"Efeito Borboleta" e o existencialismo de Sartre

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Efeito borboleta é um filme que se enquadra no gênero de drama, mas que traz também diversos elementos de suspense e ficção científica. No enredo somos apresentados a Evan, um jovem universitário em Psicologia, um jovem que tinha um especial interesse no estudo da memória. Quando Evan era criança ele sofria com desmaios repentinos e também com comportamentos incomuns que ele apresentava e depois não conseguia se recordar (exemplo dos episódios do desenho macabro na escola e da faca na cozinha). O psiquiatra de Evan recomendou a sua mãe que incentivasse a anotar tudo o que fazia em diários, para ajudá-lo a se recordar. Isso acabou melhorando o quadro de Evan que conseguiu crescer de uma maneira satisfatória. Porém na Universidade ele acaba tendo uma nova crise, após anos, quando resolver reler um trecho de um de seus diários. Após uma segunda releitura, Evan descobre algo surpreendente: através da leitura de seus diários e da concentração nas lembranças ali registradas ele é capaz de se voltar no tempo e alterar a realidade.

A descoberta desses poderes e o contato com seu passado levam Evan a querer reencontrar Kayleigh, sua grande amiga de infância e adolescência, que também foi seu "primeiro amor". Mas a experiência desse reencontro acaba não sendo positiva como Evan esperava que fosse. O contato entre os dois traz à tona antigos sofrimentos e em razão disso Kayleigh acaba por suicidar-se. Evan, se culpando profundamente, decide então usar seus poderes para mudar o passado e fazer Kayleigh viver uma vida feliz. Ele consegue seu intento mas ele acaba por tornar outros aspectos da realidade diferentes também, gerando desastres nas vidas das pessoas que o cercam. Na ânsia de sempre querer consertar alguma falha passada ele acaba embarcando em uma espiral de acontecimentos caóticos e dolorosos. Somente no pior cenário possível Evan se dá conta do erro de querer "brincar de Deus", mexendo com algo tão delicado como o destino. A custo de uma medida drástica ele consegue felizmente salvar da desgraça o seu círculo de queridos.

A obra em questão é primorosa pois ele discute questões extremamente profundas como o arbítrio humano, a responsabilidade existencial e a culpa da alma (aspecto filosófico). O filme nos convida a uma séria reflexão dos efeitos de nossos atos sobre a vida das outras pessoas assim como nos orienta ao invés de vivermos nossa existência inconformados com o passado que não pode ser mais mudado nos concentrarmos na experiência do presente.

Há uma frase de Sartre que expressa muito bem a temática da Efeito Borboleta:

"Viver é isso: ficar se equilibrando o tempo todo, entre escolhas e consequências".

Janela da Alma: Cinema & PsicologiaOnde histórias criam vida. Descubra agora