18. Nick

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Por mais que quisesse ficar e descobrir a importância do homem que acabara de salvar, e porque ele estava em coma induzido com aquelas instruções para sua reanimação em cima da mesa, ela teve que sair, por que mais uma situação requeria sua intervenção.

Ela dizia para si mesma que aquilo era um dom e que devia continuar, mas já estava começando a pensar que talvez fosse uma maldição. Nunca pôde ter sua própria vida e vivia fazendo emendas na vida dos outros. Talvez realmente fosse uma bênção na vida dessas pessoas, mas e quanto à sua própria vida? Será que um dia poderá voltar a ter uma? Como quando ela vivia com seus pais, ou mesmo quando ela e a mãe se mudaram para Paris, antes de começar a ter esses sonhos e essas visões, e antes dessas vozes começarem a atormentá-la. Será que nunca poderá ter amigos, criar raízes, se apaixonar ou ter filhos como uma pessoa normal?

Encostou a moto próxima a uma loja, e desceu retirando o capacete para respirar. Na casa do professor resolveu não retirar o capacete, pois queria sair de lá o mais rápido possível, antes que os rapazes chegassem. Ela sabia que eles não chegariam a tempo de reanimar o professor, por isso ela teve de fazer isso por eles, mas sabia que eles precisavam se separar, por isso as instruções eram que ela não completasse todo processo de reanimação, assim o jovem enfermeiro teria que ficar para completar os cuidados. E que dissesse ao professor que sabia que eles estavam indo ajudá-lo, para que o outro jovem, ficasse paranóico e quisesse voltar às pressas para o lado do pai.

No fundo, Nick se sentia poderosa, manipulando assim as ações de todos, mas não estaria ela também sendo manipulada todo esse tempo?

Enquanto andava em direção à loja, ela se lembrou das missões que cumpriu essa manhã. Mas especificamente da mensagem que embrulhou na pedra para que o jovem fosse salvar seu pai na igreja. Geralmente as pessoas a quem ela ajudava não cruzavam seu caminho mais de uma vez, mas era a segunda vez que interferia na vida desse rapaz. Aquela pedra o fez ir até a igreja, e levar o pai até o hospital onde conheceu o enfermeiro que viria com ele ajudar o professor, e agora teve de separar os dois.

O que viria agora ela não sabia ainda, mas outras instruções viriam a qualquer momento.

As pessoas ricas deixaram a cidade, ou tentaram deixá-la sem alarde, então as lojas naquela área não foram saqueadas, mas com a ajuda de um clips metálico, ela abriu a fechadura, com a destreza de uma ladra profissional e entrou, acendendo as luzes com certeza de que ninguém a importunaria em sua ação e olhando para o relógio viu que eram quase vinte horas.

O dia estava sendo realmente longo e cheio e ela continuava pensando nas ações dessa manhã, quando chegou em Miraculous Clearing, dessa vez lembrou da mensagem que enviou do celular da cientista para a filha da mesma, apenas para que ela estivesse no laboratório no momento em que o jovem que ela acordou em seguida ligasse, dessa forma, promovera mais um encontro.Ela sentia vontade de interagir com essas pessoas, se tornar amiga delas. Ela sequer sabia por que as estava ajudando. Parecia mais uma agente de relacionamentos que não sabia fazer por si mesma, o que fazia pelos outros.

_ Aí estão vocês! _ Ela disse, após procurar entre as gôndolas e parar em frente a uma delas. _ Com certeza vocês não sabem que eu prevejo as coisas, mas não é culpa sua, vocês são apenas chocolates.

Ela sorriu de sua própria loucura. Não estava em um bom dia, mas conversar com chocolates era o fim da picada. Aproveitou para pegar uns absorventes também, pois era outro item que provavelmente iria precisar em breve, afinal a TPM nunca vinha sozinha.

Saindo da loja após pegar seus suprimentos, ela voltou para a sua moto, mas antes que colocasse o capacete, ela foi fulminada por visões, que vieram tão de repente e com tamanha clareza que a jogaram ao chão como se estivesse tendo uma convulsão.

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