22. Uriel

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_ Com licença General, _ Howard lhe disse, educadamente enquanto Uriel sentava-se à mesa para o café da manhã. _ O Grão-Mestre lamenta ter de se ausentar do desjejum essa manhã, mas disse que o aguarda em seu escritório após o senhor se alimentar.

Uriel não respondeu, apenas começou a se servir enquanto o mordomo se retirava com uma reverência padronizada. Algo lhe dizia que Siegfried estava lhe escondendo algo e não gostava disso, mas mesmo a contragosto, precisava acreditar que o homem que ele tinha como a um pai, não faria nada pelas suas costas, então decidiu ignorar suas suspeitas e fazer sua refeição em paz.

Enquanto comia, ele pensava sobre as imagens que vira no dia anterior, no caminho para a mansão. O caos que os próprios humanos causaram quando ficaram sem sol e sem governo, mostrava que talvez os Cavaleiros da Nova Terra não precisassem usar demônios para seus propósitos, uma vez que a simples promessa de governá-los, já devia ser suficiente nesses momentos onde toda a esperança parecia ter lhes sido tirada.

A idéia de usar demônios nunca o agradou. Ele havia sido treinado e condicionado para ser uma arma, mas mesmo depois de muito treinamento para reprimir seus sentimentos, sua natureza humana falava mais alto e para ele, sentimentos como honra e lealdade eram essenciais em uma relação entre comando e comandados. Para demônios só existia a lei do mais forte e um demônio só agia em benefício próprio, assim não eram confiáveis como aliados em combate, e por mais que tentassem lhe convencer que era necessário usá-los, ele mantinha um pé bem atrás quanto a isso.

O celular que Uriel quase se esqueceu de que existia tocou e olhando para o visor, viu que era Balthazard, o mestre dos oráculos. Ele tentou ignorar, mas a insistência do demônio na ligação lhe dizia que devia atender.

_ Espero que seja importante Balthazard! _ Disse secamente ao atender. _ Está interrompendo meu desjejum.

_ Peço-lhe perdão senhor. _ O demônio tratou de se desculpar. _ Mas é um assunto de seu interesse. Eu liguei assim que meus Oráculos me passaram as informações.

_ Poupe-me das desculpas! _ Disse Uriel, impaciente com o tom bajulatório dele. _ Me diga do que se trata.

_ Temo que seja melhor tratarmos esse assunto pessoalmente, General. _ O demônio disse, com tom sério e urgente. _ É sobre Miraculous Clearing.

_ Cuidar de uma viagem agora, nos tomaria muito tempo! _ Respondeu Uriel, entendendo a urgência do assunto ao ouvir o nome da cidade onde o Azeroth desapareceu misteriosamente.

_ Não se o senhor fizer uma invocação de sangue. _ Disse Balthazard.

O demônio tinha razão, e Uriel havia se esquecido desse recurso. Ele odiava rituais demoníacos, mas havia sido obrigado a aprender todos eles. A invocação de sangue trazia imediatamente à sua presença um demônio para fazer uma aliança ou pacto. Era o tipo de magia negra ancestral usada pelos Cavaleiros da Nova Terra para contactar os demônios desde a sua fundação. Não o agradava a presença de Balthazard, tanto quanto a de outro demônio, mas a curiosidade sobre Miraculous Clearing o fez considerar a invocação.

_ Tudo bem Balthazard. _ Ele concordou. _ Vou preparar o ritual.

_ Obrigado sen.. _ O demônio começou a dizer, mas foi interrompido quando Uriel desligou.

_ Tudo o que solicitou está em seu quarto, senhor! _ Anunciou Howard, ao entrar na sala, onde Uriel aguardava meditando, como se estivesse recordando os procedimentos necessários para o ritual. _ Posso ajudá-lo em algo mais?

_ Obrigado Howard. _ Uriel agradeceu, imaginando que o mordomo deveria estar curioso quanto ao motivo da solicitação, mas ocultava isso perfeitamente com seu profissionalismo impecável e o admirou por isso. _ Se eu precisar de algo mais, eu lhe procuro.

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