O reino estava comemorando. Edria esperava o primeiro filho. Que com sorte nasceria para continuar mantendo a paz em Haendra.
Adam se sentia feliz, pela primeira vez em muito tempo. Ele conheceu melhor Edria, e achou-a uma pessoa muito dócil. Eles continuaram transando mas se olhavam nos olhos agora, e era bom para os dois. Mas nunca se beijavam. E Edria já tinha perguntado o porquê daquilo, a sua resposta foi um batido de porta e um rei fugitivo.
- Com sorte, será um garoto muito saúdavel. - disse o antigo rei, um homem que Adam, odiava.
- Não precisa ser um garoto para governar Haendra, pai. - disse ele.
- Ora, mas o que você quer? Uma garotinha frágil? Você sabe como as garotas pensam. São tão fúteis... - ele revirou os olhos. O antigo rei, tinha uma barriga gigante, uma pele oleosa e estava calvo.
- Não importa se for homem ou mulher governando Haendra. O que importa é que mantenha a paz nos cinco.
- Você e seu papo de paz. Você sempre foi um garotinho estúpido. - cuspiu o rei. Adam o odiava, e foi por isso que virou as costas e saiu dos aposentos.
No meio da tarde, uma ama entrou nos aposentos do rei, gritando. Desesperada.
- Vossa Alteza, nossa rainha entrou em trabalho de parto! - gritou a mulher. Adam congelou. Ainda estava cedo, não estava?
Ele correu, correu até alcançar Edria. E quando a encontrou, ela estava deitada, muito pálida em uma poça de sangue. Ele se ajoelhou do lado dela. Ela olhou para ele e sorriu.
- É uma menina. - sua voz estava fraca, mas a felicidade estampada em seu rosto.
- Shhh - disse Adam. Ele não queria que ela fizesse esforço e se machucasse.
- Eu... eu ainda não a vi. - disse a pobre mulher. - Traga-a para mim, meu rei.
Adam se levantou e caminou até uma ama. Ela olhava para a criança, de uma maneira desrespeitosa. Quase assustada. Oras, que mulher, o que um bebê poderia ter de tão assustador?
Foi quando ele a viu.
Os cabelos brancos, muito brancos. A pele do bebê, muito branca também. A primeira coisa que ele pensou quando viu os tufos brancos foi que o bebê seria do grupo Ahua. Os controladores de água, mas não. Tinha algo mais, a pele. A pele do bebê tinha mordidas, e parecia dura, impenetrável. Os ossos do bebê eram muito visiveis. Quando a criança abriu os olhos, eram negros como a noite. Adam nunca tinha visto algo assim. Ele tremeu.
- Adam? - chamou Edria, a voz fraca devido a dor que sentia. Ela não aguentaria saber que seu bebê fora vitima de uma maldição, Adam não quaria contar, mas ele não podia mentir. - Trague a nossa filha.
Adam pegou a criatura em seus braços e levou-a até Edria. Ela tinha um sorriso fraco mas desaparecera no instante em que segurou a coisa em seus braços.
- Não. - sussurou a mulher. - Cadê a nossa filha? Isso, isso aqui. - apontou para a criança. - Não é minha filha.
Edria chorava. E tremia. Adam pensou que ela se desmancharia, mas então Edria gritou. Tão forte. Grigt. O poder do grito. Ela poderia destruir o que fosse, se gritasse.
Adam nunca havia escutado um Grigt, e no momento que escutou, desejou nunca ter acontecido.
- Tire essa monstruosidade daqui! - gritou Edria, mais fraco dessa vez. Os ouvidos de todos na sala vertiam sangue.
Adam segurou sua filha nos braços e saiu, correu. Quando estava longe, a mesma ama que fora o chamar, estava ao seu lado.
- Meu rei. - disse a mulher. - O que irá fazer?
O que ele iria fazer? Adam não fazia ideia. Olhou para sua filha pela primeira vez. Ela estava quieta. Muito quieta. Adam a chacoalhou. Nenhuma resposta da bebê. Levou os dedos ao pescoço pequeno e não sentiu nada ali, estava tremendo de mais. Mas ele achava que a criança estava morta.
- Está morta. - anunciou.
A mulher suspirou. Adam não sabia se era de alivio ou tristeza.
- Chamarei um soldado. Para destruir todo resquício.
- Não - disse Adam. - É sangue do meu sangue e será enterrada. E eu mesmo enterrarei.
- Mas meu rei, nenhum pai deveria enterrar o pró... - Adam a cortou.
- Eu já disse. - agora avise aos outros que minha filha, nasceu saúdavel mas morreu no parto. - ele dirigiu a ama seu olhar mais sombrio. -Será perdoada por essa mentira.
A ama assentiu e disparou. O rei correu. Pegou um cavalo e correu com um bebê em seus braços. Ninguém sabia onde ele estava indo, mas não se importaram em perguntar. O assunto era que o bebê havia falescido.
O rei só parou o cavalo, quando viu a neblina. Saltou do alto e segurou firme a criança.
Ele não sabia o que sentia. Mas sabia que mesmo morta o lugar da bebê era no leste.
Ele entrou na neblina. Não sentiu medo, não sentiu nada. Mas ele viu. E nada no mundo mudaria isso. Ele largou a criança ali. Sentiu uma mão segurar ele. Ele fechou os olhos. Mas ainda sentia. O rei juntou toda sua força e correu de volta ao palácio. Correu como nunca.
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Ira
FantasyVidas passadas. Dor. Uma maldição. Duas irmãs que são muito mais que meras mortais, são as primeiras de toda raça humana. Mas elas não sabem disso. Possuem poderes incríveis mas que não sabem que existem. Elas tem pouco tempo pra descobrir a ve...