabo veste ternos caros e usa perfume Chanel

1.8K 299 85
                                    

quase 1k com 5 capítulos????? gente vocês são perfeitos, eu- 😔💞💌
boa leitura!!

[ .*+ 🍶 ]

Deplorável. Era essa a palavra que melhor me descrevia assim que havia deixado o escritório de meu pai. Eu estava cabisbaixo, os fios me caíam sobre os olhos, nada se comparava àquela dor e sentimento de impotência que eu sentia quando me encontrava com ele. Era deprimente.

O dorama era um enorme salto na minha carreira, não podia simplesmente dizer que não, até mesmo porque meu próprio orgulho e ego não permitiriam. Por isso havia decidido desafiá-lo naquele momento; mostrar que eu não mais era uma criança que ele podia amedrontar ao seu bel-prazer.

Caminhei, arrastando as pernas, até o elevador. Apertei o número do andar abaixo deste e respirei fundo, já imaginando as inúmeras desculpas que eu daria para não jantar com Jooheon. Assim que as portas de metal se abriram, ergui meu rosto, que antes encarava o chão de mármore do elevador, e sorri falsamente ao ver um empregado de meu pai. Pedi licença e procurei a sala três do tal advogado que me ajudaria com esse maldito caso. O corredor era largo, abrigava um total de cinco salas no andar, todas grandes e confortáveis para seus respectivos oficiais de justiça.

Ao encontrar a sala três com os olhos, andei até a porta e alcancei a maçaneta. Mordi o interior da bochecha e soltei o metal, limpando a garganta após perceber que seria extremamente rude entrar sem bater. Por isso, dei dois toques e esperei que fosse convidado.

Somente depois de um minuto inteiro, uma voz veio do lado de dentro:

— Pode entrar.

Apreensivo, girei a maçaneta dourada e, ainda sem olhar para o homem que me serviria de ajuda, fechei a porta. Encostei a testa na madeira e inspirei e espirei com todas as forças que ainda restavam em meus pulmões, para só então girar os calcanhares e dar de cara com Changkyun.

— Kihyun?

Dei-o um sorriso torto.

— O que... faz aqui? — ele parecia confuso. Certamente meu pai não deu um recado prévio de que ele teria de me ajudar com toda essa bagunça. E colocar Changkyun no meio de nossa briga familiar não era a melhor coisa que ele podia ter feito.

— Eu preciso da sua ajuda — falei, o que não era uma total mentira.

— Por que você não marcou um horário?

Deixei o bloco do caso em cima da mesa e passei a mão por meus fios.

— Meu pai me disse para vir aqui, onde o melhor advogado dele trabalha.

— Seu pai?

— É, Choi Eunji. Meu pai, o pior homem que já pisou na Terra.

— O dono da firma é seu pai? — assenti ao cruzar os braços — até onde eu sei, seu sobrenome é Yoo, não Choi.

— Não sou um filho bastardo, se é isso que está pensando — do bolso da calça, apanhei minha carteira e dela retirei uma foto que minha mãe havia insistido muito para tirarmos no natal antes de seu falecimento — depois que minha mãe morreu, eu decidi usar o sobrenome dela, e não de meu pai. Se quiser, pode pesquisar na internet.

Entre um misto de hesitação e curiosidade, Changkyun sanou suas dúvidas ao observar a foto durante um longo minuto. Em seguida, devolveu-a e suspirou.

— Eu pago pelos seus serviços, já que meu pai parece não ter te dito nada — umedeci os lábios — preciso da sua ajuda, Changkyun.

— Que tipo de ajuda você precisa? Se envolveu com drogas e a mídia se abalou? — ele deu uma risada.

— Meu pai me disse para resolver um de seus casos. E eu preciso fazê-lo, se ainda quiser continuar atuando.

Changkyun manteve-se em silêncio após minha fala, talvez pensava nos prós e contras ao realizar aquela tarefa.

— Sente-se aqui — apontou para a mesa que estava atrás de nós — era a mesa do meu antigo assistente, mas você pode usá-la. Meu escritório é ali — novamente, apontou, e, dessa vez, para a porta de vidro, a qual separava a sala do assistente e a sua — se precisar de alguma coisa, é só bater.

Aposto que aquilo seria estranho para ele, então, não poderia reclamar de forma alguma. Changkyun pôs as mãos nos bolsos e, de soslaio, deu uma olhada nos papéis.

— É sobre o que?

— Ainda não li — respondi — quer ler primeiro? — de repente, Changkyun não parecia aquele advogado que conheci no primeiro dia. Naquele momento, se assemelhava à uma criança com brilho nos olhos. Hoseok tinha razão. Changkyun era realmente viciado no trabalho.

[...]

A noite já caía. Por mais que meus olhos ardessem de tanto encarar a tela do computador, eu simplesmente não poderia deixar aquele caso sem pelo menos a taxa de 1% de progresso. Tudo o que eu fiz naquela tarde foi ler o caso e praticamente traduzir todas aquelas palavras novas e desconhecidas por mim.

Changkyun deixou seu escritório somente duas vezes: para almoçar e porque foi convocado para uma reunião com seu cliente. Ele regressou pouco depois das seis e meia, quando eu já arrumava a mesa para deixar a firma.

— Já vai? — questionou. Quando assenti, Changkyun murmurou um "hum" prolongado. Não parecia desinteressado ou entediado, apenas cansado. As bolsas embaixo de seus olhos denunciavam noites sem um bom descanso — tome cuidado na volta para casa.

— Você também — respondi.

Peguei os papéis do caso e os coloquei debaixo do braço para que pudesse apanhar o celular no bolso da calça. Havia inúmeras chamadas perdidas de Jooheon e duas mensagens de Hoseok. Conforme eu andava, passava os olhos pelas notificações que pareciam não acabar. Guardei o celular apenas para chamar o elevador e, enquanto esperava, voltava a ler o que havia perdido.

Então você conseguiu fazer Changkyun te ajudar? — olhei para meu pai. Ele estava com o sobretudo no braço esquerdo e a maleta no mesmo lado. Em seus lábios finos, o sorriso macabro que eu tanto odiava — pensei que ele fosse desistir de você no momento em que você passou pela porta. Você deve ter se ajoelhado aos pés dele para conseguir o que queria — riu.

— Diferente de você, ele ainda tem resquícios de alma humana — murmurei. Quando ele parou de rir, aproximou seu rosto de meu ouvido, para então cuspir palavras:

— Saiba seu lugar, Kihyun. E saiba que, quando perder, você trabalhará para mim — assim que ele se afastou, o elevador abriu as portas de metal. Eunji sorriu e prosseguiu: — tenha uma boa noite, filho.

No momento em que as portas se fecharam e meu pai já não mais estava próximo de mim, me permiti respirar outra vez. Eu provaria que eu fazia jus ao nome de minha mãe e que ele pagaria caro por me desprezar dessa forma.

A LEI DO AMOR「 Changki 」Onde histórias criam vida. Descubra agora