Capítulo sete

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LIRA

Kira está em estado de choque, me sinto mal por não saber como ajudá-la, então apenas me permito ficar ao seu lado essa noite e segurar sua mão. Ela já está dormindo há algumas horas, o que é reconfortante. 

Não cheguei a ver o corpo de Jena, mas pelo que todos falaram, ela estava estraçalhada. 

Estão todos loucos, a polícia não sabe como agir por nunca terem tido nada nesse nível na cidade. As pessoas gritam que é coisa do diabo e recorrem a igreja. Amanhã será o enterro da garota de dezessete anos. Tia Liza quer ir, pra prestar condolências à família. Eu particulamente acho desnecessário, nem conhecia a garota muito bem, mas algo me fascina na morte. Assassinatos principalmente. E esse não tem um assassino, é um mistério


Ao me olhar no espelho, me sinto idiota. Uso um vestido preto que vai até meus joelhos, meia calças pretas também, e luvas, quem precisa usar luvas? 

Assim que desço do sótam, encontro tia Liza e Kira, ambas com cara de tristeza, sentadas a mesa olhando pro nada. Sei o que estão pensando. "Que tipo de monstro mataria uma pobre menina?", e é isso, minha querida família, que eu vou descobrir. 

- Estou pronta. - digo e sacudo a saia do meu vestido. Ambas me olham de cima a baixo e sorriem, um sorriso pequeno. Não entendo por que sofrerem tanto por uma pessoa que mal conheciam, mas não digo nada. - Vamos? 

- Você está linda. - diz tia Liza, com certo carinho 

- Irônia não combina com você, tia Liza. - digo imitando ela outro dia. 

Seu sorriso se amplia e elas me seguem até a kombie. 

Dirijo suavemente pelo asfalto molhado. O dia está nublado mas não é uma surpresa. As folhas estão verdes de mais, o céu ciinza de mais, consigo respirar facilmente. Existe algo nesse clima que, me deixa completamente confortável. Kira não diz nada ao decorrer do caminho, nem tia Liza, ambas estão com a cabeça grudada na janela e pensativas. Não falo nada, sou egoista e me permito desfrutar do momento de calmaria e silêncio. 


- Chegamos - digo assim que esaciiono a kombie no estacionamento da igreja. é definitivamente muito engraçado o contraste amarelo entre todos os outros carrors pretos e cinza. 

Eu caminho na frente, enquanto minha família dá as mãos e se seguram, como se fossem cair se ousessem se soltar. 

- Bom dia, padre. - digo. 

Ele ascena e faz sinal para entrármos. 

seguimos pelo tapete vermelho em direção à um banco. Nos sentamos as três juntas e consigo observar bem a igreja. É uma igreja pequena, mas com vitrais enormes, e bonitos de fato. 

O caixão está fechado por motivos óbvios. Se localiza no meio do altar, tem begônias por toda parte - segundo a família de Jane, eram suas flores favoritas. -, também há um mural com uma foto dela. Uma garota loira sorridente, sem graça, mas bonita. Então a oração começa e todos choram, os pais fazem um discurso completamente fúnebre. Olho por todo o salão procurando por algo, alguma pista. E então me deparo com aqueles malditos olhos perfeitos e sombrios. Fraquejo. 

Por que Blake estaria aqui? Ele entrou na escola faz um dia. Ele já morava na cidade antes? Bom, ele tinha comentado que estudara em casa, mas aqui em Windswood? Como ele conhecia Jane?  Ele me pega olhando pra ele, não demonstra nenhuma expressão, mas meu corpo enlouquece pelo simples fato dele estar olhando dentro dos meus olhos. De repente sinto algo quente cobrir minha mão, que até então não tinha percebido o quão fria estava. 

- Céus, você parece um cadáver - diz Kira baixinho. Eu olho pra ela e, não consigo segurar um riso baixo. Ela está se sentindo culpada agora. Mais tarde falo com ela. 

Os sinos tocam e somos despensados para ir até a casa dos Klemann, onde vamos prestar condolências, ou melhor dizer, comer e beber a custa dos pais de uma garota morta. 

