"Um Ato de Liberdade" e a Psicologia Social

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O grupo liderado pelos Irmãos Bielski (ou Partisans Bielski) tem uma gênese muito parecida com a própria Psicologia Social: surgiu das necessidades envolvendo a guerra. A Primeira Guerra Mundial foi de uma maneira figurada o primeiro grande catalizador de estudos sociais. A Psicologia objetivava compreender e possivelmente atuar sobre fenômenos sociais tanto entre militares quanto entre civis. Esta demanda aumentou significativamente com a chamada Segunda Guerra Mundial e o episódio do Terceiro Reich. De lá para cá a busca pelo entendimento das relações solidificou muito mais o status da Psicologia Social como uma ciência reconhecida.

É exatamente no cenário conturbado do confronto entre o exército de Adolf Hitler e os Aliados que eclode o grupo dos Bielski. Túvia, Zus, Asael e Aron se refugiavam na mata após o assassinato de seus pais quando começam a encontrar judeus vagantes. Contra a vontade de Zus Tuvia, o irmão mais velho, começa a acolher estes judeus e os liderando, passo a passo, estabelece uma comunidade de resistência nas florestas da Bielo-Rússia.

A Teoria dos Tipos de Liderança de Kurt Lewin constitui um bom parâmetro para se analisar o papel de Tuvia Bielski (interpretado por Daniel Craig), líder da comunidade e protagonista do longa-metragem.

Devido ao aspecto de urgência que permeia toda e qualquer situação de fuga a tendência mais comum das pessoas é o medo e com ele vem a dificuldade de se tomar decisões e rumos. E é essa atmosfera de insegurança que é predominante na maior parte do filme. Não é errado dizer que em contextos onde um desnorteamento coletivo é vivido pelo grupo a presença de um líder autoritário não seja de todo o mal, a exemplo de Túvia em muitos momentos. Podemos demonstrar isto simplesmente comparando o tipo de liderança autoritária exercida por Túvia e por Hitler. Túvia recorre ao autoritarismo como uma forma de proteger o grupo enquanto Hitler já o utiliza como forma de auto afirmação da identidade do grupo e arma de engenharia social para atacar outros grupos.

Mas no filme Túvia não é sempre alguém que age deliberadamente e não admite ser questionado. Podemos observar caráter também democrático em sua liderança ao atentarmos para suas relações sociais com o intelectual e o rabino do grupo, que lhe dão dicas importantes para o funcionamento do grupo. Também isso é fato na relação de Túvia com Lilka, principalmente no momento em que ele dá ouvidos a ela e permite que o bebê nascido na comunidade viva.

O filme "Um Ato de Liberdade" é baseado em fatos reais. Fatos reais sobre uma família que não desistiu de lutar pelo seu povo. No momento de instabilidade social, econômica, política e ideológica que vive a nossa nação com certeza esta bela história deve ser tomada como inspiração para que enquanto profissionais psicólogos e cidadãos brasileiros não abandonemos a luta por um amanhã melhor para a nossa sociedade. 

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