19. Gabriel

154 35 290
                                    

_O café da manhã está pronto querido! _ Uma voz feminina disse, despertando-o._ Não demore a descer, seu pai e eu estamos o esperando!

O cheiro do bacon invadiu suas narinas e o fez levantar-se mais rapidamente. Estava em seu quarto, e pela janela pode ver o sol brilhar intensamente e lá na rua, pessoas faziam suas caminhadas ou passeavam com seus animais de estimação. Tudo estava normal, mas ele estranhou. Em sua mente, ele se lembrava do terror que foi seu dia, desde o sumiço de seus pais, passando pela cena na lanchonete e culminando na batalha contra a garota demônio na delegacia. Lembrou-se de Raguel também, do que sentia por ela, do seu toque, seu abraço e seu beijo, e de como ela lhe salvou com aquele poder repentino. Será que era um pesadelo, estava em dúvida se queira que fosse ou não, mas o cheiro do café que sua mãe estava preparando o fez vestir-se e descer as escadas sem pensar mais.

_ Vamos Gabe! _ Disse seu pai, enquanto partia o seu omelete, e levava um pedaço à boca._ Está uma delícia!

Sentando-se se, partiu também um pedaço do omelete, e aquele sabor o fez fechar os olhos e o encheu de uma grande alegria que passou assim que ele os abriu novamente e viu que seus pais estavam imóveis, assim como toda a cena à seu redor. Os sons de sua mãe cozinhando e dos pássaros, animais e pessoas lá fora também cessaram, e ele ficou sem entender.

_ Me desculpe aparecer assim. _ Uma voz bela e poderosa surgiu, vinda de trás dele, mas ele não conseguiu virar-se para encarar quem falava, e mãos tocaram seus ombros_ Mas foi o melhor que pude fazer de onde estou.

_ Quem é você? _ Gabriel perguntou, sentindo-se estranhamente confortável e relaxado com o toque e acolhido com a voz. _ Isto é um sonho?

_ É mais do que um sonho. Respondeu-lhe a voz._ Não posso responder-lhe muito ainda, mas preciso lhe dizer que você precisa liderá-los quando se unirem. Você sempre foi o mais próximo de nós, e deles também.

_ Eu não faço idéia do que está falando._ Gabriel respondeu _Nem sei quem é você.

_ Você saberá em breve!_ Disse a voz, ficando mais distante e o toque em seu ombro desaparecendo, ao mesmo tempo em que o cenário ao redor se esvaía. Ainda fixou o olhar no sorriso congelado de sua mãe. Queria tirar uma foto dessas para lembrar-se desse sorriso, mas tudo se apagou.

Abrindo os olhos, ele viu que estava em uma cama de hospital, e sentiu o braço dormente, mas desistiu de movê-lo, ao perceber que Raguel estava dormindo ao seu lado, com a cabeça em cima dele. Lembrou-se de ter acordado naquele hospital e dela tê-lo colocado naquele leito, e então deve ter adormecido.

Acordar ao lado dela lhe dera alegria semelhante a que sentiu no sonho, e por um instante, teve medo de acordar deste também e a abraçou com força, até que um barulho de aparelhos chamou sua atenção. Vinham da sala ao lado, e vendo que ela dormia profundamente, ele mesmo resolveu verificar. Levantando-se com cuidado para não acordá-la, ele colocou os pés no chão, e sentir o chão frio o fez lembrar que não conseguia se mover e nem respirar depois do golpe que recebeu da criatura. Raguel que agora dormia ali na sua frente indefesa, não parecia nem de longe aquela amazona alada que lutou contra a criatura demoníaca e o salvou.

Saiu de seus pensamentos ao escutar mais uma vez o alarme do aparelho, e saindo da porta, seguiu até a porta ao lado e vendo que ela estava trancada, seguiu até o vidro para ver que no leito, uma pessoa estava ligada aos aparelhos e se debatia como se estivesse sem ar, não podendo respirar devido aos tubos dentro de suas vias respiratórias. Ele viu que a pessoa não conseguia mover um dos braços devido à atadura que lhe cobria o peito e o outro estava imobilizado para não soltarem as punções. Foi até a porta e tentou arrombá-la em vão, não tinha força suficiente para isso e eram portas reforçadas. Voltando até o vidro, viu o desespero da pessoa lutando pela vida, e os batimentos cardíacos instáveis, como se fossem parar.

Revelação Onde histórias criam vida. Descubra agora