"Uma Mente Brilhante" e a Psicopatologia

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John Nash apresenta uma condição de psicose, um quadro psicopatológico reconhecido como um estado psíquico onde ocorre uma dissociação com a realidade, sendo esta mesma entendida como o conjunto de objetos concretos e simbólicos que compõem a materialidade.

A partir da observação dos sintomas apresentados por Nash é possível inferir que ele esteja sofrendo de um transtorno delirante, que no DSM-V recebe a classificação 297.1 (F22). Há a presença evidente de delírios por mais um mês, isso atende ao critério diagnóstico A. As alucinações de Nash, quando ocorriam tinham uma relação temática com seus delírios, isto atendendo ao critério diagnóstico B. A funcionalidade do comportamento de Nash não é acentuadamente comprometida pelo seu transtorno, sendo ele ainda um físico brilhante e esposo afetuoso. Isto atende ao critério diagnóstico C. A mania e a depressão somente acometem Nash brevemente (quando ele decide se tratar) após um longo período de delírio, onde ele alucinava ter um amigo de faculdade muito íntimo e que trabalhava para uma organização secreta. Isto atende ao critério diagnóstico D. Por fim, toda a perturbação de Nash não é atribuível a efeitos fisiológicos de drogas ou comorbidade com outros transtornos, estando isso alinhado com o critério diagnóstico D.

O transtorno delirante se divide em subtipos e o de John Nash apresenta indicadores do subtipo persecutório. John Nash alucinava que trabalhava para uma agência secreta do governo e que após certo tempo de atividade nesse emprego, terroristas começaram a prossegui-lo para matá-lo.

Com respeito aos especificadores de curso o transtorno delirante de Nash é contínuo durante todo o filme após a manifestação dos sintomas, com episódios agudos intercalados. No final do filme Nash apresenta uma remissão parcial que o permite ter uma qualidade de vida muito boa. A gravidade do transtorno delirante de Nash variou de 0 pontos no começo (quando os sintomas ainda não haviam se manifestado), 4 pontos durante toda a história (presente e grave) e 1 ponto ao final do filme, onde John Nash conseguiu viver relativamente bem com sua condição.

As consequências funcionais do transtorno delirante também estão alinhadas com os pensamentos e comportamentos de John Nash. Por um tempo relativamente longo ele conseguiu viver aparentando normalidade em seus ciclos sociais, apesar de toda a alucinação delirante na qual ele estava imerso psiquicamente. 

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