Quando chegamos lá, eu tremo. Já estive aqui antes. É a casa de Blake. 


Estou escorada aos pés de uma escada enquanto degusto de um suco de uva. Confesso que gostaria de algo mais forte agora. 

- Oi. - mas que inferno esse garoto tem? Só de ouvir a melodia de sua voz, meu coração aperta. não levanto os olhos, não quero me deixar levar. 

- Blake. - dou um gole no meu suco. - não sabia que era próximo de Jane. 

- Não sou. - ele diz ao dar de ombros. - Vim pra Windswood esse ano, conheci ela faz um mês, mas não fomos muito próximos... era uma garota... difícil. 

- Hmm... - arrisquei olhar pra ele. - você parece um forte suspeito. Me diga, Shelot, por que está na casa dos Klemann? 

Ele parece ofendido, mas não muito. Parece triste na verdade. 

- Você está me acusando de ter assassinado essa garota? - as três últimas palavras saem em um sussurro. 

- Não. - digo ajeitando minha postura. Preciso me manter no controle. - Estou tentando descobrir quem a matou. 

- Não confia no serviço da policia local? - ele sorri. - Garota esperta. Muito esperta. 

Ele parece pensar em alguma coisa por trás disso tudo, mas não tenho tempo pra decifrar o quê agora. 

- Bom, - ele relaxa - respondendo sua pergunta, eu moro com os Klemann. Vim estudar em Windswood e não conhecia ninguém, eles me ofereceram estadia de um ano. 

Estreito os olhos pra ele. Pra falar a verdade, não imagino Blake matando Jane. 

- Ainda assim parece suspeito. - digo e levanto o queixo. 

- Diga-me o porquê. - arqueia uma sobrancelha para mim. 

- Bom, você teria a oportunidade. Conhecia a vítima e pelo "garota difícil", presumo que também teria um motivo. Você é o maior suspeito, aceite. 

- Boa observação - ele sorri, seus olhos brilham de uma maneira estranha que faz meu estomago se reverter. - mas, falou algo. O álibe. E eu tenho um álibe muito forte. 

- Posso saber qual, Sr. Shelot? 

- Eu trabalho, todas as noites na biblioteca da cidade. Existem câmeras que mostram exatamente que estou cumprindo meu expediente. E muitas pessoas me viram, durante todos os três dias em que Jan sumiu. 

Droga. 

- Como sei que não está mentindo? - indago. 

- Eu nunca minto, e se me deixar ajudar você a encontrar o assassino, provarei minha inocência. - ele sorri e estende a mão. - Temos um acordo? 

Olho para a mão dele. Um parceiro? Não, eu gosto de trabalhar sozinha, mas ficaria mais tempo perto de Blake e descobriria o motivo dos sonhos, um mistério ainda mais intrigante. E Blake parecia um cara sincero e inteligente, seria burrada desperdiçar a oportunidade. Respiro fundo e dou a mão a ele. No mesmo intante, todos meus membros relaxam e eu me sinto viva.  

- Nunca entendi o porquê me compara com a lua. - diz Lira, olhando pela janela aberta, admirando a enorme lua que ilumina toda cidade. 

Blake se aproxima e beija seus ombros nus, cheira seu cabelo e pressiona o pau duro em sua bunda, suas mãos firmes na cintura dela, fazendo a se sentir, segura, excitada e apaixonada. 

- Nunca comparei você com a lua. - beijou sua orelha. - Não existe nada que possa comparar você. - uma lambida no pescoço. Lira fechou os olhos e se entrou a sensação das palavras, e toques. - Mas, são seus olhos. Eles iluminam minha vida, igual a lua as minhas noites. Portanto, você é minha lua. 

Ele vira seu rosto delicadamente e beija seus lábios. Ela se afasta, com lágrimas nos olhos. 

- E você é meu tudo. Tudo que sinto, é você. 

E então eles se beijam intensamente e se amam a luz da lua. 

Me afasto de Blake e sinto que vou vomitar. Suas sobrancelhas franzidas. Não consigo olhar em seu rosto, então corro. 

IraOnde histórias criam vida. Descubra agora